ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, DOMINGO  05    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Servidor acusa supostos policiais de humilhação e abuso de autoridade

Elverson Cardozo | 19/06/2012 10:21

Sebastião Cosmo Ribeiro, de 42 anos, ainda busca uma explicação para a humilhação e a situação vexatória a que diz ter sido submetido na última semana, na região central de Campo Grande. O servidor público estadual, lotado em uma Unei (Unidade Educacional de Internação), acredita que policiais tenham abusado da autoridade.

O caso aconteceu na tarde de sexta-feira (15), por volta das 16h30. Sebastião Cosmo recebeu o Campo Grande News em casa e contou o que já comunicou à Polícia Civil no mesmo dia. Ele não conseguiu identificar se eram policiais civis ou militares.

O funcionário público disse que foi ao centro da cidade resolver problemas particulares em um cartório no próximo ao cruzamento das avenidas Afonso Pena com a Calógeras.

Ao descer de um mototáxi, em um ponto antes da avenida Calógeras, conta que por pouco não foi atropelado por uma blazer branca que seguia pela Afonso Pena.

“Quando desci da moto eu ouvi uma buzina alta, aí senti que o retrovisor do carro bateu no meu braço. A sorte é que não machucou porque era dobrável”, relatou. O motorista não parou. Situação que, para Sebastião, foi a gota d’água.

Revoltado, reagiu e atirou um capacete contra o vidro traseiro do veículo. Ao perceber, o condutor retornou, em marcha-ré, e estacionou o carro em cima da faixa de pedestre. Local onde toda a situação veio à tona. “Eles falaram que eu estava no meio da rua”, contou.

Como relatou à Polícia Civil, Sebastião também contou à reportagem que os ocupantes do veículo, que estava à paisana e aparentavam ter entre 30 e 40 anos, desceram e o humilharam.

O motorista, declarou, retirou uma arma da cintura e apontou contra a cabeça dele. Em seguida, começou a insultá-lo e a proferir ameaças. “A todo o momento ele me chamava de vagabundo, de bandido”, disse

Segundo o servidor público, o passageiro da blazer o algemou de forma violenta. “Ele apertou tanto que chegou a sangrar”, relatou. Em determinado momento, contou, um deles lhe aplicou uma gravata e disse que o levaria para um “lugarzinho”, logo após ter anunciado que ele havia “desrespeitado autoridade”.

“Eles falaram: A gente vai te levar para um lugarzinho que você vai ver”, disse. A situação só chegou ao fim porque pessoas que passavam por ali se aglomeraram no cruzamento e começaram a pedir que motorista e passageiro o soltasse.

A dupla, segundo o servidor público, não se identificou em nenhum momento. A blazer em que estavam não apresentava qualquer adesivo que indicasse ser da polícia.

Mesmo assim, Sebastião Cosmo acredita que tenha sido humilhado por policiais civis ou militares. Um dos indicativos que o leva a acreditar nessa hipótese é o uso de algemas, arma e, além disso, a linguagem utilizada pela dupla.

Outro fato que chamou a atenção do servidor e também de testemunhas foram latas de cervejas na traseira do veículo. “Para mim são bandidos. Se são policiais ou estavam bêbados ou drogados”, afirmou.

Se o motorista e o passageiro forem identificados e ficar provado que se trata de policiais, o servidor público pretende entrar com uma ação contra o Estado. “Eu como trabalhador não fiz nada de errado”, disse. “Se são policiais devem ser punidos”, completou.

Quem presenciou a situação tem medo de falar. Informações apuradas pela reportagem do Campo Grande News dão conta de que a confusão durou menos de 30 minutos e chegou a prejudicar o trânsito.

Uma mulher, que prefere não ser identificada, conta que uma viatura da PM (Polícia Militar) passou pelo local, fez menção de parar, ligou a sirena, mas foi embora.

O caso foi registrado como lesão corporal dolosa na sexta-feira (15), às 17h37, na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do centro.

Revolta – A situação revoltou o servidor público que resolveu procurar a imprensa. Sebastião Cosmo trabalha na Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e atua como agente de ações sócio-educativas na Unei Dom Bosco, em Campo Grande. “Nunca encostei em nenhum adolescente infrator”, disse.

Longe do trabalho há 6 meses por depressão, Sebastião Cosmo voltaria a trabalhar na quarta-feira (20), mas agora teme que seja afastado novamente porque teve o emocional abalado. “Fiquei transtornado”, finalizou.

Investigação - O delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia – para onde o caso será encaminhado -, Welligton de Oliveira, informou que ainda não foi comunicado da situação, mas disse que o caso será investigado assim que chegar ao seu conhecimento.

Em uma avaliação preliminar, tendo como base apenas o boletim de ocorrência, Wellington afirmou que Sebastião demorou em procurar a polícia, que poderia ter feito rondas pela região no dia em que o fato aconteceu.

Segundo o delegado, durante registro na Depac, em nenhum momento Sebastião Cosmo informou que suspeitava de policiais.

Nos siga no Google Notícias