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Finanças & Investimentos

Como agir na recompra de ações

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 26/10/2015 08:13

Um grupo de companhias com dinheiro em caixa e com ações em queda na Bolsa de Valores tem usado parte das reservas para comprar suas próprias ações, aumentando o número de programas de recompra. No ano, até setembro, 71 já foram anunciados, entre as quais Banco do Brasil e Ambev. É o maior número para o período desde 1998.Levantamento da consultoria Economatica mostra que 21 companhias do Ibovespa estão com o valor de mercado inferior ao patrimônio líquido. Dessas companhias, sete têm programas de recompra em curso: Gafisa, Bradespar, MRV, Banco do Brasil, Cyrela, Gerdau e Santander. No entanto, não são todas as empresas da lista que dispõem de um caixa robusto para fazer a recompra, como é o caso da Petrobras.

Eduardo Coutinho, coordenador do curso de Administração do Ibmec/MG, explica que quando uma empresa anuncia um programa de recompra ela está sinalizando que está capitalizada (com dinheiro em caixa) e que a administração da companhia enxerga que o preço dos papéis no mercado está baixo em relação às perspectivas de longo prazo da empresa.Já Marcelo Alvim, professor da FGV, destaca que a recompra também pode ser entendida como uma maneira de a empresa mostrar que está com excesso de caixa e não encontra projetos com retornos superiores ao mínimo exigido pelos acionistas.Dessa forma, ela devolve aos investidores os recursos para que possam aplicar em alternativas mais interessantes. “Nesse caso, o mais provável é uma queda no preço das ações em função das expectativas negativas pela falta de bons projetos”, avalia.

Como funciona a recompra de ações?Para fazer um programa de recompra de ações, as companhias devem ficar atentas às regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia veda, por exemplo, que o programa seja usado para “criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço das ações ou envolver práticas não equitativas”.Em geral, as ações assumem um viés de alta nos primeiros dias após o anúncio de recompra. O monitoramento dos programas pode ser feito no site das companhias e também no espaço destinados às empresas no site da BM&F Bovespa.A recompra pode ser realizada para cancelamento das ações ou para manutenção das ações em tesouraria para posterior revenda a preços superiores.

Segundo Coutinho, para o investidor que resolve manter ações de uma empresa que anuncia uma recompra o benefício pode vir de duas formas. “Se as ações recompradas forem canceladas e o lucro se mantiver constante ou crescer em termos reais poderá haver um aumento nos dividendos por ação. Caso a empresa mantenha as ações para posterior revenda, o ganho de capital infla o resultado da empresa e pode beneficiar os acionistas com um dividendo maior, ainda que apenas naquele momento”, destaca.Já para a empresa, o benefício poderá vir caso ela efetue a revenda das ações a um preço superior ao pago na recompra, aumentando o seu volume de capital.

O que o investidor deve fazer?Para quem já é acionista e acredita no potencial da empresa, um programa de recompra pode representar um alívio, desde que a intenção não seja lucrar no curto prazo. Já para quem não é acionista de uma empresa que iniciou um programa desse tipo, o período de recompra pode representar uma boa época para comprar.No entanto, vale lembrar que apenas o início um programa de recompra de ações não é informação suficiente para saber se investir naquela empresa vale a pena.

De acordo com Marcelo Cambria, professor da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), é fundamental que o investidor tenha conhecimento dos detalhes dos programas de recompra, consciência de quanto deve ser o valor justo do papel e, em caso de negociações que podem surgir entre acionistas e empresa sobre esse preço, especialmente em caso de fechamento de capital, se ele concorda com o valor sugerido pela empresa para recompra.

Além disso, é preciso alertar que algumas empresas usam a recompra como um disfarce: anunciam a operação, mas não a executam, buscando apenas valorizar suas ações.Por isso, o investidor precisa ficar atento para as empresas que vão sempre renovando as operações de recompra, indefinidamente, sem nunca anunciar quantos papéis foram recomprados.

Fonte: Isabella Abreu/ dinheirama.com.br
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(*) Emanuel Gutierrez Steffen, criador do portal www.mayel.com.br

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