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Artes

Após perder o filho, dançar é terapia para professora mais conhecida da cidade

Paula Maciulevicius | 05/07/2016 06:05
Entrelaços será o espetáculo em comemoração aos 30 anos do Só Dança Auxiliadora. (Foto: Alcides Neto)
Entrelaços será o espetáculo em comemoração aos 30 anos do Só Dança Auxiliadora. (Foto: Alcides Neto)

Suzana Leite é a responsável por formar a maioria das bailarinas da cidade. Há 30 anos ela se dedica ao "Só Dança Auxiliadora", o primeiro balé de escola de Campo Grande. Corumbaense, foi a convite de uma irmã de lá que ela aceitou ser professora e fundar o grupo no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, na Capital. Desde o primeiro "sim", três décadas se passaram e por elas, centenas de bailarinas dançaram na ponta dos pés.

"Eu já dançava lá em Corumbá e era praticamente filha das irmãs. A irmã Madalena veio ser vice-diretora do colégio e sabia de mim. Ela foi lá em casa pedir para eu dar aulas. Meu marido não queria que eu trabalhasse, mas no colégio ele deixou", conta Suzana, hoje com 52 anos. 

De início, Suzana era funcionária do colégio, mas depois de chegar a ter 119 alunas, passou a ser diretora do balé. "Ficávamos no porão, para ensaiar na ponta do pé a gente ia para a quadra, porque a cabeça batia no teto", lembra. Numa reforma, a direção da época a chamou para escolher como e onde seria a sala da companhia, hoje são duas salas e toda uma estrutura.

Suzana e o filho Giovanni, que morreu num incêndio em 2011. (Foto: Arquivo Pessoal)
Suzana e o filho Giovanni, que morreu num incêndio em 2011. (Foto: Arquivo Pessoal)

O nome "Só Dança" tem a autorização da marca que produz artigos para dança e carrega o Auxiliadora junto por ter nascido no Colégio. E foi colocado por Suzana para deixar claro a diversidade de ritmos que vão além do balé clássico.

Depois de virar professora, Suzana se tornou "tia" de centenas de bailarinas desde o baby até as adolescentes. As alunas hoje já adultas ainda a chamam assim. Prova dos laços que Suzana criou através dos saltos e posições.

"A dança até então era parte da minha família. Mas depois que eu fiquei viúva e meu filho caçula faleceu, que era meu companheiro, meu crítico, que assistia as apresentações, ela se tornou a minha terapia, a minha casa, a minha família".

Suzana é mãe de Giovanni Dolabani Leite, que morreu intoxicado no incêndio ocorrido em 2011, no Edifício Leonardo Da Vinci. Dono de um sorriso inesquecível, o garoto conhecia todo mundo da UCDB, onde se formou em Publicidade. Para a mãe, era um crítico ferrenho, que participava até da construção de espetáculos. "Depois que ele morreu que eu descobri que ele era crítico de cinema registrado". 

O carinho que ela dá nas aulas, recebe em dobro dos alunos. Depois de criar o balé no Auxiliadora, levou o formato também para o Dom Bosco e agora, juntos, os dois colégios preparam uma noite de gala, intitulada "Entrelaços", em comemoração aos 30 anos do "Só Dança Auxiliadora".

A noite de gala é o momento em que os alunos mostram aos pais o que aprenderam no semestre. Serão 260 bailarinos no palco no próximo sábado (9) dançando no estilo livre, contemporâneo, jazz, balé clássico e dança do ventre.

Parte das meninas que se apresentam no sábado. (Foto: Alcides Neto)
Parte das meninas que se apresentam no sábado. (Foto: Alcides Neto)

"Nunca houve rivalidade entre um colégio e outro. Nós que somos os dirigentes sempre colocamos como se fosse a extensão de casa, são famílias salesianas", explica Suzana. O espetáculo é uma homenagem às bodas de pérola do balé Auxiliadora e por que não a quem o fundou? 

Entrelaços trará ao palco de Teatro Dom Bosco temas diferentes em cada coreografia, mas entrelaçados, ora a turma do Auxiliadora, ora do Dom Bosco. Maria Laura Corrêa dos Santos, de 18 anos, dança desde os 4. "Não é todo dia que se faz 30 anos. Dançar é uma forma de eu me livrar dos problemas, é um hobby levado a sério", traduz. 

A resposta da pequena Melina Viana da Silva, de 10 anos, chega a emocionar. Bailarina desde os 2, ela diz que o balé a vida dela. "A dança é uma arte que eu nunca vou deixar de ter na minha vida". 

Diretora artística, Glaucia Viana da Silva, divide a responsabilidade do espetáculo com Suzana. "É o sonho dela, o projeto dela. Dança não é fácil e começar na escola, mas fazendo nível de academia. Pensa? 30 anos atrás, o balé era elitizado. Ela formou a maioria das professoras de dança hoje", narra Glaucina.

O ingresso para o "Entrelaçados" custa R$ 35,00 e é vendido antecipado no "Só Dança", no Colégio Auxiliadora, entrada do ginásio. O espetáculo é neste sábado (9), no Teatro Dom Bosco, às 19h30. Informações pelo telefone: 3384-2523.

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Suzana com parte da sua família: as bailarinas. (Foto: Alcides Neto)
Suzana com parte da sua família: as bailarinas. (Foto: Alcides Neto)
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