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Interior

Índios sofrem outro ataque a tiros e 3 ficam feridos; Cimi culpa fazendeiros

Uma das vítimas está sendo transferida para o Hospital da Vida, em Dourados; Cimi diz que ataque ocorreu enquanto índios rezavam

Helio de Freitas, de Dourados | 12/07/2016 13:49
Índio com ferimento no braço; eles acusam fazendeiros pelo ataque (Foto: Divulgação/Cimi)
Índio com ferimento no braço; eles acusam fazendeiros pelo ataque (Foto: Divulgação/Cimi)
Adolescente indígena ficou com bala alojada no corpo (Foto: Divulgação/Cimi)
Adolescente indígena ficou com bala alojada no corpo (Foto: Divulgação/Cimi)

Índios que ocupam 11 propriedades rurais no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, sofreram outro ataque a tiros na noite de ontem (11). De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), um homem de 32 anos e dois adolescentes, de 15 e 17, foram atingidos pelos disparos. O ataque teria sido feito por seguranças de fazendeiros.

Na quinta-feira desta semana faz um mês que produtores rurais da região onde ficam as fazendas ocupadas investiram contra os índios que tinham ocupado dois dias antes a fazenda Yvu. O agente de saúde Clodiodi de Souza, 26, morreu e outros seis ficaram feridos a tiros.

A informação sobre o novo ataque, que teria ocorrido em outra propriedade ocupada, distante da Yvu, começou a circular ainda na madrugada desta terça-feira (12), mas só no início da tarde foi confirmada pelo CImi, que mandou um missionário ao local. A Funai também mandou uma equipe para a área de conflito.

Hoje de manhã, os três índios feridos foram levados para o posto de saúde da aldeia Tey Kuê. Dois têm ferimentos nos braços e pernas e um deles levou um tiro na barriga. O caso mais grave é do adolescente de 17 anos, que ainda nesta tarde vai ser transferido para o Hospital da Vida, em Dourados.

Durante ritual – De acordo com o Cimi, os homens armados estavam em quatro caminhonetes e um trator e atacaram os índios no “tekoha Guapoy”, momento em que participavam de um ritual religioso.

Um representante do Cimi informou ao Campo Grande News que ainda durante a noite os índios entraram em contato por telefone para denunciar o ataque. O caso também teria sido comunicado à Força Nacional de Segurança Pública, que mantém equipes no local desde junho.

Conforme o Cimi, este não é o primeiro ataque contra o acampamento. Em 19 de junho, os indígenas relataram terem sido atacados a tiros por homens em caminhonetes, mas ninguém tinha ficado ferido.

“Eles vinham bem devagarzinho. Na frente, a ‘concha’ [trator] com os faróis acesos. Atrás, as caminhonetes, de luzes apagadas. Aí eles começaram a gritaram ‘sai daí, seus vagabundos!’, e vinham na nossa direção”, relatou ao Cimi um dos índios que estavam na área onde ocorreu o ataque de ontem.

Segundo ele, em seguida as luzes da pá-carregadeira foram desligadas e dois homens começaram a atirar. Em seguida, os ocupantes das caminhonetes também dispararam.

De acordo com o órgão, o índio de 32 anos levou um tiro que atravessou seu braço. O garoto de 15 anos levou um tiro no joelho e o de 17 foi atingido no braço e a bala atravessou o membro e estaria alojada em seu peito.

Citando funcionários do posto de saúde da aldeia, onde os feridos foram atingidos, o Cimi disse que as balas são semelhantes ao calibre 38. “Não se trata de bala de borracha”, diz o órgão.

PM desconhece – Hoje de manhã o Campo Grande News falou com o comandante da Polícia Militar em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, e ele disse que não tinha conhecimento desse novo ataque.

Já o delegado da Polícia Federal que comandas as investigações sobre o ataque de junho, Marcel Maranhão, não respondeu ao recado deixado através de celular.

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