ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 24º

Em Pauta

Mito dos orgânicos: os novos cavaleiros do Apocalipse

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/09/2016 07:05
Mito dos orgânicos: os novos cavaleiros do Apocalipse

O mundo vai acabar. A culpa é de nossas más ações. Ultimamente, sempre temos de estar fazendo algo para evitá-lo. Primeiro foi o malévolo DDT, que ia nos envenenar enquanto a indústria química ficasse mais rica. Proibimos esse demônio. Em seguida, lutamos para que fechassem as usinas nucleares. Não fecharam, mas com o tempo deixamos de nos preocupar.

Salvo quando algum tsunami nos lembra de suas existências. Depois veio a camada de ozônio, que estava desaparecendo porque utilizávamos spray, também nos esquecemos desse outro satanás. Agora nos assustamos pelas mudanças climáticas, os transgênicos, as pérfidas industrias química e farmacêutica além da medicina convencional. São os novos cavaleiros do Apocalipse. Por sorte, nem tudo está perdido. Surgiu um novo Messias, um salvador do mundo: os produtos orgânicos. Pagando mais podemos consumir o que nos brinda a natureza, e assim melhoraremos nossa saúde e a do planeta.

O panorama não é tão diferente de quando, há alguns séculos, as diferentes religiões nos ameaçavam com o fim do mundo e o castigo eterno. Naquela época, a redenção consistia em rezar e pagar substanciais doações à igreja de plantão. A maioria das igrejas cristãs abandonaram, faz tempo, a ideia do Apocalipse iminente. Restaram os ecologistas no mercado do fim do mundo a recordar-nos desse evento final. Temos de consumir produtos orgânicos e financiar suas campanhas para evitar o Apocalipse. Se tivermos consciência e pagarmos, estaremos salvos. Fácil assim. Mas... será verdade? O problema é tão grave? E a solução que aventam é boa?

Mito dos orgânicos: os novos cavaleiros do Apocalipse

Mito dos produtos orgânicos: o risco de comer fezes

Um problema sério relacionado com a agricultura orgânica é a sua exaltação à coprofilia (interesse psicopatológico por fezes). Há crescentes proibições para o uso de fertilizantes nitrogenados e, ao mesmo, o uso exagerado de esterco animal. Utilizar unicamente esterco é também um problema. O esterco apresenta uma série de microorganismos contaminantes, entre eles a temível cepa de E.coli 0157:H7.

A probabilidade de intoxicar-se por coliformes fecais é 8 vezes maior na produção orgânica que na convencional. E não são números vazios. Em 1997, várias intoxicações relacionadas com a produção orgânica ocasionaram 21 mortes no condado inglês de Lancashire. Em 2007, uma colheita de espinafre orgânico causou, na Califórnia, 200 infecções, das quais, três acabaram em morte. Longe de ser um problema pontual, é algo recorrente. Na primavera de 2011, ocorreu uma crise de intoxicações, com muitas vítimas, por cultivos orgânicos alemães.

No ano seguinte, outra crise na Alemanha. Dessa vez, foram ovos cheios de dioxina. A princípio de maio do mesmo ano houve outro alarme por surtos ecológicos de contaminação com Listeria ( um tipo de bactéria bacilar), dessa vez nos Estados Unidos. Portanto, se te convidam para uma salada orgânica, assegure que a alface esteja muito, muito limpa. Senão, te arriscas a comer fezes.

Mito dos orgânicos: os novos cavaleiros do Apocalipse

Mito dos produtos orgânicos: o cobre usado como fungicida

Alguns insumos autorizados na agricultura orgânica, apesar de serem encontrados na natureza, são claramente nocivos para o meio ambiente. Um caso típico é o cobre, que se utiliza como fungicida na agricultura orgânica. Sua autorização é decorrente do fato que o cobre é natural, isto é, é utilizado como obtido na mina, ainda que não levem em conta que a mineração, e ainda mais a de metais pesados, é uma atividade muito contaminante. É um oxidante muito potente. Mata tudo em sua volta, sem importar-lhe se é uma praga ou uma planta alimentícia.

O cobre é utilizado basicamente em árvores frutíferas, que por serem mais robustas suportam seu efeito tóxico. Por último, o cobre não se degrada, se acumula no solo ou é filtrado para algum veio de água produzindo sérios problemas de contaminação, mas tudo deve ser orgânico, natural. Frente a isso, um inseticida sintético pode ser obtido sem problemas de contaminação tão graves como são os da mineração. Podem ser específicos para determinadas pragas e inócuos para o resto do organismo, e pode se degradar pouco a pouco, depois de aplicado. Mas segundo a "nova consciência" não podem ser usados por não serem naturais. Por que não observam a natureza para ver o que é melhor? Se desejam ver o tanto que o cobre é bom para a natureza, passem pelos arredores de uma mina da Vale.

Mito dos orgânicos: os novos cavaleiros do Apocalipse
Nos siga no Google Notícias