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Comportamento

De segunda a segunda, arquiteto acompanha o passar das gerações na balada

Paula Maciulevicius | 20/09/2013 06:29
As fotos acima do piano mostram as várias tribos com quem ele já festou em Campo Grande. (Fotos: João Garrigó)
As fotos acima do piano mostram as várias tribos com quem ele já festou em Campo Grande. (Fotos: João Garrigó)

A idade ele não revela. Prefere que continue como mistério. Mas dá para dizer sem entregar que ele já entrou na casa dos 50. O arquiteto Nelson Barbosa Guimarães é personificado certa música dos tribalistas. É de todo mundo e todo mundo é dele também. Em sua casa, o piano, um dos instrumentos musicais a que se dedica, tem como decoração fotos de várias épocas de saídas. Dos amigos e já dos filhos deles, a demonstração de que Nelson acompanha o passar das gerações na noite.

Ele não gosta de ser chamado de boêmio, prefere dizer que leva o cotidiano com qualidade de vida. Encara a rotina como sendo sexta-feira e tem na agenda a noite como prioridade do dia. O círculo de amizades não tem começo e fim, vai desde os que estão na mesma faixa etária, até os ‘teenagers’, como ele define, a galera que acabou de completar 18 anos. É uma animação com a vida, que vale ser contada pelo Lado B.

O mais incrível é que ele não procura por isso. Sai à noite sozinho se for o caso. Tem pra si aquela de que não se pode esperar companhia pra ir ao cinema, se não está sujeito a ver o filme sair de cartaz.

“Tenho várias tribos. Os da minha idade já morreram. Brincadeira, estão casados, o que é quase a mesma coisa”, brinca de novo. “A vida da gente é tão curta, é preciso aprender a dizer não para as coisas chatas, para as pessoas, se não você não vive a sua vida. Eu procuro ser assim no trabalho e nas amizades. No nosso cérebro é a gente que manda e para mim, todo dia é sexta-feira e assim eu trabalho bem melhor”, ensina.

Nelson está mais como exemplo de que a gente atrai o que transmite. Nelson é como imã, quem se achega, vem pra ficar. Como sai de segunda a segunda, às vezes só para pensar num trabalho, virou rotina ter gente puxando papo ou mensagens pelo celular dos amigos perguntando por onde ele anda aquele dia. O apego aos lugares fez com que o expediente de terça fosse cumprido no Mercearia, quinta o Território do Vinho e sexta o Twist.

Na balada de segunda a segunda, ele criou a rotina de acordar como se todo dia fosse sexta e viver cercado de mulher bonita.
Na balada de segunda a segunda, ele criou a rotina de acordar como se todo dia fosse sexta e viver cercado de mulher bonita.

Vindo de São Paulo, Nelson começou a sair em Campo Grande na década de 90 e desde então nunca mais parou. A primeira turma foi de arquitetos, depois vieram jornalistas, devido a proximidade com o bar Park’s Burger, rua onde morou por um tempo.

Da noite, da boêmia, é que ele tira inspiração para os projetos. A maioria deles são do que mais gosta, bares e restaurantes. Nelson assinou muitas plantas de opções de lazer que abriram e fecharam as portas por aqui.

Como ele cai na balada há anos, viu de perto o abrir e fechar de casas noturnas e tem na memória o eleito como melhor de Campo Grande, quando a esquina na Pedro Celestino com a Cândido Mariano abrigada o Madalena.

A própria casa também já serviu de cenário pra várias festas. Estas, para amigos mais íntimos. “Nisso, sou conservador. Minha casa é meu templo”, diz. O quintal foi preparado para isso, com freezers desenhados por ele mesmo, para gelar a bebida e conservar a carne do churrasco.

Nelson admite que é raro ver alguém da geração dele sair, geralmente o número de baladas se restringe a uma por mês. Ao mesmo tempo em que se considera ‘jurássico’, conversa de igual para igual independentemente da idade. “Sou muito inquieto. Não gosto da mesmice, tendo o mínimo de cultura, dá pra poder conversar”.

O que vale matéria com Nelson é a lição que ele tem pra passar como vida. A insônia que o acomete não é problema. Acabou como justificativa para ter os olhos voltados para a noite.

“Para mim é o hoje. O que eu ganho, gasto, viajo. Não fico guardando, mas não torro. Vivo com qualidade de vida. Eu digo que eu não vivo na noite, a noite é quem vive em mim”. Como um laço de dependência que já dura 23 anos de geração em geração.

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