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Finanças & Investimentos

Oportunismo ou equilíbrio?

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 03/11/2015 10:13

Sempre que se prega a ideia de que crises são a época certa para aproveitar oportunidades, é comum ouvir uma réplica de que lucrar nas crises é oportunismo. Ela se baseia na visão de que quem ganha nesses momentos estaria explorando as perdas de outros, causadas pela temida mão invisível do mercado. Pois insisto: as melhores oportunidades surgem nas crises.

Construí honestamente a maior parte de meu patrimônio nas generosas crises que nosso país nos proporcionou nas últimas duas décadas. Questiono a tese do oportunismo. Quem investe na crise teve de se preparar para isso. Em tempos de bonança, a maioria, numa população com limitada educação financeira, cede às tentações e consome mais do que pode, sem reservar o que deveria para o futuro. Uma minoria, menos deslumbrada e mais cautelosa, age com parcimônia e poupa.

Na bonança, o poupador pouco tem a ganhar e pouco chama a atenção – afinal, vive abaixo de suas posses. Pergunto: na bonança, não caberia a quem gasta demais o adjetivo de ganancioso ou oportunista, já que consome além de suas posses e acredita que alguém ou algo vai socorrê-lo de sua irresponsabilidade?

Crises econômicas começam nos exageros praticados por governos, investidores e consumidores nos tempos de prosperidade. O desequilíbrio não se sustenta, ativos perdem valor, compromissos não se pagam, dívidas se acumulam. Na crise, aqueles que se desequilibraram precisam se desfazer de seus ativos. Famílias vendem seus bens. Comerciantes liquidam estoques. Investidores não encontram novos compradores.

Na crise, sob o desespero da necessidade, oportunidades surgem. Entram em cena os que souberam reservar recursos, que podem ser usados para socorrer quem precisa, comprando o que está barato. Na crise, quem planeja socorre os que exageraram nas expectativas. Ao aproveitar oportunidades, poupadores proporcionam equilíbrio ao mercado. É a hora da colheita para quem, anteriormente, soube plantar.

Pode-se argumentar que más escolhas são fruto de conhecimento limitado e que, nas crises, quem tem mais conhecimento explora aquele que tem menos. Se essa argumentação for verdadeira, então o vendedor treinado explora cada consumidor, ou o atleta mais experiente explora a ignorância do novato. É sensato condenar quem adquiriu conhecimento? Não creio. Insensato é não lutar pela igualdade de educação e de acesso a conhecimento. Nossa crise é, em essência, resultado de falta de conhecimento e de planejamento. Se queremos um país menos desigual, comecemos então pela educação.

Fonte: maisdinheiro.com.br
Disclaimer – A informação contida nestes artigos, ou em qualquer outra publicação relacionada com o nome do autor, não constitui orientação direta ou indicação de produtos de investimentos. Antes de começar a operar no SFN - Sistema Financeiro Nacional o leitor deverá aprofundar seus conhecimentos, buscando auxílio de profissionais habilitados para análise de seu perfil específico. Portanto, fica o autor isento de qualquer responsabilidade pelos atos cometidos de terceiros e suas consequências.

(*) Emanuel Gutierrez Steffen, criador do portal www.mayel.com.br

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