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Comportamento

Com ajuda de bombeiros, rapaz aceita tratamento e pode sair das ruas após 2 anos

Ângela Kempfer | 27/03/2014 14:44
Foto postada em janeiro, do rapaz no cruzamento da Afonso Pena com a Ernesto Geisel. (Foto: Thiago Kalunga)
Foto postada em janeiro, do rapaz no cruzamento da Afonso Pena com a Ernesto Geisel. (Foto: Thiago Kalunga)

Samuel hoje tem 18 anos, mas há algum tempo teve o nome resumido a um “S”, porque ainda era menor de idade e ficava perambulando pelas ruas, pedindo dinheiro para comprar drogas. Um dia, da janela do apartamento, o bombeiro Thiago Kalunga viu a cena do menino se arriscando entre os carros, sem noção do perigo, completamente entorpecido.
Ali, as coisas começaram a mudar.

Ele conversou com o rapaz e os relatos foram parar nas redes sociais. "Madrugada de 29 para 30 de janeiro, 2 horas da manhã. Ao me deitar olho pela janela e mais uma vez vejo esse garoto entrando na frente dos carros pedindo dinheiro para sustentar seu vício. Não resisti, desci e fui conversar com ele", postou à epóca.

O bombeiro se envolveu a tal ponto com a tragédia pessoal daquele menino que conheceu até a família, em Campo Grande e Terenos. Mas Samuel continuou nas ruas, acompanhado pelo “vizinho” da janela, no cruzamento da avenida Afonso Pena com a Ernesto Geisel. Com o apoio dos também bombeiros Mara Lubas e Murilo Segato, por várias vezes tentou encaminhar o rapaz para tratamento, mas Samuel não concordava. Até que, finalmente, ele decidiu aceitar.

“Conversamos várias vezes, mas ele sempre estava sob efeito de droga. Sai de férias, mas o casal de amigos continuou procurando ele, até que o próprio Samuel pediu ajuda”, conta Thiago.

Samuel dormindo na rua. (Foto: Thiago Kalunga)
Samuel dormindo na rua. (Foto: Thiago Kalunga)

“Tava vendo a morte”, resume Samuel, agora na casa da avó, no bairro Aero Rancho. Na avaliação dele, a sensação era de que tudo era “muito fácil” na rua. “Eu pedia e as pessoas me davam dinheiro, não sei se por que ficavam com medo. Eu juntava uma grana naquele farol”.

Samuel diz que várias pessoas deram “puxão de orelhas”, ofereceram ajuda, por isso não sabe explicar porque atendeu ao convite de Thiago, Murilo e Mara. “Acho que eles insistiram. Me deram a mão e eu resolvi ser alguém melhor”, comenta.

O rapaz lembra que certa vez ficou em uma clinica por 6 meses, mas “a liberdade falou mais alto”. Agora, se apegando ao divino, tem fé que será diferente. “Não quero mais a vida que eu tinha. Ficava 4 dias varados, sem comer, só no veneno”, lembra o jovem que hoje pesa 58 quilos.

Para Samuel, o caminho sugerido foi a igreja. Há 3 semanas frequenta as reuniões da Batista Peniel, ao lado de Mara e Murilo. “Vai direitinho, participa. Precisa disso para depois não desistir do tratamento”, argumenta Mara.
O marido, Murilo, também enfrentou as drogas em 2009, passou pela instituição mantida pela igreja e agora sente a necessidade de ajudar.

Samuel também tem feito exames e recuperação dentária via SUS. O próximo passo será ir para Três Lagoas, “onde fica um dos melhores centros de recuperação, o Desafio Jovem Peniel. Nós o levaremos”, comenta Thiago.

Antes, os amigos precisam providenciar um “enxoval”. A família é muito humilde, a mãe teve AVC, está bastante debilitada e os filhos, irmãos de Samuel, ficaram sob os cuidados dos tios.

Começa ai uma vaquinha solidária para reunir a lista de pedidos da instituição. É preciso ajuda mensal para alimentação, no valor de R$ 200,00 e também deixar cautelada passagem de volta para cidade de origem, no caso, de Três Lagoas para Campo Grande.

Na relação de itens estão mais 4 cartões telefônicos, 6 pacotes de erva de Tereré, 1 cadeado, 100 folhas sulfite A4, 1 Bíblia (Sociedade Bíblica Do Brasil – Revista E Atualizada), 1 caderno de 10 Matérias e 1 caderno de 60 folhas, 8 canetas azuis, 5 pretas, 5 borrachas, 10 lápis pretos, 1 pasta, 20 selos e 20 envelopes, 1 prato, 2 lençóis e 2 fronhas, 1 cobertor, 1 travesseiro, 2 toalhas de banho e 2 de rosto, 1 balde grande, 1 saco se pano para guardar roupas sujas, 12 barras de sabão, 8 caixas grandes de sabão em pó, 1 escova de lavar roupas, 14 lâminas de barbear, 8 desodorantes em pasta ou bastão, 1 dúzia de prendedores de roupas, 20 sabonetes e 1 saboneteira, 4 buchas de banho, 1 cortador de unhas, 1 pente, 10 pastas de dentes, 2 escovas de dentes, 15 rolos de papel higiênico, 4 bermudas longas ( ou calças cortadas no joelho), 6 camisetas para trabalho, 1 botina para trabalho 1 chinelo, 7 cuecas, 2 calças para trabalho, 2 roupas pra dormir, 3 camisas ou camisetas, 2 calças, 1 tênis ou sapato, 1 anador gotas, 1 envelope de A.A.S. adulto, 1 Coristina “D”, 1 caixa de Binotal 500 mg com 12 comprimidos, 1 colchão de D28.

Quem quiser ajudar, deve ligar para os telefones 8409-6969 e 9161-4448.

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