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Em Pauta

Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/10/2014 08:02
Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas

PEC 215: dilema entre Marina e Aécio

Aécio vencerá. Dilma vencerá. Para eles, esta é uma questão que não os define e nem desune. A bancada suprapartidária considerada a maior da Câmara de Deputados Federais, os ruralistas, aumentarão em 33% na próxima legislatura. O grupo, que conta hoje com 205 deputados e senadores, deve chegar a 273 e já definiu sua prioridade: aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2.000, que transfere para o Poder Legislativo a decisão sobre a demarcação de terras indígenas.

Na Câmara de Deputados, onde os ruralistas contam com o apoio de 191 parlamentares, a bancada atingirá maioria absoluta: 257 representantes. Restarão 256 deputados que não assinaram em prol dessa bancada. No Senado Federal, o percentual é menor, mas o grupo aumentará de 14 senadores para 16.

O tema é sensível e influencia os apoios de segundo turno. Entre as condições que Marina Silva estuda impor a Aécio Neves para apoiá-lo está o comprometimento contra a aprovação da PEC 215. O tucano ainda não respondeu, mas o tema já move a bancada, mesmo entre seus apoiadores.

Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas
Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas

Correios se reinventam e vão para China

Reinventar-se para não morrer. A alternativa encontrada pelos Correios para fugir dos resultados ruins, como a queda de 70% no lucro no ano passado, em comparação com 2012, está no comércio eletrônico. As cifras desse mercado impressionam: lucrará US$ 1,47 trilhão até o final de 2014 em todo o mundo. No Brasil, esse comércio registrou faturamento de R$ 16 bilhões no primeiro semestre - alta de 26% em relação ao mesmo período do ano passado. Até o final do ano, a previsão é de atingir uma receita de R$ 39 bilhões, um resultado 21% superior ao do ano passado. Nos seis primeiros meses do ano, o número de pedidos chegou a 48 milhões ante 35 milhões na mesma época no ano anterior. Todas essas cifras expressam um crescimento desse comércio da ordem de 400%

nos últimos cinco anos. E tem mais: o e-commerce já é a quarta categoria de site mais visitada na internet no país, atrás apenas de redes sociais, entretenimento e conteúdo adulto.

A fome de comprar pela internet, entretanto, é inversamente proporcional ao preparo do país em lidar com a logística que esse trânsito de produtos acarreta. Uma imensa quantidade de mercadorias demora a chegar ou nem sequer chega. Na tentativa de melhorar a logística, os Correios - que são responsáveis por 75% das encomendas internacionais do país - vão instalar armazéns próprios nos locais de onde mais se importam produtos - Miami e China.

Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas
Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas

Açúcar e álcool, apesar da quebra da safra da cana

Devido a uma longa estiagem, que se estendeu desde as últimas semanas de dezembro até julho deste ano no Sudeste, provocando maiores estragos nos canaviais paulistas, as usinas de açúcar e etanol apresentarão uma moagem com quebra de 8% a 9%, correspondente a 51 milhões de toneladas de cana a menos. Para o açúcar, a previsão de quebra é idêntica - em torno de 8%. Mas a mistura de álcool anidro à gasolina está garantida. O ajuste será feito no lado das exportações que diminuirão. Tanto para o álcool como para o açúcar.

Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas
Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas

Pecuária e degradação de pastagens

O rebanho bovino brasileiro supera 211 milhões de cabeças. É o maior rebanho comercial do mundo, que ocupa uma área de pastagem de 172 milhões de hectares, o que corresponde à ocupação de 0,81 cabeça por hectare. Um dos mais baixos índices de produção de riqueza por hectare de terra que existe no mundo. Um hectare de terra corresponde a 10.000 metros quadrados. É muita terra. Somente no nosso país, temos a errônea percepção que um hectare é pouca terra.

Embora se destaque pela produção de carne, a bovinocultura convive com algumas mazelas das quais não tem motivos para se orgulhar, como o fato de que até 50% das pastagens existentes no Brasil encontram-se degradadas.

Além do óbvio prejuízo econômico, há outros, especialmente ambientais, como perda de solo por erosão, motivado pelo desmatamento e pela inexistência de proteção contra a força da água no período de chuvas. Esse desmazelo também reduz a disponibilidade de água pela deterioração das nascentes, provoca assoreamento nos cursos de água e danos irreparáveis à biodiversidade. Dentre outras, a pecuária brasileira é acusada de ser a principal responsável pelo avanço do desmatamento da Amazônia e os ambientalistas também a acusam de ser a responsável pelo desmatamento do Pantanal em um longo e histórico debate.

Ruralistas crescem na Câmara priorizando a demarcação das terras indígenas
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Preservar é mais rentável no longo prazo

No entanto, são inúmeras as ações pelo nosso Estado e pelo país por uma pecuária sustentável. A mobilização da opinião pública e a pressão sofrida estão levando pecuaristas a corrigir as distorções apontadas em suas fazendas. Passados dois anos desde a sua aprovação, o Código Florestal é motivo de polêmica e enfrenta entraves para sua regulamentação. Mas está valendo a exigência de apresentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) até maio do ano vindouro. E não adianta ficar exultante com a derrota da Marina. Não foi a causa ambiental a derrotada, e sim sua frágil atitude como candidata. A alternativa é copiar os fazendeiros que trabalham com o eucalipto e com a cana-de-açúcar. Em sua maioria são mais preocupados com a questão ambiental que a média das entidades ambientalistas. Aprenderam que a médio e longo prazo o correto cuidado com o meio ambiente é mais rentável que a depredação.

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O porco é quente

Nem todas as notícias que vêm do campo são ruins ou preocupantes. A produção de carne de suínos no Brasil iniciou um novo ciclo de lucratividade. Há uma combinação de fatores favoráveis que proporciona receita acima da média aos criadores. Os preços dos principais grãos que compõem a alimentação dos suínos estão baixos e, ao mesmo tempo, há elevada produção.

Os baixos custos de produção, a ocorrência de graves problemas sanitários nos países concorrentes e as sanções impostas pela Rússia aos Estados Unidos e Europa, associadas à limitação da oferta brasileira, abrem um cenário favorável para os negócios

com suínos. Segundo analistas do setor, as perspectivas de rentabilidade elevada devem se estender pelos próximos dois anos, no mínimo.

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Trabalho insalubre: agronegócio de olho no TST

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem decidido que é possível cumular os benefícios relativos a atividades perigosas e insalubres, já que não há a proibição na Constituição. Até então, a jurisprudência estava consolidada em sentido contrário, seguindo o que determina a CLT.

Ainda cabe recurso dessas decisões. Contudo, a tendência é a de serem confirmadas. Essa decisão trará um grande impacto à folha de pagamento de alguns setores da economia, especialmente para o agronegócio, para a metalurgia e para as fábricas químicas. Isso porque o trabalho em condições perigosas assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário, segundo a CLT. Em condições insalubres, esse acréscimo pode ser de 10%, 20% ou 40% do salário mínimo. Aplicar pesticidas nas plantações é perigoso e insalubre?

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