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Comportamento

Aos 116 anos, o morador mais antigo do São João Bosco ensina sem precisar falar

Aline Araújo | 30/06/2015 06:12
Não é todo dia que se conhece alguém com 116 anos.  (Foto: Marcos Ermínio)
Não é todo dia que se conhece alguém com 116 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

"A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida..."

A fala já não é tão fácil, natural da idade, mas o sorriso e a resposta como um cumprimento com a cabeça é quase instantânea. Não sei se João Domingos da Rosa, o morador mais antigo do Asilo São João Bosco, conhece a letra de "O sol nascerá" de Cartola, mas é uma boa trilha sonora para embalar a chegada de mais um ano em sua vida.

Segunda foi dia de festa junina na casa, que comemorou os aniversariantes do mês, mas esse foi um pouco mais especial. Afinal, não é todo dia que se vê alguém completando 116 anos cheio de saúde e distribuindo sorrisos.

Todos foram arrumados para festa. (Foto: Marcos Ermínio)
Todos foram arrumados para festa. (Foto: Marcos Ermínio)

Natural de Maracaju, João ou Dominguinhos como é conhecido na casa, nasceu em 1899, sempre trabalhou na fazenda, na lida do campo, não estudou, não casou e nem teve filhos.

Depois de trabalhar por muitos anos em fazendas da região, chegou ao asilo em 1993, aos 94 anos. Na época ainda ajudava na copa, com a louça na hora das refeições, depois gostava de sentar na varanda e escutar o canto dos passarinhos, o que faz até hoje.

A visão já não é mais a mesma e as pernas já não tem força para andar, mas seu João ensina todos os dias para as pessoas que convivem com ele, que a vida foi feita para viver de maneira plena.

“Ele sempre está sorrindo, ensina todo o dia que a gente precisa ser alegre, mesmo com as limitações da idade. Sem falar na saúde de ferro que ele tem, se pega um gripe, rapidinho ele se recupera”, comenta a enfermeira Mônica Lima Silveira.

A festa é preparada por um grupo de amigas.   (Foto: Marcos Ermínio)
A festa é preparada por um grupo de amigas. (Foto: Marcos Ermínio)

Só de São João Bosco já são 22 anos. O final de uma vida vivida ali. A psicóloga Selma Negreiros, de 61 anos, que trabalhou os últimos 15 na instituição e hoje é voluntária, acompanhou Dominguinhos boa parte desse tempo.

“Quem trouxe ele foi um antigo patrão, que ele mesmo ajudou a criar. Mas por conta da idade ele não conseguia mais trabalhar. Aqui ele fez a rotina dele, reconstruiu a sua vida”, conta.

O evento feito para celebrar a vida movimenta a casa, a comemoração que tem música ao vivo e muitos quitutes alegra todo mês a vida dos moradores. “Para nós o dia de hoje é muito especial, é um dia de celebrar a vida comemorando juntos. Nosso lema é sempre seguir em frente”, comenta o Diáculo José Carlos Viana, de 53 anos, responsável pelo recanto.

Todos que comemoravam a data foram bem vestidos, trajados de terno e prontos para a festa, realizada por um grupo de amigas que se junta para proporcionar alguns momentos de alegria para os idosos que moram ali. Todo final do mês a comemoração é garantida. Tudo é feito com carinho em troca dos sorrisos sinceros de quem espera todo mês para comemorar a vida.

Sempre alegre, ele ensina quem convive a aproveitar a vida.  (Foto: Marcos Ermínio)
Sempre alegre, ele ensina quem convive a aproveitar a vida. (Foto: Marcos Ermínio)
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