ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Em um ano, índios foram expulsos de fazenda pela 2ª vez

Redação | 17/05/2010 20:37

Em menos de um ano, os índios terena que lutam pela ampliação da aldeia Cachoeirinha, em Miranda, são obrigados a desocupar a fazenda Petrópolis pela segunda vez.

As famílias já haviam entrado e saído da área em agosto de 2009, quando durante 15 dias acamparam na propriedade do ex-governador Pedro Pedrossian. Saíram sob escolta da PF (Polícia Federal).

Dois meses depois, em outubro do ano passado, novamente os terena entraram na fazenda, onde permaneceram até o fim da tarde desta segunda-feira. Durante este período, por seis vezes a Polícia Federal foi até a propriedade para tentar a saída.

A disputa entre a família Pedrossian e os terena começou há 29 anos. Os índios já conseguiram laudo antropológico favorável à demarcação. A Funai (Fundação Nacional do Índio) chegou a depositar R$ 1,3 milhão em juízo, referente ao valor das benfeitorias.

Os proprietários não aceitaram o acordo e recorreram. No dia 20 de dezembro, o juiz da 4ª Vara Federal, Pedro Pereira dos Santos, concedeu liminar para suspender o processo demarcatório nas áreas terena de Mato Grosso do Sul, inclusive a de Miranda.

A decisão levou em conta o marco temporal para a demarcação das áreas, conforme definiu o STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. Por esta tese, só poderá ser demarcada a área ocupada pelos índios até a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Os índios permaneceram na área e plantaram milho e feijão. Em 30 de janeiro foi concedido mandado de reintegração de posse, mas o MPF (Ministério Público Federal) recorreu, a Justiça Federal tentou uma conciliação em março, reunindo fazendeiros e índios, mas não houve acerto.

Um perito levantou o custo do que foi produzido na Petrópolis, os proprietários depositaram em juízo R$ 10 mil como pagamento da colheita, mas desta vez quem não aceitou o dinheiro foi a comunidade terena.

No dia 10 de maio, a Justiça Federal oficiou o Ministério Público e a Funai (Fundação Nacional do Índio) sobre nova ordem de despejo. Os dois órgãos tentaram mais uma vez reverter o processo de reintegração de posse, mas os recursos judiciais não conseguiram impedir a expulsão na tarde de hoje.

Confronto - Por volta das 15h, 55 homens da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), grupo de elite da PM (Polícia Militar), e 60 da Polícia Federal chegaram à propriedade.

Desde às 5h os índios interditavam a BR-262, que liga Miranda a Corumbá.

Os policiais foram recebidos por 1,5 mil índios da aldeia Cachoeirinha, dispostos a continuar na área.

O grupo ganhou prazo até às 16h para deixar o local, mas faltando 5 minutos para o fim do tempo combinado, a PM entrou na área, pelo milharal plantado pelas próprias famílias, e com armas de efeito moral, expulsou os terena.

Os índios voltaram para a Cachoeirinha, mas na retirada garantiram que não vão desistir da propriedade. "Vamos voltar quantas vezes for preciso, porque só vão ouvir a gente. Não temos dinheiro para advogado famoso, só podemos gritar", justifica o cacique terena Juarez Fonseca.

Nos siga no Google Notícias