No dia de conscientização sobre o autismo, o principal desafio é o preconceito
O autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um termo utilizado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro que afetam o funcionamento social, a capacidade de comunicação, implica em um padrão restrito de comportamento e geralmente vem acompanhado de deficiência intelectual. Um dos principais desafios para quem tem esse problema é vencer o preconceito.
Neste sábado (2) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Para a diretora da AMA (Associação de Amigos do Autista), Mara Rubia Gamon, é preciso que a sociedade entenda que não se trata de uma doença.
“O autista não tem deficiência física, o problema dele é interno. Ele pode ter uma crise por escutar um barulho, sentir um cheiro ou um toque que pode desencadear essa crise”, explica.
Mara tem uma filha autista de 10 anos e já passou por situações em que sentiu algum tipo de preconceito. “Quando acontece uma crise, minha filha se joga no chão, grita. Aí as pessoas passam e falam 'ela não dá educação para essa criança, essa criança é mal mimada'. Eu ouvi demais isso na minha vida”.
O que acontece, segundo ela, é que as pessoas com esse problema não sabem expressar o que querem dizer, principalmente em linguagem não é verbal, quando geralmente agridem a si mesmas ou a outras pessoas. “E as pessoas são preconceituosas. Quando elas veem a situação, mas não encontram nenhum defeito físico, elas falam que a criança é mimada”, explicou.
A diretora ressaltou que as pessoas precisam entender o que é o autismo. “Existem vários níveis: o clássico, o severo, o asper, o savant. As pessoas falam que o Messi é autista, mas ele é autista bem leve e ele focou no esporte, e todo autista é focado. Todo autista que é inteligente e bem sucedido é focado”, comentou.
Aneilza de Carvalho é professora e mãe de Saulo, 7 anos. O garoto foi avaliado e diagnosticado com autismo pela AMA quando tinha 4 anos. Para ela, a associação ofereceu o apoio necessário e ajudou nas terapias .
“O Saulo fazia consultas com fonoaudiólogo e psicólogo, mas nós não tínhamos o diagnóstico, e nós precisávamos direcionar o tratamento dele. Foi quando conhecemos a associação e buscamos ajuda, fizemos a avaliação e ele foi diagnosticado. Foi aí que conseguimos entender o que era realmente TEA e a partir desse momento buscamos inseri-lo em todas as terapias e tratamentos para o autismo”, explicou.
A professora comenta que não é a falta de informação que leva ao preconceito, mas a dificuldade das pessoas em lidar com algo que é diferente e com comportamentos que a criança autista pode apresentar, mas que não são considerados normais para determinado ambiente.
“O preconceito está intimamente ligado à falta do conhecimento, porque a informação chega à pessoa, mas cabe a cada um assimilar essa informação. E o ser humano tem dificuldade em lidar com o diferente. O autismo exige de você esse tato de lidar com o diferente, de romper com paradigmas, com conceitos pré-concebidos. Nenhum autista é igual ao outro, cada um tem característica diferenciada”, afirmou.
Aneilza acredita que mesmo com o acesso a informações sobre o assunto, o preconceito em relação ao autismo vai continuar existindo, mas é preciso “levar as informações para que as pessoas possam transformar isso em conhecimento”, finaliza.