Pai fica indignado com ação da Polícia dentro de escola
Um "não" envergonhado é a resposta de Guilherme, de 14 anos, quando questionado se tem vontade de ir à escola. O que afasta o adolescente do colégio estadual José Barbosa Rodrigues, onde passou a estudar neste ano em busca de ensino com qualidade, é um episódio de violência.
Na última sexta-feira, um grupo de alunos levou para dentro da escola uma briga que começou num terminal de ônibus. Após ser agredido com um chute, um rapaz de 17 anos puxou uma faca e partiu para a briga.
A direção chamou a Polícia, que levou Guilherme e mais cinco alunos para o Cepol (Centro Especializado de Polícia). "Se ele estivesse envolvido, não estava questionando.
Mas, na delegacia, perguntei para o rapaz que foi agredido se o Guilherme tinha participado. Ele disse que não. Depois, meu filho foi liberado mesmo sem ser ouvido", relata o vigilante Joelson Malaquias Ferreira, de 35 anos, revoltado com o fato de o filho ter sido levado no camburão da Polícia Civil.
Apesar de corriqueira, a situação desrespeitou o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), "o adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade", afirma o artigo 178.
Duas horas - Guilherme conta que já estava na sala de aula quando foi chamado para ir a sala do diretor. "O policial mandou que tirasse o boné e colocasse as mãos para trás. Depois, entrei no camburão. Era bem quente, passava nos quebra-molas correndo e, no Cepol, ficamos uns cinco minutos lá dentro até abrirem a porta", relata Guilherme.
O trajeto foi acompanhado por Joelson, que estava de moto. Ele conta que foi chamado para ir até a escola, mas encontrou dois carros da polícia no caminho.
"No Clio, da PM, tinha dois meninos no banco de trás. Um deles era o que puxou a faca. No camburão, estava meu filho e mais três alunos. Os meninos que estavam no Clio entraram pela porta da frente. Os que estavam no camburão foram levados pelo estacionamento dos fundos", recorda.
Depois de 2 horas na delegacia, Guilherme foi liberado. Em casa, no do bairro Jardim das Meninas, pai e filho relatam que se sentiram injustiçados pela direção da escola, que nem perguntou para o adolescente de 17 anos se Guilherme estava na envolvido na confusão.
"Por que levar o menino à toa? Não deram tempo para ele se explicar. Poderiam ter esperado eu chegar, que me responsabilizava para levá-lo à polícia", questiona Joelson, sentado ao lado do filho no sofá da sala.
O pai esclarece que até então o colégio atendia as expectativas, tanto na qualidade do ensino quanto no cuidado com os alunos.
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