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Comportamento

Campanha pede a volta de Cilineu, amigo recepcionista com melhor abraço da UCDB

Thailla Torres | 24/05/2016 08:10
Em casa, ele diz que agora vai tirar um tempo para descansar e arrumar a própria residência. (Foto: Alcides Neto)
Em casa, ele diz que agora vai tirar um tempo para descansar e arrumar a própria residência. (Foto: Alcides Neto)

O sorriso e a simplicidade de Cilineu Eugênio de Oliveira, de 57 anos, é o que está fazendo falta para os alunos que passam pelo Labcom (Laboratório de Comunicação da UCDB). Ele era recepcionista e adorado, graças à simpatia. Mas na última sexta-feira foi demitido, o que gerou comoção entre universitários e ex-alunos. Tanto, que eles criaram campanha no Facebook pedindo a volta do funcionário querido.

Ele trabalhou durante 14 anos na instituição, começou como servente de obra e em pouco tempo foi remanejado para outros setores. Ficou na portaria, na gráfica, na correspondência e só então foi para o Labcom, onde estava há cerca de 10 anos, recepcionando alunos, professores e visitantes.

Emocionado, Cilineu diz que ficou surpreso com as homenagens. “Eu nem sei se sou merecedor de tudo isso”, diz, humilde como sempre. Mas ele merece e muito. “Pra mim foi uma surpresa, mas isso acontece e a gente fica meio triste, porque a gente se apega muito, mas eu sabia que um dia iria sair e esse dia chegou”, comenta. 

Rafaela sente saudades do abraço de Cilineu. (Foto: Arquivo Pessoal)
Rafaela sente saudades do abraço de Cilineu. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sem emprego e morando sozinho, ele ficou com a saudade e os amigos que fez durante todo esse tempo. “Sinto que fiz a minha parte e era apenas um recepcionista, não sabia que era tão importante para eles. Tudo que eu fiz foi ser amigo, dar um abraço, um ombro quando alguém precisava. Porque muitas vezes um pai não tem tempo de falar com o filho e se eles precisassem, eu dava minha palavra”, revela.

Apesar da tristeza em estar longe do trabalho, ela diz ter gratidão por todos os anos de trabalho que deu a ela a oportunidade de formar um filho. “Foi uma empresa ótima e eu não tenho o que me queixar. Era minha segunda casa e lá eu consegui uma bolsa de estudos para meu filho James Dias, de 24 anos, que hoje é um enfermeiro”, agradece.

A dedicação ao ofício foi motivo até para homenagem como nome de turma em 2007. Também não passava sem festinha o dia do aniversário de Cilineu, sempre com bolo surpresa.

Agora, longe da universidade, ele passa o tempo em casa e avisa que vai aproveitar uns dias para descansar. "Vou tirar uns dias para descanso em casa e arrumar umas coisas aqui, que já faz tempo que eu precisava fazer". 

Campanha - No entanto, no Facebook, alunos não aceitaram tão bem a demissão. Fizeram um evento com pedido “Cilineu volta pro Labcom”, que já tem mais de 700 participantes. As mensagens são de tristeza, saudade e também agradecimento pelo o que ele representou, mas a maioria deseja ter Cilineu novamente na recepção.

Os comentários deixam isso claro. “Cilineu foi, por muitas vezes, o primeiro bom dia ou boa tarde de muita gente, é impossível imaginar o LABCOM sem essa figura incrível!”; “O Labcom precisa do sorriso e do bom dia do Seu Cili”; “Falta pouco pra ele se aposentar e todos acreditamos que ele deve se aposentar sentado na sua velha cadeira quebrada na portaria”.

Marithê Lopes ia ao laboratório para abraçar o amigo.
Marithê Lopes ia ao laboratório para abraçar o amigo.

Para Isabela Barreto, de 21 anos, que está no último ano de Jornalismo, o início da semana foi de tristeza. “Ele é uma pessoa que foi muito querida, sempre deu força pra gente. Fazia até chá de gengibre. Me deu força quando, consegui o primeiro estágio”, comenta.

E reforça a importância do amigo. “As pessoas as vezes se esquecem disso, mas ele não era apenas um funcionário. Quando eu cheguei segunda-feira na faculdade e não vi ele na cadeira, eu desabei”, lamenta.

Formada em Publicidade e Propaganda, Rafaela Iwassaki, de 25 anos, lamenta a ausência. “Nossa, ele era como se fosse nosso pai, eu amava demais, acho que ele é um cara que tem que voltar. Ele faz parte da história da UCDB e eu fiquei muito triste quando fiquei sabendo”, diz.

“O Cili não era porteiro do Labcom, ele era o abraço, o sorriso e a melhor receptividade daquele lugar. Às vezes, nem tinha nada pra fazer lá, mas eu fazia questão de passar pra dar um abraço no tio Cili. UCDB deu um tiro no pé por demitir o trunfo Cilineu”, declara a jornalista Marithê Lopes, de 24 anos.

O Lado B entrou em contato com a assessoria da UCDB, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta. 

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Cilineu e alunos da turma de jornalismo de 2014. (Foto: Arquivo Pessoal
Cilineu e alunos da turma de jornalismo de 2014. (Foto: Arquivo Pessoal
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