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Comportamento

Com pouca privacidade e muita história, pensionato é opção para morar sozinho

Evelise Couto | 05/03/2015 06:45
Kilza Mathias (de vermelho), na época em que viveu em pensionato.
Kilza Mathias (de vermelho), na época em que viveu em pensionato.

Então você decidiu morar sozinho, não é? Ou melhor ainda, não teve jeito e você vai precisar se virar longe da casa dos pais. Seja por conta de uma faculdade em outra cidade, um emprego novo ou qualquer que seja a sua motivação, uma opção muito escolhida por quem decide morar só são os pensionatos.

Uma das vantagens é que quem mora em um pensionato não precisa por exemplo se preocupar com a conta da luz, da água, da internet e tampouco com seus vencimentos, uma vez que você acaba pagando mensalmente pelo pacote todo. Os preços variam de acordo com o que cada lugar oferece e também pela divisão ou conforto dos quartos.

Outro fator que chama a atenção é o jeito de casa que grande parte deles apresenta. Assim fica, de certa forma, mais fácil encarar essa vida de quem precisa se virar sozinho. Além disso, morar com mais gente na mesma situação que você ajuda muito, é o que confirma a empresária Aline Shinzato que morou em pensionatos em Maringá e em São Paulo, onde dividiu moradia com outras 40 garotas. “Aprendemos juntas a enfrentar as dificuldades do dia a dia sozinhas, sem os pais para ajudar. Com isso surgiam afinidades e as meninas davam força umas para as outras”, explica.

O companheirismo facilita também para quem precisa se situar em uma nova cidade. A empresária Kilza Mathias conta que quando foi morar em Curitiba, as meninas que já viviam por lá foram uma mão na roda ensinando qual o melhor caminho para o cursinho, o melhor supermercado para fazer compras, restaurantes com bons preços, as linhas de transportes públicos a serem usadas e outras informações que ajudaram muito, principalmente no início.

Mas nem só de vantagens é a vida de quem mora em pensionato. Privacidade, por exemplo, pode ser um problema e você talvez tenha que aprender a ser uma pessoa mais tolerante. Tente ser otimista e pense que isso pode ser ótimo para o seu amadurecimento espiritual, hehehe. Aline conta que precisava dividir o banheiro com mais sete meninas. “De manhã, sempre tinha disputa para tomar banho. Quem acordava mais cedo, tinha mais chance. Além disso, os quartos eram bem próximos uns dos outros, então dependendo do tom de voz ouvíamos as conversas. Quando não conseguíamos estudar ou dormir por causa dos barulhos, a gente gritava SILÊNCIO!!! SHHHH!!!”

Porém, se você não é lá muito sociável e preza por sua individualidade, não entre em pânico. Alguns oferecem quartos individuais com banheiros privativos e até frigobar. Ufa!

Ainda assim, se você especula morar em um pensionato tenha em mente que sua vida será bastante movimentada. A advogada Evelyn Guesser, lá de Curitiba, conta que chegou a morar em um onde viviam nada menos que 100 mulheres e 20 homens, em duas alas separadas. Imagina o barulho! Lá viviam pessoas das mais diversas faixas etárias e com motivos muito diferentes para estarem ali, alguns eram estudantes, mas havia também senhoras que não queriam morar sozinhas, uma mulher que perdeu a mãe e não aguentava morar no mesmo apartamento e também pessoas de passagem pela cidade.

Então se você é um dos que pretendem iniciar sua vida de casa de um alugando um quarto em um pensionato, uma boa dica é pesquisar bem sobre o lugar. Procure se informar com pessoas que vivem ou já viveram lá, como funciona a questão dos preços e o funcionamento e regras do local. A preocupação com a localização também é importante, detalhes fundamentais como a segurança dos arredores e do lugar em que você vai morar não devem ser deixados de lado.

Ah, e não se esqueça que depende muito de você também saber qual tipo de lição pode tirar dessa experiência. Pode ser um início na sua jornada pela independência, mas, mais que isso, pode ser uma boa oportunidade de conhecer diversas histórias de vida e quem sabe levar amizades e muitas memórias na bagagem.

*Evelise Couto, jornalista, colaboradora do Lado B e criadora do blog Casa de Um.

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