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Esportes

Se pudesse falar, o Estádio Morenão diria: “socorro, alguém me salve”

Paulo Nonato de Souza | 17/01/2015 09:09
Cadeiras do estádio estão forradas de coco de morcego e o mal cheiro é insuportável (Foto: Marcelo Calazans)
Cadeiras do estádio estão forradas de coco de morcego e o mal cheiro é insuportável (Foto: Marcelo Calazans)

Orgulho dos campo-grandenses nos anos de 1970 e 1980, período áureo do futebol em Mato Grosso do Sul, o Morenão é hoje um estádio totalmente ultrapassado do ponto de vista arquitetônico, ou seja, está fora dos novos conceitos, mas, pior do que isso: Sua estrutura está comprometida e não oferece segurança ao público, conforme relatório do Ministério Público Estadual (MPE), que desde outubro de 2014 determinou a sua interdição para qualquer tipo de evento.

Inaugurado em 1971 no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com capacidade para 45 mil torcedores, o Morenão vai completar 44 anos no dia 7 de março deste ano. Fora o seu passado, não há nada a se comemorar.

Palco histórico de grandes glórias do futebol local nas décadas de 70 e 80, especialmente com e Operário e Comercial em campeonato estaduais e nacionais, além de ter sido uma das sedes da Mini Copa de 1972, a realidade atual do estádio é no mínimo a de um paciente agonizante. Se pudesse argumentar, certamente pediria para ser esquecido.

“O Ministério Público pede testes em toda a estrutura do estádio com engenheiros devidamente habilitados pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura)”, disse o administrador do estádio, João Jair Sartorello. Segundo ele, todas as recomendações do MPE foram acatadas e encaminhadas para o PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) da UFMS. “Mas estamos sem previsão de quando o estádio será liberado”, ressaltou.

Em resumo, o relatório do Ministério Publico aponta danos na estrutura do estádio, como rachaduras no concreto e oxidação nas ferragens, marquises comprometidas e infiltrações nas arquibancadas. O documento é uma constatação oficial de uma triste realidade, mas basta um rápido passeio por suas dependências para logo sentir a sensação de que a estrutura do estádio está prestes a vir abaixo.

O estádio é dominado por morcegos. No setor das cadeiras o mal cheiro provocado pela grande quantidade de coco dos bichos é insuportável. Além disso, muitas cadeiras estão destruídas pela acidez dos excrementos. “Fizemos a vedação na parte externa do estádio para impedir que os morcegos se alojem nas colunas, e assim reduzir a proliferação, mas falta vedar a parte interna”, explicou Jair Sartorello.

OPINIÕES – Os dois principais clubes do Estado, Operário e Comercial, estão fora da elite do futebol brasileiro desde 1986, e atualmente ausentes até mesmo da Série D, mas para o repórter esportivo Ricardo Paredes, a situação atual do Morenão não tem muito a ver com a decadência do futebol local.

“A administração do estádio é de responsabilidade da Universidade Federal, que não correu atrás dos recursos necessários para a sua manutenção ou modernização. Isso poderia ter sido feito, independente dos nossos times estarem nas séries A, B, C ou D”, avalia.

Paredes acredita que dificilmente o futebol voltará ao Morenão. “Penso que a saída é passar a mandar os jogos no estádio das Moreninhas, lá no Parque Jacques da Luz. Além de velho, superado e de todos os seus problemas de estrutura, o Morenão é muito grande para a realidade do nosso futebol”.

O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Mato Grosso do Sul (ACEMS), Marco Antônio Silvestre, tem a mesma linha de pensamento.

“Penso que falta consideração da Universidade Federal para com o Morenão. Ela cobra aluguel e taxas sem dó nem piedade em todos os eventos, seja shows ou futebol, e ninguém sabe para onde vai o dinheiro. Poderia pelo menos usar na manutenção do estádio. No setor das cabines de rádio tem bandeiro sem porta, sem descarga, falta luz, vazamentos e piso escorregadio, mas no borderô aparecem lá todas as cobranças como se todos os serviços tivessem sido prestados”, disse ele.

Silvestre também sugere o Estádio das Moreninhas, que tem capacidade para 4.500 torcedores, como alternativa viável. “É um estádio bonito, aconchegante e tem o tamanho ideal para receber jogos do nosso futebol”, acredita.

Para o narrador esportivo Arthur Mário Medeiros, o futebol em Mato Grosso do Sul está vivendo um longo período de baixa autoestima.

“O futebol em Campo Grande já perdeu o Estádio Belmar Fidalgo, que virou praça de esportes e recreação, o mesmo aconteceu com o Estádio Elias Gadia, e agora está perdendo o Estádio Morenão”, lamenta. Segundo ele, a Federação também tem a sua dose de culpa. “Se tivesse competência e credibilidade poderia ajudar a reverter essa situação”, opina.

No Campeonato Estadual 2015, que começa dia 01 de fevereiro, Campo Grande terá três representantes. Sem o Morenão, Comercial e Guaicurus vão mandar seus jogos no Estádio Ninho da Águia, em Rio Brilhante, distante 160 km da Capital, e o Cene receberá seus adversários no Estádio Olho do Furacão, que fica em seu Centro de Treinamento no bairro Jardim Los Angeles.

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