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Comportamento

Garotada do rap mostra público forte da cultura hip hop em Campo Grande

Anny Malagolini | 26/04/2014 21:26
O evento teve 18 atrações musicais além de dança e grafite (Foto: Simão Nogueira)
O evento teve 18 atrações musicais além de dança e grafite (Foto: Simão Nogueira)

Numa cidade em que a ostentação é grande e o comercial é a maior atração para quem quer se divertir, o que resta para quem faz parte de movimentos paralelos, como da cultura de rua? Na segunda edição do evento “Expressão de Rua”, a garotada que gosta prova que há um público forte para o estilo em Campo Grande. Não só na música e na dança, eles deixam claro que são da turma do grafite e do rap mostrando na roupa e na lista de locais que frequentam.

Quer ouvir rap? É só “colar” – gíria usada por eles, em praças e parques da cidade. É no espaço público que os artistas de rua se revelam e se unem com os amigos que também fazem parte de um grupo quase rebelde, se for levar em conta a rejeição a muitos padrões de comportamento, apesar de investimento para ficar com os ares da periferia.

O evento realizado na Praça do Rádio Clube trouxe o pessoal da zona norte a sul da cidade, para ouvir rap dos grupos que nasceram na periferia de Campo Grande e que, sem pretensão, levam as rimas ao palco.

Os versos são de protestos. O funcionário público Hudson Falcão, de 27 anos, mostra que a história não é só coisa de meninada. Ele integra o grupo “Classe A”, com o amigo Lucas Matos, de 18 anos, mais conhecido como “Mano Duende Verde”.

A união dos dois MCs começou este ano. Lucas comenta que ele e Falcão moram na mesma rua, no bairro Azaleia, na zona Oeste, e decidiram unir o talento à vontade de fazer rap. “A gente se encontra nas praças. É na rua, é de lá que sai o nosso som. Não é badala”, diz.

Falcão lembra que há dez anos o movimento em Campo Grande era muito menor e mais limitado do que é. “Hoje a internet colabora, as pessoas marcam encontro mais fácil, mas a praça continua sendo o ponto de encontro”.

Estilo da maioria das meninas do rap (Foto: Simão Nogueira)
Estilo da maioria das meninas do rap (Foto: Simão Nogueira)

O grupo Prontuário ZN foi criado na zona norte da cidade, entre os bairros Nova Bahia e Mata do Jacinto. Compõe versos com discursos contra a marginalidade, sobre política, mas também fala de perseverança. Assim, conseguiram um espaço. O sonho dos 4 amigos é de um dia viver de rap e, pela empolgação, a ideia pode dar certo.

No dia 17 de maio, vão se apresentar no interior do Rio de Janeiro. Apesar de a data estar marcada, a passagem ainda não. Eles contam que o convite surgiu pela internet. Eles aceitaram, com o combinado de que iriam ficar na casa de amigos na cidade e que ganhariam a alimentação, mas o transporte tem que ser por conta do grupo. “Nós vamos, mesmo que seja pedindo carona”, afirma Alexandre Paz, de 22 anos, que canta ao lado dos amigos Renan de Freitas, 20 anos, Luiz Felipe, de 22 e Lucas Calado, de 19 anos.

Alisson dos Santos, de 20, mora na zona Sul, na região do Aero Rancho, e é por lá que se reúne com os amigos para dançar street dance, outro elemento da cultura hip hop. Quem quer se reunir para dançar, todo final de semana, no Parque Aírton Senna, pode colar no grupo “Meta Crew”.

Ele conta que descobriu o rap ouvindo flash back em bailes que costuma frequentar na companhia dos pais na infância. "A similaridade entre os dois estilos é grande", diz. De Michael Jackson chegou a dança de rua.

“No estilo” - Se ainda insistem em dizer que o estilo de rua é coisa de maloqueiro, as meninas do “rolê” mostram com as roupas "bem pensadas" que participar do movimento também requer estilo.

Boné de aba reta é acessório quase indispensável para os meninos. Camiseta larga, calça justa e tênis é a vestimenta da maioria das meninas, que não se importam em não mostrar as curvas do corpo para chamar a atenção.

Com apenas 13 anos, a estudante Rafaela Vieira já acompanha o movimento hip hop e mostra no estilo a opção. O tênis é importado, custa mais de R$ 400,00. “Tem que usar, é a moda”, justifica.

A amiga, também estudante, Amanda Vasques, de 16 anos, conta que as camisetas são masculinas. "Tem que ter estilo".

Grupo Prontuário ZN (Foto: Simão Nogueira)
Grupo Prontuário ZN (Foto: Simão Nogueira)
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