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Comportamento

Galeria mais tradicional do Centro de Campo Grande é reduto dos tatuadores

Anny Malagolini | 17/12/2013 06:49
Galeria fica entre a avenida Afonso Pena e a rua 14 de Julho (Foto: Marcos Ermínio)
Galeria fica entre a avenida Afonso Pena e a rua 14 de Julho (Foto: Marcos Ermínio)

Os três corredores que únem as galerias São José e Dona Neta são principal reduto dos tatuadores em Campo Grande. Há salões de beleza e lojas de varejo, mas o som que domina é o das agulhas. Por isso, os "tatuados" também são boa parte dos personagens que passam pelo espaço.

São oito estúdios e quase 20 profissionais espalhados pelas salas comerciais. Na maioria deles, as tatuagens custam a partir de R$ 80,00, para desenhos pequenos, como estrelas e corações, por exemplo.

Quem deu o ponta pé inicial foi o lojista Augusto Reimbach, de 53 anos, há mais de dez anos. Quando ele chegou, o local reunia os principais profissionais da época, como Arnaldo, Branco e Jhonny.

Agora Augusto tem dois estúdios, um ao lado do outro, no piso superior de uma loja de bijuterias e outra de artigos de rock, também propriedades dele.

A ideia foi criar um estúdio para que o filho trabalhasse. Deu mais do que certo. O filho, hoje o tatuador Lennon, abriu o próprio estúdio, virou vizinho do pai e se tornou um dos mais requisitados profissionais da cidade. “A preferencia é dele, mas os preços são mais altos”, diz Augusto.

Lennon lembra que ajudava o pai no estúdio paralelamente, já que fazia faculdade. Ele não se formou, e com o dinheiro que o pai dava para pagar a faculdade, ele começou a comprar o material para montar o próprio estúdio.

Dividir o lugar com tantos profissionais no mesmo ramo, para Lennon não significa concorrência. “Cada tatuador tem um estilo, e tem indicação, não são os mesmos clientes”. O problema, segundo ele, é a choradeira pelo desconto. “O cliente acha que tem que ter o mesmo preço. Vão de loja em loja atrás de um preço baixo”. Para ter um trabalho dele no corpo, o minimo cobrado é R$ 100 e valor vai até R$ 350,00 por sessão. 

No estúdio, Lennon é o único a tatuar, mas conta com a ajuda de um “aprendiz”. Ele ensina o ofício sem cobrar nada, e a pessoa o ajuda como assistente.

Augusto Reimback já está na galeria há mais de dez anos (Foto: Marcos Ermínio)
Augusto Reimback já está na galeria há mais de dez anos (Foto: Marcos Ermínio)
Tatuagens na  “Hard Work” custam a partir de R$ 80,00 (Foto: Marcos Ermínio)
Tatuagens na “Hard Work” custam a partir de R$ 80,00 (Foto: Marcos Ermínio)

O tatuador Hugo Guaracy, 32 anos, outro dono de estúdio na Galeria Dona Neta, “rodou” a cidade em busca de um ponto, e escolheu o lugar para abrir o “Hard Work”, ao lado dos amigos Thom Rech e do barbeiro Renan Reggiani, de 27 anos.

Ele explica que resolveu trabalhar na galeria há três anos, após perceber o grande número de clientes que Lennon dispensava. “Era muita gente que ele não tinha tempo de atender”, comenta.

A demanda do vizinho fez o concorrente vingar. “Ele atende com hora marcada, então os clientes de 'rua', como são chamados os que aparecem sem aviso, vão para o estúdio”, completa. Hoje, o local também funciona com agendamento.

Por ser um dos principais pontos de comércio de Campo Grande, já que a galeria fica entre a avenida Afonso Pena e a rua 14 de Julho, o aluguel não é barato, custa R$ 1 mil. Mas Hugo diz que compensa. “O local deu visibilidade ao trabalho, já é referência”.

Para baratear os custo, no piso superior funciona a barbearia do colega, um lugar também preparado para um público mais descolado, com corte a R$ 15,00.

Com o aumento de estúdios, o número de frequentadores também subiu e a “galera alternativa” se tornou frequente. Quem trabalha ali nota a diferença, mas não reclama “No começo até me assustei, mas são bem tranquilos”, comenta Francielly Vieira, de 19 anos, que trabalha em um salão do local.

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