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Em Pauta

O carro mais ridicularizado do mundo e o sinal da internet em Bonito

Mário Sérgio Lorenzetto | 30/04/2016 08:00
O carro mais ridicularizado do mundo e o sinal da internet em Bonito

O mais lendário de todos os carros comunistas foi o Trabant. Entre 1957 e 1991 foram fabricados na Alemanha Oriental cerca de 4 milhões desses veículos. Praticamente sem qualquer alteração durante mais de três décadas, o seu motor atingia uma velocidade máxima de apenas 80 km/h e, para piorar, ele lançava quase 100 vezes mais poluição no ar que qualquer outro carro. Era um carro de plástico que quebrava-se com facilidade. O interior era pouco espaçoso e desconfortável. A mudança de cambio exigia do motorista uma destreza inigualável. O carro tornou-se protagonista de inúmeras anedotas.
Bonito, o destino turístico mais importante do Mato Grosso do Sul tem no sinal da internet um Trabant. Provavelmente funciona à manivela ou a vapor. Não há turista que consiga se comunicar com o mundo. Em Bonito está instaurada a verdadeira lei da mordaça ou a lei Trabant. Não há comunicação. Os negócios correm em uma velocidade inferior à de suas águas cristalinas e vagarosas, estão todos travados pela tecnologia que se nega a criar facilidades. Alguns empresários, prejudicados pela ineficiência das empresas de telefonia, com criatividade e ironia afirmam que lançarão um novo sistema de comunicação: criarão uma "frota" de emas, peixes e araras para enviar sinais para fora de Bonito. Serão mais velozes.

O carro mais ridicularizado do mundo e o sinal da internet em Bonito
O carro mais ridicularizado do mundo e o sinal da internet em Bonito

O sindicalismo e as montadoras de automóveis.

Os metalúrgicos do ABC paulista, das montadoras de automóveis, foram não só inspiradores para outras categorias de trabalhadores no fim da ditadura, como para todo o país. Eles ganharam outro tipo de protagonismo em seguida. Tão relevante que puseram Lula, seu líder maior, na Presidência da República. Só é possível explicar o fenômeno do lulismo à partir dessas montadoras de automóveis. Esses trabalhadores foram a espinha dorsal do processo de conquistas de todos os demais trabalhadores brasileiros. Ganharam participação política e poder, na mesma proporção que as montadoras avançaram na economia. Estão umbilicalmente ligados. A Volkswagen chegou a ter 44 mil trabalhadores só em São Bernardo do Campo. O ABC era constituído por verdadeiras cidades operárias, com uma concentração que favorecia muito a organização sindical.
Mas tudo mudou, sobretudo com a ida de Lula e seu PT para o governo. Lula promoveu uma imensa retomada de lucros e benefícios para essas montadoras. Ao governo interessava que essa indústria se projetasse, gerasse empregos, desenvolvimento e riqueza. Mas a ascensão ao poder cooptou os trabalhadores e criou um neopeleguismo. A realidade do ABC e da indústria automobilística é diferente e não há tendência de uma retomada de força.

O carro mais ridicularizado do mundo e o sinal da internet em Bonito

O desaparecimento do carro próprio.

O carro próprio é uma realidade do século passado. O futuro promete deixar aquela época com cara de anacrônica e bizarra. As montadoras de automóveis estão ameaçadas de todos os lados, pois quem está entrando no mercado são empresas de serviço. Não é apenas a forma de produzir, mas o modelo de negócios dos automóveis que está sendo ameaçado. O carro sem motorista conectado já é uma realidade, só falta entrar na linha do comércio. Bastará você chamar o carro pelo aplicativo do celular que ele te buscará. Esse carro já começou a ser vendido. A Tesla, cujo carro elétrico Model 3, lançado há poucos dias por R$ 120 mil, recebeu 300 mil encomendas em dois dias. Muitos consumidores pagaram uma entrada, uma garantia por um carro potente, com 350 km de autonomia e que só chegará ao mercado no fim de 2017. Está aberto o caminho para a otimização do uso do carro, é um patrimônio pouco utilizado hoje em dia, muito dinheiro para um ativo que só fica na garagem. Quem precisará de um carro, com um sistema desses? Eles serão compartilhados. Com todas essas mudanças, a tendência é de vendas menores. Só restará a questão do carro como objeto de desejo, mas essa concepção começa a ser questionada, com as gerações mais novas buscando alternativas, em todo o mundo.

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