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Interior

Após terenas, produtores agora temem invasão dos kadiuéws

Zemil Rocha | 11/06/2013 18:55
Produtores de Bodoquena reunidos esta tarde na sede da Acrissul (Foto: Ângelo Smaniotto/Via Livre)
Produtores de Bodoquena reunidos esta tarde na sede da Acrissul (Foto: Ângelo Smaniotto/Via Livre)

Os índios kadiwéus também estão invadindo terras em Mato Grosso do Sul, depois da onda de ocupações realizadas pelo terenas em Sidrolândia e Aquidauana. Pequenas propriedades rurais, constituídas em parte há mais de 30 anos a partir de assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), na região de Bodoquena, no oeste do Estado, estão sendo alvo de invasões dos kadiwéus, índios que ficaram ganharam terras do imperador D. Pedro II por sua colaboração às forças brasileiras na Guerra do Paraguai.

Nesta tarde de terça-feira, na sede da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, cerca de 10 pequenos produtores rurais de Bodoquena, acompanhados pelo deputado Zé Teixeira (DEM), e dois vereadores estiveram com o presidente da associação, Francisco Maia, para pedir apoio contra as invasões. Duas propriedade já teriam sido invadidas e haveria risco de os índios kadiwéus entrarem em mais glebas.

“Dois sítios invadidos e se tratam de áreas que o Incra fez assentamento. Como é que esses índios, que são ligados à Funai, órgão também do governo federal, vão até lá e invadem?”, questionou o deputado estadual Zé Teixeira. “É o desrespeito de um órgão federal por outro”, respondeu o parlamentar.

Os pequenos produtores disseram que o cacique kadiwéu que “mandou invadir” também é proprietário de grande área de terra. “Mandou invadir propriedades de 30 a 50 hectares, mas o cacique é dono de 300 hectares, segundo informou um produtor”, contou Teixeira. “Quatro família invadiram e está lá por ordem do cacique”, acrescentou.

Cerca de 15 propriedades estão em iminência de também sofrer invasão pelos kadiwéus.“Eles chegam querendo entrar de uma vez, mas na base da conversa conseguimos evitar os confrontos, por enquanto”, revelou Edinho Carvalho, que é vereador da cidade e também proprietário de área que está nas pretensões dos indígenas.

Antônio Roberto Santos é dos sitiantes que teve a terra invadida. Segundo Santos, que integra o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), sua propriedade foi invadida no dia 6 de junho e até agora não conseguiu a reintegração de posse. Criador de gado há sete anos, o pecuarista agora teme pelo sustento da família composta por seis pessoas.

Lavrador de feijão e milho, Assis de Souza Ferreira ainda consegue manter os invasores fora de sua área, de quase 37 hectares. “Vendi tudo o que eu tinha para viver da plantação. Não sei o que vou fazer se eu perder meu terreninho”, afirmou Assis, durante a reunião. Os sítios da região, segundo ele, têm em média 50 hectares, como atividades como criação de gado leiteiro, de corte e cultivo de lavouras.

Terras da guerra – Os índios kadiwéus, lembra o deputado estadual Zé Teixeira, ganharam do imperador D. Pedro II 360 mil hectares por sua ajuda às forças brasileiras na Guerra do Paraguai e agora brigam para ter mais 140 mil hectares. “Na época do governo do presidente Figueiredo ampliaram até o Rio Naetaque, mas isso não vem até Bodoquena, nem entra no município de Corumbá”, ponderou o parlamentar.

O vereador Antônio Roberto Santos afirma também que não tem ninguém da Funai realizando as medições para determinar o aumento das supostas terras indígenas. Hoje cerca de 1,2 mil índios moram na região.

O advogado José Amaral, que representa alguns dos produtores de Bodoquena, observa que não há reserva indígena em Bodoquena e sim em Porto Murtinho e Corumbá. Segundo ele, todas as matrículas das propriedades afetadas são do final da década de 70, homologadas em 1984, período anterior à Constituição Federal, determinante para estabelecimento do marco temporal.

Os produtores que participaram do encontro têm terras no distrito de Morraria do Sul, próximo de seis aldeias da tribo Kadiwéu. Índios da aldeia Alves de Barros, conforme os produtores, são quem estão incentivando as invasões.

Um dos mais antigos no distrito, Roberto Dias Brito desenvolve a pecuária de corte há 15 anos numa área de 67 hectares. Conta que nunca tinha passado por situação parecida até os últimos três anos e teme pelo futuro, já que é o único provedor de sua família.

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