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Comportamento

Amigas, "Marias" são de Deus até no nome e cruzam cidade para encontro toda 4ª

Paula Maciulevicius | 02/02/2017 06:05
Dos Anjos, de Jesus e Divina, as três Marias do culto. (Foto: Marcos Ermínio)
Dos Anjos, de Jesus e Divina, as três Marias do culto. (Foto: Marcos Ermínio)

Maria dos Anjos, Maria de Jesus, Maria Divina. As três Marias que lembram de Deus até no nome são amigas de culto. Se encontram toda quarta-feira, às 14h na igreja evangélica perto da pracinha do bairro Piratininga, em Campo Grande. Nenhuma sabe onde a outra mora e o assunto termina no "amém", quando cada uma pega o ônibus rumo ao seu bairro, no Terminal Morenão.

Nem elas tinham se dado conta da semelhança dos nomes, até que foram abordadas em uma entrevista sobre transporte coletivo pela equipe do Campo Grande News. A história chegou tão divertida ao Lado B, que a gente teve de ir lá no culto da Igreja Apostólica Palavra Renovada, na Manoel da Costa Lima. 

Nunca imaginávamos que em plena tarde de quarta-feira, seria difícil localizar as três Marias. Quem é que vai num culto neste horário? Muita gente. As duas primeiras pessoas abordadas, disseram estar ali pela primeira vez. E a terceira foi certeira. Era dona Maria Divina.  

Dona Maria de Jesus sai de casa até debaixo de chuva para culto. (Foto: André Bittar)
Dona Maria de Jesus sai de casa até debaixo de chuva para culto. (Foto: André Bittar)

E ela ficou tão feliz que saiu correndo para chamar as outras duas Marias. Dona Maria de Jesus dos Santos, que só descobri o complemento depois, veio do meio da igreja já com os braços abertos para um abraço. Chamaram até o apóstolo para anunciar que os jornalistas que elas tinham convidado para o culto, tinham ido. 

A mais velha delas é Maria de Jesus, de 70 anos, a senhorinha engraçada tira o riso fácil, fácil. Moradora do bairro Santa Luzia, ela tem sete anos de batizado ali. A do meio, Maria Divina, tem 68 anos, também não é da região, vem da Vila Nogueira e frequenta a igreja mais recentemente, junto de Maria dos Anjos, a caçula de 44 anos. 

"É um trato com Deus que a gente tem. Nossas bençãos nós que vem buscar toda quarta-feira essas horas e no segundo domingo do mês é a santa ceia nossa", explica Maria de Jesus. O trio compartilha da mesma fé, igreja e ônibus. Se é coincidência elas serem três Marias do Espírito Santo, a resposta é bem diferente. "Coincidência não. É mistério de Deus", dizem as três.

"É difícil juntar tudo assim de Maria, não é?", completa a dos Anjos. Diarista, ela explica que vem buscar na igreja se fortalecer "mais e mais" espiritualmente, sob a justificativa de que hoje em dia, é preciso. O significado de cada nome, as Marias sabem de cor. "O meu é mensageira de Cristo e eu acho que tem tudo a ver com tantas coisas e no que tantas pessoas gostam de mim", acredita dos Anjos.

Maria Divina diz que crente não fica só sentado em banco, mas faz muito jejum. (Foto: André Bittar)
Maria Divina diz que crente não fica só sentado em banco, mas faz muito jejum. (Foto: André Bittar)

A de Jesus é a mais empolgada até na hora de falar. "Meu nome é maravilhoso, que chega a arrepiar o couro da cabeça. É um nome purificado da Maria e de Jesus, que é de Emanuel. O Espírito Santo vive direto comigo", prega. 

Ela foi até a igreja buscar nas correntes de oração, a benção da família e da saúde. De resultado? Jura de pé junto que conseguiu quatro "operações do Espírito Santo". "Eu encontrei minha saúde, fui curada da osteoporose, do reumatismo e vim em busca de mais, quero renovar", completa a aposentada.

Divina também é diarista e faz de tudo todos os dias, com exceção das quartas de tarde. "Vim em busca de benção para o meu filho que bebia e quebrava tudo dentro de casa e hoje está tudo bem, graças a Deus", testemunha. 

Quanto ao nome, ela admite que não sabe e também nem tenta poetizar. "Eu não sei porque meus pais puseram, mas eu acho que é uma benção", palpita. 

As três saem de casa por volta do meio-dia e se a chuva está para cair, como no caso dessa quarta, é com Deus que elas conversam direto. "Hoje foi um temporal de chuva, um toró d'água e eu falei: 'senhor, eu preciso muito ir para dentro do templo. Espero que até a hora de eu partir...' Menina, dali meia hora o céu abriu", narra de Jesus. 

O convite para o culto, ou melhor, reunião de bençãos da família persiste e diante de toda pauta do restante do dia, a resposta de uma delas vem em outra hora da conversa. "Nunca pode dizer que não tem tempo para Deus". 

Coincidência? Não, para elas é mistério de Deus. (Foto: André Bittar)
Coincidência? Não, para elas é mistério de Deus. (Foto: André Bittar)

Nas reuniões, Divina explica que muitas são as famílias ali representadas e que se tiver gente orando pela gente, nós estaremos protegidos.  que onde tiver gente orando pelos outros, a família está protegida. "Vocês têm que agradecer, se tiver gente na igreja por vezes, porque com certeza está levando camisa, foto. A gente tem muito livramento por causa das orações", afirma.

A mais tímida delas, Divina, abre a boca para falar que o lugar é tão santo que já viu caderante durante 14 anos levantar e andar até a porta. "E guardar a cadeira no carro. Foi um milagre", se convence e tenta fazer o mesmo. 

"Muita gente fica desfazendo por causa de religião. As pessoas acham que a gente vem na igreja só para ficar sentado. Nada disso, tem que pagar preço. É oração direto, é jejum, é joelho, é leva água e traz água. É um corre-corre que vocês tem que valorizar", puxa a orelha a dos Anjos. 

As Marias confessam que não seria mais difícil serem amigas se não fossem por Deus. "Somos irmãs de fé. Uma mora longe da outra, porque Campo Grande é grande, mas por Deus a gente se encontra", resumem. E se encontram mesmo, toda quarta, 2h da tarde.

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