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Economia

Quaresma eleva preço do ovo e valor bate recorde histórico no Estado

Luciana Brazil | 27/03/2014 12:48
Preço dos ovos bate recorde. Estoque na Camva é pequeno. (Fotos: Cleber Gellio)
Preço dos ovos bate recorde. Estoque na Camva é pequeno. (Fotos: Cleber Gellio)

Com a chegada da Quaresma, quando muitos católicos deixam de comer carne e substituem esse alimento por outros produtos, o preço dos ovos dispara no mercado. Neste ano o valor superou a média histórica. Uma caixa com 360 unidades, tipo extra, está sendo comercializada a R$ 96 na Camva (Cooperativa Agrícola Mista de Várzea Alegre), em Campo Grande. Em 2013, na mesma época, os ovos eram vendidos por R$ 86, aumento de 11,6%.

Além da grande procura por causa do período, ao aumento no preço da dieta das aves, como milho e ração, e o aquecimento da mão de obra ajudaram a elevar os preços acima da média.

“A mão de obra sempre sobe e sobe mais que a inflação. E tem o aumento (preço) da matéria prima, a dieta das aves. E funciona assim, não tem produto sobe o preço. Durante a Quaresma, muita gente tira a carne da dieta e isso reflete na procura. Aí, o ovo funciona como substituição, como outra fonte de proteína”, explica o diretor administrativo da Camva, Reinaldo Issao Kurokawa.

No mês de janeiro, período considerado ruim para os produtores de ovos, a mesma caixa estava à venda por R$ 60.

“Janeiro é período de férias escolares, viagens, festas de Natal e Ano Novo. Isso tudo desestimula as vendas. Essa época ruim começa no fim de dezembro com a chegada do Natal. Os hábitos alimentares mudam e as pessoas parecem só comer carne”, explica Reinaldo.

E é neste mês que muitos produtores de ovos colocam parte do plantel para abate. “Eles tentam fazer com que o prejuízo seja menor”, diz Reinaldo.

Oscilando de acordo com o mercado, em fevereiro os preços começam a subir, e disparam com a chagada da Quaresma. “Se tem muita oferta, baixamos o preço, que é o que acontece em janeiro. Em fevereiro as vendas sempre começam a reagir e os preços também. Na Quaresma, os valores disparam, mas neste ano subiu demais”, diz Reinaldo.

Reinaldo afirma que a grande procura ajuda a elevar o preço.
Reinaldo afirma que a grande procura ajuda a elevar o preço.

Após a Páscoa, o valor das caixas começa a recuar, mas o valor depende das variações do mercado. “O preço diminuiu, mas depende do mercado, da ração da galinha, se o milho vai subir, uma série de variáveis, mas temos uma média”.

Nos meses seguintes ao tempo Quaresmal, uma caixa pode ser vendida, em média, entre R$ 70 a R$ 75.

Mesmo sendo considerado baixo, o consumo de ovos no país aumentou, segundo o Instituto de Ovos Brasil. Em 2007, a média era de 131,8 unidades por habitante ao ano. Em 2012, esse número subiu para 161, 5 unidades por habitante.

“O ovo era tido como vilão, e isso foi desmitificado”, justifica Reinaldo.

Apesar do preço salgado, tudo que é lançado pelos produtores da cooperativa é revendido durante a Quaresma. O estoque na Camva está quase vazio. “Toda produção é vendida”.

As revendas são feitas para supermercados, padarias, restaurantes e hotéis, da Capital e também do interior. “Vendemos para revendedores de Maracaju, Corumbá, Dourados, Ponta Porã, várias cidades”, diz Reinaldo.

A Camva, única cooperativa do Estado, conta com 26 associados e a produção acontece na região rural de Terenos.

São produzidos pela cooperativa 1.750 caixas por dia, cada uma com 360 unidades. Por mês, mais 52 mil caixas são revendidas pela Camva.

Conforme Renato, só na área rural, em média, são 800 aves em fase de produção e 200 mil em período de crescimento.

“Uma ave demora seis meses para colocar o primeiro ovo e a média é de 80 a 85% de postura, ou seja, calculamos o que põe a galinha na fase de pico e o que a ave mais velha coloca”. No bom período, uma ave pode colocar um ovo a cada um dia.

Em geral, as galinhas vão para abate após 90 semanas de vida, período em que proporcionam lucro ao produtor, colocando ovos. “Depois disso, ela não rende e vai para abate”.

Revendedor- A cada 15 dias Roberto Borges, 38, sai de Maracaju, a 160 quilômetros de Campo Grande, para comprar na Capital 30 caixas na Camva.

“O preço subiu muito. E a gente tem que passar o valor para o consumidor, não tem jeito”. Roberto revende para vários clientes em Maracaju e mesmo com o preço salgado, eles não deixam de comprar.

“Nessa época, o ovo sobe demais, mas desta vez subiu além da conta”, lamenta.

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