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Artes

Com linguagem de internet, artista espalha amor com desenhos em postes da cidade

Naiane Mesquita | 06/07/2016 07:44
Lucas tem 60 mil seguidores e passou por Campo Grande durante ação publicitária. O que ficou foram os cartazes pela cidade (Foto: Marina Pacheco)
Lucas tem 60 mil seguidores e passou por Campo Grande durante ação publicitária. O que ficou foram os cartazes pela cidade (Foto: Marina Pacheco)

O coração em seu formato verdadeiro e visceral é a marca do designer gráfico mineiro Lucas Aguiar, 28 anos. Com mais 60 mil seguidores no Instagram, ele mantém um projeto que espalha não só amor, mas também frases contemporâneas sobre relacionamentos. O resultado, o artista colou em postes de Campo Grande, pela primeira vez em formato de lambe-lambe.

“Em Campo Grande foi a primeira vez que colei desenhos mesmos nas ruas. Aqui em Belo Horizonte eu colo adesivos com frases. Nem tudo eu consigo desenhar, antes de desenhista, eu me considero escritor, então eu consigo ilustrar a maioria das coisas que escrevo, mas quando não consigo, faço um adesivo com a frase e colo pela cidade”, explica.

Cartazes são contemporâneos e tem a linguagem da internet (Foto: Marina Pacheco)
Cartazes são contemporâneos e tem a linguagem da internet (Foto: Marina Pacheco)

O convite para passar pela cidade surgiu de uma empresa, como parte de uma ação de marketing, uma proporção do trabalho que Lucas nunca imaginou.

“Faço uma espécie de #txturbano, uma campanha que começou em SP e hoje acontece pelo Brasil todo. Adorei a experiência de colar lambe-lambe com os desenhos de fato. Quero fazer mais projetos como esse. Mas, por enquanto, a única plataforma mais real mesmo é a internet. Tenho pretensão de começar a fazer grafite, aí sim acho que vai ser muito legal, ter esses desenhos pela rua de uma forma mais chamativa, que dure um tempo maior que os lambe-lambes. Mas ainda é só um projeto”, planeja.

As frases que acompanham os belos desenhos são muito próximas da internet. “Em caso de saudade quebre o orgulho e use o coração”, diz um dos cartazes. O trabalho que ele desenvolve desde que começou a estudar design surgiu aos poucos e de forma surpreendente até mesmo para o mineiro que teve como primeira opção de carreira a engenharia civil. “Eu saí da engenharia totalmente sem rumo. Não tinha a menor noção do que faria da vida. Já tinha um bom emprego, faltando pouco tempo pra formar, mas a única coisa que eu sabia é que eu estava infeliz. Muito infeliz a ponto de realmente largar tudo sem olhar pra trás”, relembra.

Cartazes colados em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)
Cartazes colados em Campo Grande (Foto: Marina Pacheco)

Depois de seis meses sem perspectiva de um novo caminho, Lucas começou a estudar outras carreiras e por fim, achou melhor se apegar a grade do curso, matérias específicas.

“Olhei a grade de quase todos os cursos, e na do Design Gráfico, tinha história da arte, cultura brasileira, filosofia. Não entrei pelo curso em si, sim pelo que eu ia aprender, eu tinha realmente interesse sobre esses assuntos, porém nenhum contato. Foi quando arrisquei a me jogar dentro do curso e adorei”, conta.

Com o tempo, o desenho que era apenas uma lembrança da infância se tornou uma atividade mais intensa. “Comecei a desenhar todo dia, não eram sentimentos, não era coração. Desenhava qualquer coisa que via e achava legal, eu não criava ainda, só copiava mesmo, pra tentar aprender alguma técnica sozinho, usando desenhos de outros artistas que achava pela internet. Um ano praticando todo dia, entrando cada vez mais nesse universo, a criatividade acaba aparecendo, daí comecei a criar meus próprios desenhos. E como sempre gostei de poesia, de escrever... acabei juntando os dois. Mas, foi muito orgânico e intuitivo, nada planejado. Aconteceu”, descreve.

Os adesivos que Lucas espalha por Belo Horizonte (Foto: Divulgação)
Os adesivos que Lucas espalha por Belo Horizonte (Foto: Divulgação)

O mais impressionante foi na verdade a aceitação das pessoas ao trabalho de Lucas. Para ele, o resultado é decorrente de uma fuga da vida perfeita idealizada na internet. “Esses números de seguidores realmente me assustou, na verdade ainda assusta. Eu achava que o que eu fazia era tão pessoal, tão particular, que nunca imaginei que chegaria tanta gente assim por perto. Eu comecei a desenhar, tinha 500 seguidores, só meus amigos viam. Mas como eu desenhava todos os dias, acabava movimentando as redes. De pouco em pouco foi chegando gente, quando assustei já tinham 10 mil pessoas ali querendo e até cobrando um novo desenho”, explica.

A identificação foi imediata com os internautas. “Eu acho que fiz o caminho contrário das redes sociais, enquanto todos estavam exibindo uma vida feliz e perfeita, através dos desenhos eu mostrava a dor, a fraqueza, o choro. E como todos nós passamos por isso, talvez tenha sido esse o segredo”, diz.

Intenso confesso, Lucas não tem medo de expor sentimentos. “Eu me humanizei e compartilhei para quem quisesse ver, sem vergonha, sem medo. As pessoas se sentem acolhidas com essa identificação, é uma troca: eu crio e elas se identificam, elas se identificando, eu acabo vendo que não estou sozinho também. A arte ta aí pra isso, ou pelo menos a minha, para nos humanizar, seja com a felicidade ou com a tristeza”.

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