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Arquitetura

Da mesa da tataravó à poltrona de rock, mostra tem histórias por trás de peças

Paula Maciulevicius | 15/08/2014 06:50
A mesinha de madeira, ocupada pela maquiagem da noiva foi da tataravó de uma das arquitetas que projetou o ambiente. (Foto: Felipe Araújo)
A mesinha de madeira, ocupada pela maquiagem da noiva foi da tataravó de uma das arquitetas que projetou o ambiente. (Foto: Felipe Araújo)

Muito mais do que o design, uma mesinha de madeira da tataravó carrega o sentimento de ter passado de geração em geração até chegar ao "Quarto da Noiva". A peça podia muito bem ter sido da tataravó da mulher que se preparava para dizer o "sim" no grande dia. No ambiente de expectativa, mesmo cenário onde o vestido branco está estendido, pronto para ser usado, a peça tem história, além de charme.

Projetado pelas arquitetas Debora Nunes, Thaila Teixeira e Paula Ortiz, a mesinha foi da tataravó de Debora e na Casa Cor MS tem destaque, é ocupada pela maquiagem. "Era apoio de costureira, daquelas máquinas de costura. Tem 150 anos, foi da minha tataravó, Eponina de Almeida Melo", descreve Debora.

Vinda da Áustria, a mesinha de madeira vergada veio de navio até Assunção, no Paraguai e de lá chegou à fazenda da família, em Bela Vista, de charrete.

Bomba de combustível original estava em fazenda quando foi resgatada pelo dono. (Foto: Marcelo Calazans)
Bomba de combustível original estava em fazenda quando foi resgatada pelo dono. (Foto: Marcelo Calazans)

No mesmo ambiente, as arquitetas também utilizaram outra peça de dona Eponina. Uma réplica de escrivaninha inglesa que depois de laqueada ficou alaranjada, dando um toque de cor ao espaço trabalhado em tons tão serenes.

Do outro lado, o romance está figurado também na nostalgia, através de uma cadeira de barbeiro de 1934, assinada pelos Irmãos Campanille, que atualmente faz parte do acervo pessoal de Flávio Castello Móveis Rústicos.

A bomba de combustível que na "Garagem" virou luminária é relíquia sem preço e nem tamanho. O projeto assinado pelos arquitetos Rafael Abuchahla e Renato Ferro pedia uma peça que abastecesse o ambiente com sofisticação e um ar "retrô".

Original, toda em ferro, a bomba está como empréstimo de um amigo de uma fornecedora dos profissionais. O dono, ao que tudo indica, não vende e nem aluga. O arquiteto Rafael explica que eles estavam atrás de uma peça, neste estilo, para decorar a garagem.

Poltrona "Roooqueeenrooouuu" é modelo exclusivo de arquiteta pelos 15 anos de atuação profissional. (Fotos: Marcos Ermínio)
Poltrona "Roooqueeenrooouuu" é modelo exclusivo de arquiteta pelos 15 anos de atuação profissional. (Fotos: Marcos Ermínio)

Depois de muita procura, eles até chegaram a quem provavelmente teria, mas não tiveram resultado.

"Uma fornecedora falou que um amigo dela tinha, me passou o contato e eu fui lá conversar. Ele me emprestou. A peça estava na fazenda do ex-sogro dele e ele pediu para levar. Deu uma consertadinha, tirou os amassos e hoje em dia é um objeto decorativo e tem a função também de luminária. Acredito que seja da década de 50", resume.

A comemoração dos 15 anos de atuação profissional da arquiteta Luciana Teixeira foi no estilo "Roooqueeenrooouuu". É este o nome que ela dá para as versões black e blue das poltronas que estão no ambiente "Sala de Leitura", também na mostra.

Desenhadas por ela mesma dentro uma linha de pensamento que se chama "slow design", as peças exclusivas propõe o resgate das técnicas de marcenaria artesanal. Nas poltronas foram fixadas 600 tachas metálicas manualmente. "Estamos valorizando a mão de obra humana na criação de peças exclusivas, o ambiente local e a matéria prima disponível, vendo design como transformação social e ao mesmo tempo integrando o artesanal a indústria", explica.

A poltrona mescla a energia das guitarras elétricas, com a atitude irreverente do universo pop. O ar contemporâneo vindo das tachas decorativas são contraste entre o romance das peças de família, ao moderno de uma poltrona inspirada no rock.

Contemporâneo e o histórico estão juntos na mostra, trazendo romance e estilo. No Quarto da Noiva, escrivaninha ao fundo também era de dona Eponina. (Fotos: Marcos Ermínio)
Contemporâneo e o histórico estão juntos na mostra, trazendo romance e estilo. No Quarto da Noiva, escrivaninha ao fundo também era de dona Eponina. (Fotos: Marcos Ermínio)
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