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Cidades

Desembargador diz que enfrentou 10 minutos de terror

Redação | 28/07/2010 10:23

Depois de anos com a rotina de portão aberto na entrada de casa, na manhã desta quarta-feira, a situação é oposta na residência do vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, João Batista da Costa Marques.

Atencioso, ele aceita abrir os portões e falar com o Campo Grande News depois de ter passado por "10 minutos de terror" na noite de segunda-feira, quando 2 homens invadiram a casa armados. "Eles chegaram a ameaçar me matar", conta o juiz.

Segundo ele, os jovens assaltantes só decidiram ir embora sem ferir gravemente ninguém depois de ouvir que estava prestes a chegar no local uma dupla de músicos do Paraguai, cantores de chamamé. "Eu disse que paraguaio não tem medo de briga", lembrou.

Sereno, o magistrado lembra que já julgou mais de 5 mil processos na vara criminal. "Eu levava até cigarro para presos, conversava com eles", o que rendeu experiência para lidar com situações como a de segunda. "Dizia sempre: violência não. Que era para levar tudo, sem agressão".

Apesar de nunca ter a casa invadida por assaltantes antes, a primeira vez foi enfrentada com tranqüilidade e muita conversa, "apesar do medo", diz ele.

Os assaltantes chegaram a residência no bairro Autonomista, em Campo Grande, por volta das 20 horas. Até então, o sistema de segurança só contava com um vigia e câmera de monitoramento de pessoas que chegam ao portão. "Agora vou contratar mais um vigia", anuncia.

A casa tem um muro alto e no interior vários cômodos com móveis requintados. Na sala, existe uma esteira em frente a TV pelo hábito de exercícios, por pouco não interrompido pelos ladrões. "Nesse dia eu cheguei e fui deitar", detalha.

Com a família viajando, os gritos do segurança chamaram a atenção do desembargador que ao perceber do que se tratava pegou a pistola .40, para tentar se defender.

Os planos mudaram, diz ele, quando percebeu que o vigia brigava no chão com um dos bandidos. "Pensei que se eu atirasse poderia atingir meu funcionário", lembra.

Ele escondeu a arma no banheiro e ao sair do cômodo foi surpreendido pelos ladrões. Levou chutes, assim como a cadela poodle da família, "a Mel". "Ela não parava de latir e eles chegaram a ameaçar matá-la", relata.

Bate-papo - Um dos homens rendeu o desembargador com revólver, enquanto outro vasculhava a casa. "Foi ai que eu falei que era desembargador", lembra.

Os assaltantes se assustaram ao saber do detalhe, diz João Batista, que logo começou uma conversa para tentar acalmar os ânimos.

"Eles disseram que desembargador, polícia, juiz, era tudo a mesma coisa, mas comecei a explicar que não", diz o desembargador sobre o sangue frio que a hora exigiu.

Os assaltantes questionaram o magistrado. "Perguntaram se eu daria 10 anos de prisão a eles, se lá na frente a gente se encontrasse, daí expliquei que dependeria do que eles fossem acusados".

O "bate-papo" foi interrompido bruscamente, quando um dos assaltantes encontrou a arma escondida no banheiro. "Disseram que eu queria matar eles e que por isso agora iam me matar".

Foi o momento mais tenso, lembra João Batista, que tentou apaziguar os ladrões dizendo que ele tinha pressão alta e que a complicação aos dois seria grave, caso um desembargador aparecesse morto. Por fim, ele disse que esperava os amigos paraguaios.

Ao Campo Grande News, ele mostra o CD da dupla em questão: Catalino Gill y Cristobal Urbieta, com direito a dedicatória dos músicos ao amigo João Batista da Costa Marques, que também ganhou uma música dos dois

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