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Economia

Ideia para copo quebrado vira negócio e recicla vidro em peças únicas

Caroline Maldonado | 21/04/2016 09:19
Garrafas de todo tipo podem virar luminárias (Foto: Divulgação)
Garrafas de todo tipo podem virar luminárias (Foto: Divulgação)
Garrafa  é transformada em abajur (Foto: Divulgação)
Garrafa é transformada em abajur (Foto: Divulgação)

Um pedaço de papel pode levar 6 meses para se decompor, enquanto sacos plásticos podem durar 40 anos até desaparecer, mas o vidro (pasme!) pode levar de 4 mil a 1 milhão de anos para sumir de vez. Pensando nisso, um arquiteto sul-mato-grossense criou um local onde qualquer pessoa pode chegar e pedir que uma garrafa seja transformada em um objeto de uso ou decoração, em vez de parar no lixão. Ele era dono de bar e, como gastava uma nota comprando copos para repor os quebrados ou roubados, passou a produzi-los, aí veio a ideia das luminárias com garrafas e muitas outras.

Mais lucrativo do que o bar, o negócio com vidro deu certo, atraiu empresas parceiras, já dura dois anos e meio e processa hoje 80% de todo o vidro que é descartado por famílias, restaurantes e hotéis de Bonito, a 257 quilômetros de Campo Grande. 

E não é pouco vidro, pois o município de Mato Grosso do Sul recebe turistas o ano inteiro por ser reconhecido como um dos melhores destinos de turismo ecológico do mundo.

São 20 toneladas processadas por ano na Casa do Vidro, que cria peças e vende até para fora do país. A fábrica investiu, de início, R$ 180 mil em três máquinas de processamento e começou a fazer o que os proprietários do negócio chamam de ecodesign.

Na Casa do Vidro, cliente entra e escolhe cor e formato da peça que deseja (Foto: Divulgação)
Na Casa do Vidro, cliente entra e escolhe cor e formato da peça que deseja (Foto: Divulgação)
Peças são desenhadas por arquiteto que há dois anos investiu no negócio (Foto: Divulgação)
Peças são desenhadas por arquiteto que há dois anos investiu no negócio (Foto: Divulgação)

A fábrica de reutilização de vidro foi patenteada e é a única das Américas que trabalha dessa forma, garante a gerência da empresa. Até então, apenas artesãos fazem um trabalho parecido, mas não em larga escala. O órgão de registro está fazendo conferência para descobrir se a patente pode ser também a única no mundo.

Os produtos, que surgem do material descartado, vão de copos a lustres personalizados. O fato de ter um item único, pensado ali mesmo no balcão da fábrica, é o que mais interessa os clientes, segundo a gerência. Os donos do negócio contam que investir no setor exige persistência, pois o retorno financeiro vem a passos lentos, mas as tendências de projetos de decoração e iluminação apoiados na sustentabilidade garantem o espaço no mercado.

Garrafão de vinho é transformado em arandela (Foto: Divulgação)
Garrafão de vinho é transformado em arandela (Foto: Divulgação)
Em parceria com bar, garrafa vira copo e volta para mesa dos clientes (Foto: Divulgação)
Em parceria com bar, garrafa vira copo e volta para mesa dos clientes (Foto: Divulgação)

Parcerias - O charme da reutilização foi justamente o que chamou atenção de um dos parceiros mais importantes da Casa do Vidro. Também em Bonito, o restaurante Casa do João entrega as garrafas da cerveja Morena à fábrica. Elas viram copos no estilo original e voltam às mesas dos clientes.

A cada 15 dias, o restaurante manda para a fábrica média de 100 quilos de vidro. Tem cliente que vai atrás do copo da cerveja e acaba se impressionando com os outros itens, que ficam expostos na loja da empresa. A fama vai levando o negócio para frente e ultrapassa as fronteiras, pois os produtos já foram até para o exterior.

A fábrica emprega nove funcionários diretos atualmente, além disso tem cerca de 15 prestadores de serviço, tais como serralheiros e marceneiros. A expectativa é expandir a produção para 40 toneladas ao ano, em 2016.

Neste mês, um congresso ocorrido em Fortaleza, no Ceará, encomendou 400 copos para dar de lembrança aos participantes. Com isso, foram processados quase 100 quilos de vidro.

No showroom da Casa, o cliente pode inventar novas combinações de formatos e cores para uma peça e pedir que outra seja criada. No local, há arandelas, queijeiras, xícaras, jarras, moringas, castiçais, abajur, taças e até relógios. A fábrica fica na Rua Afonso Pena, 587, em Bonito.

Em maio, um parceiro vai inaugurar em Campo Grande uma loja com os produtos de lá, que deve ser ao lado da Feira Central. Uma loja no Bairro Vila Madalena, em São Paulo, também já entrou na parceria, que ocorre por meio de consignação. O site da fábrica é www.casadovidrobonito.com.br.

Casa do Vidro fica na Rua Afonso Pena, 587, em Bonito (Foto: Divulgação)
Casa do Vidro fica na Rua Afonso Pena, 587, em Bonito (Foto: Divulgação)
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