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Capital

Três meses depois, Horto é tomado por sujeira e vira foco de doença

Flávia Lima | 24/11/2015 10:07
Um dos mais belos cenários do parque, a praça central estava vazia em pleno domingo à tarde. (Foto:Marcos Ermínio)
Um dos mais belos cenários do parque, a praça central estava vazia em pleno domingo à tarde. (Foto:Marcos Ermínio)
Sujeira no espelho d'água causa medo de proliferação do mosquito transmissor da dengue. (Foto:Marcos Ermínio)
Sujeira no espelho d'água causa medo de proliferação do mosquito transmissor da dengue. (Foto:Marcos Ermínio)

Alvo de polêmica no primeiro semestre do ano devido a obra da primeira fase da revitalização, que custou R$ 400 mil, o Horto Florestal, um dos principais parques público localizado na região central de Campo Grande, continua gerando protestos entre os frequentadores.

Se antes a pintura foi o motivo da reclamação por descaracterizar a arquitetura, chegando, inclusive, a sofrer investigação do MPE (ministério Público Estadual), agora é o cenário de abandono que provoca a indignação dos frequentadores, que vem abandonando o parque, imprimindo um aspecto de tristeza ao local, sempre lotado de ambulantes, crianças e famílias que costumavam prestigiar feiras de artesanato que ocorriam com frequência no local.

Considerado um dos principais cartões postais da cidade, o parque ainda é procurado inclusive por famílias que moram em bairros afastados do Centro, que costumam visitar o local nos finais de semanas para levar os filhos no parquinho, também reformado durante a revitalização.

O problema é que, mesmo com as obras de restauração, entregues em agosto, o parque não vem passando por uma manutenção adequada e o que antes era um belo cenário para registrar os momentos em família, tomou um aspecto de abandono, evidenciado no espelho d'água, que no domingo (22) estava repleto de areia e folhas de árvores.

De acordo com a assessoria da prefeitura, o tanque é tratado às segundas e quintas-feiras, inclusive com a colocação de cloro, mas, segundo visitantes assíduos, a sujeira é constante, tanto que tem sido alvo de reclamações em grupos de WatsApp, onde circulam imagens denunciando a sujeira do espelho d'água.

Em tempos de epidemia de dengue, a sujeira no tanque preocupa os frequentadores que veem no tanque um potencial criadouro do mosquito. No entanto, sem opção de lazer na região, não deixaram de prestigiar totalmente o parque.

É o caso da auxiliar administrativa Marcia Nogueira e da aposentada Lucia Nogueira, que costumam utilizar a pista de caminhada do Horto Florestal com frequência, mas admitem que, aos poucos, estão migrando para o Belmar Fidalgo, outro importante parque da Capital, também localizado no Centro.

"Lá está muito mais conservado, com banheiros limpos e a manutenção é frequente", conta Marcia. Sua mãe, Lucia Nogueira, diz que levava os netos sempre ao Horto Florestal, mas desistiu ao perceber que a areia do parquinho estava sempre suja quando ia com as crianças ao local.

"Dá um aperto no coração porque sempre vínhamos aqui", diz a aposentada que, apesar de morar na Vila Carvalho, bairro próximo ao Horto, tem preferido se distanciar de casa para caminhar no Belmar Fidalgo.

No domingo, quando a reportagem do Campo Grande News esteve no parque, ainda era evidente os estragos causados pelo temporal da última sexta-feira (20). Muitos galhos estavam caídos na pista de caminhada, sem contar a sujeira que se espalhou sobre o espelho d'agua. "Nem o chafariz ligam mais. Era tão bom ficar sentado e ver a água caindo sobre o tanque", afirma Marcia.

Apesar da sujeira provocada pela chuva, Marcia e Lucia afirmam que a preservação do espaço está precária e piorou nos últimos seis meses.

Outros elementos que também fazer parte do complexo de lazer, criado em meados dos anos 90 pelo então prefeito Juvêncio César da Fonseca, como a lanchonete e a biblioteca, também são alvos de reclamação por estarem desativados.

Quem confirma é o casal Euler Alencar e Clara Santos, que leva o filho todos os finais de semana ao parque. Como morava na região do shopping Norte Sul Plaza, na Avenida Ernesto Geisel, a poucas quadras do Horto, a família criou o hábito de visitar o local e, mesmo mudando para o Bairro Aero Rancho, continuou se deslocando para o Centro para aproveitar o parquinho do do Horto.

Clara também reclama da falta de manutenção do espelho d'água, localizado logo na entrada principal do parque e que sempre chamou a atenção por sua exuberância. A falta de segurança também é um item que preocupa os pais, já que no domingo era possível observar a presença de apenas um guarda municipal na área de lazer do parque que, no total, conta com 22 hectares.

Segundo os pais, o reforço na segurança é importante devido ao número de crianças que visitam o parque no fim de semana e como ainda há materiais das obras de revitalização espalhados pelo local, eles acreditam que há riscos de ocorrer algum incidente, principalmente devido aos blocos de concreto que se amontoam em vários locais e que devem ser utilizados na troca do calçamento do pátio central e do lado externo do Horto Florestal.

O material, inclusive, provocou a queda de uma idosa que realizava caminhada no entorno do parque, segundo a aposentada Lucia Nogueira. Ela conta que a amiga chegou a quebrar o pé ao pisar em falso em um dos blocos, que há meses estão aglomerados, mas ainda não foram utilizados na substituição dos antigos.

O serralheiro Euler Alencar lamenta situação de alguns parques da cidade e da carência de espaços públicos de lazer. (Foto:Marcos Ermínio)
O serralheiro Euler Alencar lamenta situação de alguns parques da cidade e da carência de espaços públicos de lazer. (Foto:Marcos Ermínio)
Marcia Nogueira diz que poucos funcionários não conseguem realizar manutenção adequada. (Foto:Marcos Ermínio)
Marcia Nogueira diz que poucos funcionários não conseguem realizar manutenção adequada. (Foto:Marcos Ermínio)

Carência - Para o casal Euler e Clara, a cidade está carente de espaços públicos nos bairros, o que obriga as famílias a se deslocarem para a região central.

Mesmo morando no Aero Rancho, próximo ao parque Ayrton Senna, que foi reaberto este mês depois de três meses de interdição, o casal ainda prefere ir ao Horto Florestal. "O Ayrton Senna foi reaberto, mas lá não há sombras como aqui e além disso o parque ainda não foi recuperado totalmente", reclama Euler.

Em nota, a assessoria da prefeitura reitera que a manutenção do espelho d'água é realizada duas vezes por semana, por isso não há risco do local se tornar um criadouro do Aedes Aegipty, já que a água recebe tratamento com cloro. Ainda segundo a nota, o parque tem manutenção diária, porém, com a ventania de sexta-feira, o trabalho no final de semana ficou concentrado apenas na remoção de galhos e árvores caídas.

Quanto a areia do parquinho infantil, a prefeitura ressalta que ela é limpa diariamente, mas irá tomar providências para intensificar a higiene no espaço. A assessoria também diz que já foi solicitado mais um guarda para o local e que as pedras amontoadas no parque serão utilizadas em obras futuras.

Sobre o fechamento de cursos e da biblioteca, a prefeitura destaca que está programado, para 2016, cursos de pintura facial e ginástica, em parceira com a Semed (Secretaria Municipal de Educação) e Funesp (Fundação Municipal de Esporte). Outras oficinas como de violão, também serão implementadas, mas no momento já são oferecidas aulas de cerâmica e curso de Aquarela.

Montes de pedras para calçamento se espalham no Horto e pais temem acidentes. (Foto:Marcos Ermínio)
Montes de pedras para calçamento se espalham no Horto e pais temem acidentes. (Foto:Marcos Ermínio)
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