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Educação e Tecnologia

Ensino Médio de MS retrocede e volta a índices de 2015 no Ideb

Em 2019, índice foi de 4,2 e caiu para 3,8 no ano passado, depois de quase dois anos de ensino remoto

Lucia Morel | 16/09/2022 12:50
Estudante entrando em escola estadual e recebendo aplicação de álcool 70%. (Foto: Henrique Kawaminami)
Estudante entrando em escola estadual e recebendo aplicação de álcool 70%. (Foto: Henrique Kawaminami)

Dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2021, divulgados hoje pelo MEC (Ministério da Educação) e pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) revelam que a qualidade do Ensino Médio em Mato Grosso do Sul regrediu em relação a 2019, último ano em que o índice foi avaliado. Devido à pandemia, em 2020, os dados não foram coletados para a avaliação.

O Ideb é resultado do cruzamento de informações das notas de Língua Portuguesa e Matemática com os números de alunos aprovados em determinado ano. Assim, o índice representa o termômetro da educação no Brasil e nos Estados, sendo que as maiores taxas do índice correspondem, na teoria, a uma melhor qualidade de ensino.

No Brasil, o Ideb 2021 manteve-se em 4,2, mesmo índice de 2019, antes da pandemia. Já em MS, que vinha em uma crescente desde 2015, apresentando Idebs acima de 3,7, fechando 2019 com índice de 4,2, caiu para 3,8 no ano passado, depois de quase dois anos de ensino remoto.

Para a doutora em educação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângela Maria Costa, o Ensino Médio tem sempre péssimos índices e é um gargalo não apenas em Mato Grosso do Sul, mas em todo País. “Temos uma evasão imensa no Ensino Médio. É um grande problema no Brasil”, afirma.

O próprio MEC avalia que o fato da maioria dos sistemas de ensino no Brasil terem optado por passsarem os estudantes de ano sem realização de exames nos dois anos de pandemia, alteraram os índices, aumentando as taxas. Entretanto, elas não correspondem, fielmente, a uma melhora na educação.

“Cabe destacar, ainda, que, embora essa elevação promova um incremento no Ideb, a própria formulação do indicador já considera que o aumento não associado a uma elevação da proficiência média nas avaliações, pode não assegurar uma efetiva melhora no desempenho do sistema educacional”, diz trecho de nota do ministério.

Fonte: MEC/Inep
Fonte: MEC/Inep

Vale destacar que, como é frequente, as notas do Ideb na comparação das redes privada e estadual, são maiores entre estudantes do sistema particular. O índice foi de 5,9. Nas escolas estaduais, o total ficou em 3,7.

Anos iniciais e finais do Fundamental – Do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental não houve tanta alteração na nota final do Ideb entre 2019 e 2021, sendo que do 1º ao 4º ano, o índice foi de 5,7 há dois anos e de 5,4 agora. Entre a 5ª e a 9ª séries, houve salto de 4,8 para 4,9 no período. Os números estão bem próximos da média nacional.

Para Ângela Costa, a pandemia tem seu impacto nos dados, mas não é determinante. “O maior problema é ter aprovado todos sem exame, o que fez aumentar o índice geral sem haver real aprendizado”. E certamente, conforme ela, o déficit vai ser para os estudantes mais velhos.

Ela avalia ainda que o ensino remoto foi um paleativo mal elaborado, já que grande parte dos alunos sequer tinham acesso à internet. “(O ensino remoto) foi a tentativa de resolver um problema sem ter condições efetivas de dar acesso à internet. Isso, somado ao passar sem avaliação, só podia dar nisso. Péssimos números”.

Reforço – a doutora avalia que serão necessárias décadas para recuperar esse período de baixa aprendizagem. “É preciso fazer, de forma séria, uma avaliação de cada aluno para testar onde eles pararam e fazer o reforço para recuperar isso”, afirma.

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