Superlotado, PAM do HR tem 54% pacientes a mais do que a capacidade
Não é de hoje que o excesso de pacientes que procuram o PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Predossian preocupa a administração e sobrecarrega os profissionais. Mas nos últimos dias a situação tem se tornado insustentável, nesta quinta-feira (30), o pronto-socorro, que tem capacidade para 77 pacientes, estava com 119 pessoas.
O que preocupa o diretor-presidente do hospital, Rodrigo Aquino, é que 94% dos pacientes internados no PAM foram encaminhados pela regulação de vagas de Campo Grande ou procuraram o hospital de forma espontânea.
“Esses pacientes deveriam ser atendidos nos postos ou UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade. Dos 113 pacientes da Capital que estão hoje no PAM, 74 deles procuraram o hospital espontaneamente, isso demonstra que as pessoas não estão sendo atendidas na rede municipal de saúde”, diz.
Com a superlotação, as condições de trabalho dos 160 profissionais que atuam no pronto-socorro ficam prejudicadas. “A maioria dos que estão no PAM são da classificação azul, de menos risco, ou seja, poderiam ter sido atendidos em postos”, diz Aquino.
Quando os pacientes de baixa complexidade chegam até o hospital, a orientação da equipe médica é de que procurem a rede municipal de saúde ou aguardem a ordem de classificação para serem atendidos, a maioria prefere esperar pelo atendimento do que procurar a rede pública municipal.
“Se a rede municipal não trabalhar em sincronia, esse problema não será solucionado. Se o paciente não encontra atendimento no posto ou na UPA, ele procura o hospital que é destinado para receber pacientes do interior”, explica o diretor.
No setor azul masculino do hospital, na manhã de hoje havia 55 pacientes internados enquanto a capacidade da ala é de 18 pessoas. Na sala vermelha, setor destinado a pacientes graves, nove pessoas estão internadas e a capacidade é para quatro pacientes.
E a superlotação, além de preocupar a administração, preocupa médicos que lidam diariamente com os pacientes. O médico coordenador do HR, Jhonatan Bueno, conta que a limitação dos profissionais é grande e em casos de pacientes de alta complexidade, o atendimento fica prejudicado.
“Temos dificuldades até de nos movimentarmos no PAM, se chegar alguém com parada cardiáca agora nós vamos atender, mas vamos ter problemas.
Outra testemunha do excesso de pacientes de Campo Grande no hospital referência para o interior é o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ricardo Bueno. Segundo ele, nos últimos anos o aumento no tratamento de pacientes da Capital tem sido significativo.
“Para gente é claro que os postos e UPAs não estão dando conta, se dessem, essas pessoas não iriam procurar o Hospital Regional. A prefeitura precisa tomar alguma atitude para melhorar essa situação”, conta.
O Campo Grande News tentou contato por telefone com o chefe da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Jamal Salém, mas apesar de atendida, a ligação não foi retornada até o fechamento da matéria.
