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Artes

Do hotel Hilton, ao trailer na Cophatrabalho, minha vida com Helena Meirelles

Lenilde Ramos | 13/03/2016 07:56
Lenilde e Helena.
Lenilde e Helena.

No início dos 90 ouvi falar de Helena Meirelles. Cada história, da Guitar Player ao Pantanal. "Reservei" um colchonete com uma amiga e me mandei para SP. A temporada era no Hilton e Helena se hospedava lá, no 27º.

Na plateia, vi Guilherme Rondon e no camarim ouvi Helena contar do tempo em que trabalhou na fazenda da família dele. No show, ri tanto quanto curti a viola cristalizada na minha infância. "Vamo prosear mais. Vc vai jantar comigo num 'restorante' goiano dos bão". Recusar... quem haveria de...?

Ela, 71, comeu frango com pequi e me intimou a voltar com o grupo para o Hilton. Lembrei do colchonete... putz... já fui! Acabei ficando até a tarde.

De manhã, queria água quente para o mate e não sabia pedir. Incorporei meu mordomo e ela se esbaldou com iogurtes, sucos, queijos, ovos mexidos e mel. No almoço se animou a descer ao restaurante finérrimo. Fiz uma produção nela, bem lindinha. Um par de olhos surpresos nos flagrou e foi testemunha da cena: estava lá almoçando, finérrimo, o amigo Jefferson de Almeida.

À tarde ela intimou a produção a me deixar lá e assim foi por 10 dias. Me lembrei do Armostrong na Lua: "Um pequeno passo..."

No show, ela contava de quanto tocou na zona, casou e teve Francisco lá e apontava o "póprio". Francisco ficava puto em vão. No apartamento. ela já ia baixando as calças a caminho do banheiro e eu dizia: "Olha lá, se vai fazer isso no camarim e alguém tira uma foto... ".

Na despedida falou: "Lenilde, quero rever o meu Mato Grosso que agora é Mato Grosso do Sul. Mas se o povo ficar sabendo, não vai me dar sossego. Estou saindo de uma pneumonia e quero descansar em CG, com meus parentes da Coophatrabalho e também quero rever Aquidauana".

Respondi: "Fica tranquila que eu vou armar isso pra você".

Voltei de Sampa com os telefones dos parentes de Helena. Boa coincidência: o da Coophatrabalho era amigo meu, motorista da Saúde. Ela chegou quietinha e se hospedou lá. Estava fraca e precisava descansar.

A família ia visitá-la e, de noite, sempre rolava um som na varanda. À medida que ia melhorando, Helena ficava mais agitadinha e uma noite falou que ia ali e... sumiu!!! Ventava e fazia frio e ficamos preocupados. Onde ela se meteu?

Não estava em lugar nenhum da casa. Falei pro meu parceiro: "Vamos dar uma volta de carro pela redondeza". Só foi virar a esquina e vimos Helena num trailer de hot dog, rodeada de gente, tocando viola... Catei ela e levei de volta pra casa do parente.

No outro dia ela foi pra Aquidauana e o calor fez bem para os pulmões, que um dia a levaram embora desse mundo.

O último grande show de Helena Meirelles, em 2005 foi no Palácio da Cultura e tive a honra de participar com Marcelo Loureiro, por quem ela era apaixonada.

De manhã, me chamou pra tomar tereré no hotel e fazer um pedido. Cismou que escutava uns barulhos estranhos que vinham de dentro do guarda-roupa. Não teve jeito e me fez convencer o gerente a mudá-la de apartamento. Mudou e deixou o fantasma lá a ver navios... Aprendi muito com Helena Meirelles.

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