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Interior

Família conta que índios avisaram para eles deixarem casas de distrito

Priscilla Peres e Filipe Prado, enviado especial a Antônio João | 27/08/2015 19:10
Pela cidade são vistas caminhonetes com móveis de famílias que deixaram suas casas. (Foto: Marcos Ermínio)
Pela cidade são vistas caminhonetes com móveis de famílias que deixaram suas casas. (Foto: Marcos Ermínio)

A professora Sandra Vaneiro, 34, moradora do distrito Campestre em Antônio João - distante 279 km de Campo Grande, conta que estava dando aula ontem quando os índios avisaram para que ela e a família deixarem sua residência, porque aconteceria a invasão.

Os índios guarani-kaiowá lutam pela demarcação do território “Ñanderu Marangatu”, que tem 9.700 hectares de extensão. Na sexta-feira (21) eles ocuparam a fazenda Primavera e ontem ampliaram para outras três propriedades rurais, e o distrito de Campestre. Há informação de que 40 famílias deixaram suas casas.

"Agradeço a Deus por eles terem nos avisado e estarmos todos bem", conta a professora, que assim que recebeu o aviso foi para sua casa, comunicou a família e juntos fizeram a mudança para uma residência na cidade. "Minha mãe está muito abalada", diz.

Pio Queiros é dono de uma propriedade rural em Campestre há 60 anos e afirma que esse impasse com os indígenas já dura há 17. "Na sexta eu cheguei na fazenda e os índios fecharam a frente, não me deixaram entrar", afirma ele que ainda diz trabalhar com pecuária na fazenda. "Todo o meu sustento está lá. O estado tem que resolver, mas ninguém faz nada, não tenho nada contra os índios só quero que isso resolva logo".

Ele afirma que é a segunda vez que tem sua propriedade ocupada por indígenas. O vice-prefeito de Antônio João, Antonio Cesar Baby (PSDB) diz que a negociação com os índios está sendo feita pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), que amanhã fará uma reunião para comentar o andamento.

Caso - A reserva dos guarani-kaiowá em Antônio João foi homologada em 2005 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de duas décadas de luta entre índios e fazendeiros. Naquele mesmo ano, no entanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a homologação e o caso está parado há uma década.

Conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os índios já ergueram acampamentos nas fazendas Primavera, Pedro, Fronteira, Barra e Soberania. “Restam apenas duas para ÑanderuMarangatu ser ocupada na íntegra pelos indígenas. Os guarani-kaiowá exigem do governo a presença da Força Nacional na região”, afirma o órgão. As fazendas pertencem ao ex-prefeito de Antonio João, Dácio Queiroz Silva e seus irmãos.

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