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Cidades

Caso Motel: juiz quer sentenciar processo até fevereiro

Redação | 08/01/2008 16:23

Deve ser sentenciado até o próximo mês, o "Caso Motel", como ficou conhecido o assassinato em um motel de Campo Grande dos jovens Murilo Alcalde e Eliane Ortiz, ocorrido há dois anos e meio, quando ambos tinham 21 anos. A previsão é do juiz responsável pelo caso, Júlio Roberto Siqueira, da Primeira Vara do Tribunal do Júri.

O magistrado disse ao Campo Grande News ter pressa em dar uma definição ao processo em que o MPE (Ministério Público Estadual) aponta como responsáveis pelo duplo assassinato quatro pessoas o sargento da PM (Polícia Militar) Getúlio Moreli, o cabo Adriano de Araújo Mello, o traficante Irio Vilmar Rodrigues, e Ronaldo Vilas Boas. Eles foram indiciados pelo MPE por duplo homicídio com cinco qualificações: motivo torpe, surpresa, dificultando a defesa da vítima, asfixia e dissimulação dos corpos, que foram deixados no quarto 42 do motel.

Em dezembro, os promotores que cuidam do caso, integrantes da Unicoc (Unidade Integrada de Combate ao Crime Organziado) haviam pedido mais prazo para as investigações, mas o juiz negou, alegando que o caso já teve tempo demais para ser apurado. O magistrado criticou as investigações no despacho, dizendo que não há, na peça apresentada pelo MPE, elementos que comprovem que a versão apresentada pode levar a uma condenação dos envolvidos.

Prazo - Com a negativa, o magistrado abriu prazo para que os promotores façam as alegações finais, ou seja, sustentem ou não as acusações contra os quatro réus. Depois disso, os advogados deles, em sua maioria defensores públicos, também terão prazo para apresentarem a defesa. Por fim, o juiz decide de leva ou não os acusados ao júri popular.

Não foi estipulado prazo para as alegações finais serem apresentadas ao magistrado, mas a regra é que quando isso não ocorre vale o tempo de cinco dias úteis. O acompanhamento on-line da ação aponta que o processo foi ontem para os promotore, mas um deles, Clóvis Smaniotto, disse ainda não ter recebido. O prazo só conta a partir do momento em que o processo chega às mãos das partes.

Smaniotto não quis adiantar se vai manter a acusação contra os réus, mesmo sem ter tido o tempo a mais para proceder as investigações. Na época em que a solicitação foi feita, a alegação de Smaniotto é de que pretendia obter identificação dos donos de algumas linhas telefônicas que apareceram em quebra de sigilo dos envolvidos, o que não teria sido possível dentro do tempo hábil.

Morosidade - A denúncia contra as quatro pessoas foi feita após um ano e meio da morte dos jovens. A investigação sobre o caso teve início com a Polícia Civil, que chegou a designar vários delegados e, em outubro de 2005, concluiu o inquérito sem apontar motivação, autoria nem as circunstâncias do duplo homicídio. Os policiais Morelli e Mello chegaram a ser presos na época.

O Unicoc assumiu as investigações após a conclusão do inquérito, para que o caso fosse levado à fase judicial. Houve ainda uma tentativa de continuar a apuração através da Polícia Militar, o que foi negado pela Justiça. Em junho do ano passado, uma testemunha procurou o MPE relatando uma versão do crime, que teria sido cometido pelas dois policiais presos, com envolvimento dos outros dois acusados. O crime teria relação com o tráfico de drogas.

Conforme relato da testemunha ao MPE, Eliane, que trabalhava como garota de programa na boate Mariza's American Bar, atuava também na venda de entorpecentes, distribuídos pelos policiais Morelli e Mello, a mando de Rodrigues. Ela não teria prestado conta aos policiais da venda de três quilos de cocaína e teria ainda ameaçado denunciar o esquema.

Segundo foi informado ao MPE, os policiais e o traficante pensaram que Murilo poderia ser um policial, e que Eliane seria uma informante dele. Passaram, então, a monitorar os dois. Na noite de 20 de junho, os jovens estavam na boate. Pela versão apresentada à justiça, foram mortos em um local afastado e os corpos deixados no motel.

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