ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 24º

Interior

Ao CNJ, índios falam de ameaça de morte e de esmola do Governo

Paulo Fernandes | 27/05/2011 19:10
Índios dizem querer mais do que cesta básica Foto: Ademir Almeida/DiárioMS)
Índios dizem querer mais do que cesta básica Foto: Ademir Almeida/DiárioMS)

Em visita a aldeias indígenas em Dourados (230 km de Campo Grande, na região Sul do Estado), juízes auxiliares do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) encontraram nesta sexta-feira um clima de tensão e revolta.

Na aldeia Passo Piraju, na região de Porto Cambira, o cacique Carlitos Maia disse aos magistrados que os índios estão sofrendo ameaças de morte de produtores rurais. A aldeia fica em uma área de fazendas particulares. “Os caciques estão sendo mortos e nós estamos sofrendo preconceitos”, afirmou.

Ele também reclamou da falta de terras e das consequências desse problema. “Não podemos caçar e nem pescar e a área é insuficiente para tirar o nosso sustento”, afirmou. “Queremos mais do que cesta básica, queremos plantar”.

O cacique disse ainda que a escola na aldeia há 10 anos não recebe reforma. Na aldeia de 40 hectares, vivem 45 famílias de índios da etnia guarani-kaiowá.

Outro problema enfrentado pelos índios é a queima da cana-de-açúcar nas fazendas da região. A fumaça, segundo os índios, tem colocado em risco a saúde da população da aldeia e existe ainda o perigo de o fogo atingir as moradias.

Para juiz auxiliar Antonio Carlos Alves Braga Junior, o CNJ pode ajudar a encontrar uma solução pacífica para a situação de conflito em relação a demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul. “Precisamos acompanhar de perto”, disse.

Também juiz auxiliar do CNJ, Marcelo Martins Berthe afirmou que a visita proporcionou uma boa visão da realidade na aldeia e que o CNJ pode contribuir na busca de uma solução.

Após realizar um seminário sobre questões fundiárias em Dourados, o CNJ criou uma comissão para buscar uma solução para o conflito entre índios e produtores rurais.

Essa comissão será composta por indígenas, produtores rurais, Ministério Público Federal, Advocacia-Geral da União, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Dessa comissão sairá um relatório propondo uma solução para a situação de conflito. O documento será encaminhado para diversos órgãos envolvidos na questão. (Colaborou João Pires, de Dourados)

Nos siga no Google Notícias