Advogado de médica indiciada por morte de universitária contesta laudo
Defesa afirma que causa da morte foi choque séptico e não anafilático
O advogado da médica infectologista Caroline Franciscato, de 31 anos, denunciada pelo erro médico que causou morte da acadêmica de odontologia Letícia Gottardi, de 19 anos, disse que pediu para que o laudo da morte seja refeito. Leopoldo da Silva Lopes afirmou que a causa da morte teria sido choque séptico e não um choque anafilático, provocado pela reação alérgica ao medicamento dipirona.
De acordo com Leopoldo, o novo pedido de laudo foi feito ao CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) que deve solicitar para que seja revista a causa da morte da universitária. Segundo ele, a morte teria sido causada por conta da apendicite que levou Letícia até o hospital João Darci Bigaton, em Bonito, distante 257 quilômetros de Campo Grande.
Para a defesa outro ponto que precisa ser revisto é a anotação da alergia a dipirona. “Existe a dúvida se a ressalva foi anotada antes ou depois do início dos sintomas e também do local onde ela foi feita. A anotação foi feita no verso do documento, se fosse no local correto a médica teria visto”, afirmou Leopoldo.
O pedido para que o laudo seja revisto já foi encaminhado ao Conselho, mas ainda não tem prazo para que o trâmite seja concluído.
O CRM-MS abriu sindicância para apurar o suposto erro médico, que depois de concluído poderá servir de base para que seja aberto um processo ético. Só a partir da conclusão das investigações é que Caroline poderá ou não ter o registro médico cassado.
Segundo o CRM, a sindicância e o processo ético devem levar de dois a quatro anos para serem concluídos.
A infectologista foi indiciada na última sexta-feira (1°) por homicídio doloso, por dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar e vai responder ao inquérito em liberdade.
Letícia Gottardi Côrrea morreu no dia 7 de abril, após quatro idas ao hospital. No prontuário da paciente constava que a jovem era alérgica à dipirona.
Documentos comprovam que a médica ordenou que fossem aplicadas duas injeções do medicamento, o que provocou a morte por choque anafilático.