Operação em área de retomada tem confronto entre policiais e indígenas
Comunidade acusa Polícia Federal de ação ilegal e denuncia ataque com bombas e munições não letais
Indígenas resistiram à ação da Polícia Federal para cumprir mandados de busca nesta sexta-feira (6) em área ocupada no entorno da Aldeia Bororó, em Dourados, a 251 km de Campo Grande. Apesar de as buscas terem sido determinadas pela Justiça Federal, a comunidade acusa a PF de ação ilegal (veja o vídeo).
Hoje de manhã, a PF deflagrou a Operação Py'aguapy, para cumprir um mandado de prisão e sete de busca e apreensão em Dourados e Nova Olímpia (MT), no âmbito da investigação sobre o confronto entre indígenas e sitiantes ocorrido no dia 13 de setembro deste ano.
Entretanto, a nota oficial enviada pela assessoria de comunicação da PF em Mato Grosso do Sul não citou a suposta resistência por parte dos indígenas, nem mesmo a necessidade de uso de bombas de gás e munições não letais para controlar a situação. A polícia também não informou se o preso é sitiante ou indígena.
A reportagem apurou que os mandados foram cumpridos nos sítios localizados na área reivindicada pelos indígenas, na região oeste do município de Dourados, e também na aldeia. Moradores próximos relataram terem ouvido tiros quando as viaturas entraram na área ocupada pelos guarani-kaiowá.
“Tekoha Avaeté, município de Dourados (MS) Hoje, dia 6 de outubro de 2023, sexta-feira, às 8h30, chegou Tropa de Choque conduzida pela Polícia Federal e atacou nós aqui (sic), tirando nosso celular e tentando no matar. Aqui estão as fotos e cápsulas. A professora Teodora chegou depois e também não sabe porque que a Polícia Federal atirou na gente”, afirma texto distribuído junto com imagens por entidades de defesa dos povos indígenas.
O Campo Grande News procurou a assessoria da PF e aguarda resposta. Na nota sobre a operação, a Polícia Federal havia informado que a investigação, ainda em andamento, começou após o conflito de 13 de setembro, com indícios de utilização de armas de fogo e armas de fabricação artesanal, como flechas, armas brancas e “coquetel molotov”. A área é palco de confrontos entre sitiantes e indígenas desde 2018.
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