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Capital

"Rezei o tempo todo", diz vítima de roubo em que bandido foi morto

Paula Vitorino | 19/08/2012 10:27

Caminhoneiro achava que ia morrer e, por isso, diz ter orado e confessado pecados

Caminhoneiro conta os momentos de pânico que viveu. (Foto: Simão Nogueira)
Caminhoneiro conta os momentos de pânico que viveu. (Foto: Simão Nogueira)

Nas sete horas em que ficou sob a mira de duas armas, o caminhoneiro de 34 anos vítima do assalto em que um bandido foi morto conta que chegou a ter certeza de que seria morto e rezou, confessando os pecados.

“Eu fiquei rezando o tempo todo. O ladrão disse que ia me matar porque eu tinha visto o rosto de muita gente e ficava sempre com as duas armas apontadas para o meu rosto, parecia que estava fazendo roleta-russa”, diz.

Ele foi deixado no cativeiro, um matagal às margens da BR-163, em Campo Grande, com um dos ladrões o vigiando. A prece da vítima chegou a incomodar o bandido, mas ainda assim o caminhoneiro continuou confiante.

“Ele perguntou o que estava cochichando e eu disse que estava rezando. Passou um tempo e acho que ele ficou incomodado de novo e perguntou o que eu ainda estava falando e respondi que, já que ia morrer, estava confessando meus pecados, que são muitos”, conta.

Os momentos de pânico terminaram por volta da 1h30 da madrugada de hoje, quando policiais descobriram o local e o bandido fugiu sem provocar nenhum ferimento no caminhoneiro.

“Talvez se tivesse demorado mais uns 40 minutos eu tinha morrido”, diz. Ele foi encontrado de bermuda, descalço e sem camisa.

O bandido, que só foi identificado até agora pelo apelido de “gordinho”, foi morto pelos policiais durante perseguição no matagal. Ele estava com uma pistola e um revólver calibre 38, mas apenas o revólver foi encontrado.

A Polícia chegou até o cativeiro depois do comparsa do bandido ser interceptado pela Polícia Rodoviária Federal em posto próximo a Ponta Porã. Diocledes Bispo de Jesus, de 28 anos, tentava levar o caminhão até o Paraguai para vender o veículo.

Frete falso - O sequestro começou com um contrato de frete, proposto em Cuiabá (MT). O caminhoneiro conta que estava voltando de um frete e passou pela cidade, quando um homem, conhecido de outros caminhoneiros, passou o contato de uma pessoa de Campo Grande, que seria “um bom contratante de frete”.

O caminhoneiro encontrou o contratante no posto Caravágio, na BR-163, de onde partiu para o falso frete de equipamentos de frigorífico, que deveria ser entregue no interior de São Paulo.

A vítima e dois “chapas”, como chamam quem vai junto com o frete para ajudar a descarregar a carga, seguiram por cerca de 3 km até que um deles disse que precisa ir ao banheiro e logo em seguida anunciou o assalto.

Os bandidos disseram que iam levar o caminhão para Ponta Porã, mas como o veículo estava sem diesel suficiente resolveram passar antes na casa da esposa de um dos autores, em Campo Grande. Eles pegaram R$ 400 para abastecer e seguiram a viagem.

O caminhoneiro e um dos chapas ficaram no cativeiro enquanto Diocledes seguiu com o caminhão para o Paraguai.

Mudar de profissão - O caminhoneiro conta que o caminhão Mercedes 112 já é antigo e acredita que foi o escolhido para o assalto por acaso.

“Acho que precisavam de um caminhão para levar e acabou sendo eu, por acaso”, diz.

Ele é caminhoneiro há 4 anos, mas garante que vai mudar de profissão. “Só quero dirigir um caminhão agora se for da garagem pra calçada”, diz.

Investigação - A vítima diz que nunca foi vítima de outro assalto e também nunca tinha visto um roubo seguido de sequestro dessa forma. “Já trabalhei no nordeste, onde é muito mais perigoso, mas lá pegam o caminhão e largam o motorista”, diz.

O caminhoneiro suspeita que o roubo tenha contado com a participação de mais pessoas e que o homem que conheceu em Cuiabá seja o chefe da quadrilha. “Com certeza não fui a primeira e nem a última vítima”, diz.

O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) Piratininga pelo delegado Ivahir Luiz de Campos e deverá ser investigado pela Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos). Diocledes está preso em Ponta Porã.

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