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Comportamento

Mães de gêmeos, o que Marina e Denise mais querem é ouvir choro de bebês em casa

Paula Maciulevicius | 30/03/2016 06:12
Na maternidade, enquanto tentavam segurar os bebês mais um tempinho, Denise e Marina.
Na maternidade, enquanto tentavam segurar os bebês mais um tempinho, Denise e Marina.

Quando Lorenzo e Fabrizio chegaram, junto deles nasceram duas mães: Marina e Denise. Há três semanas, os gêmeos estão na UTI neo-natal da Maternidade Cândido Mariano. Na barriga de Denise, eles eram três, mas só dois viram as cores do mundo do lado de fora. Pietro virou anjo, e a felicidade agora continua dupla, assim como a vontade de tê-los em casa é infinita.

Marina Dalla é uma das figuras mais conhecidas de Campo Grande, pela voz e violão nos barzinhos da cidade. Foi assim que conheceu Denise, quase 10 anos atrás. Casadas estão há oito anos, mas no papel só desde outubro, para legalizar a relação diante da documentação que viria depois dos nove meses de gestação.

Foram duas tentativas de engravidar, a primeira delas de inseminação que não deu certo, para depois passarem pela fertilização. "Veio adoção também, mas ela (Denise) queria tentar primeiro e conseguiu, até demais. Quando veio, veio de uma vez", brinca a mãe Marina Dalla, de 35 anos.

Dos três ensaios programados, as mães tiveram tempo de fazer apenas um. (Foto: Estúdio Krugel)
Dos três ensaios programados, as mães tiveram tempo de fazer apenas um. (Foto: Estúdio Krugel)

Foi Denise quem fez todo o procedimento. Num resumo leigo, Marina narra que na fertilização, retira o óvulo, fertiliza e depois "devolve". "Eu nunca tive vontade, era uma coisa que ela tinha, de ter barriga. Eu sou apaixonada por criança, mas nunca foi ideia de eu ter barriga", esclarece Marina.

O processo em Denise começou com uma estimulação, de tomar injeções na barriga por um longo período. "Dependendo eram três por dia, para ir aumentando os folículos. Depois tem a coleta, faz a aspiração do que serão os óvulos e vê quantos têm o tamanho correto e estão aptos. Usaram quatro, dois eu implantei e dois foram congelados", explica a fisioterapeuta e estudante de Medicina, Denise Brown, de 32 anos.

Depois de transferidos, foram 11 dias até fazer o primeiro exame, de sangue, normal para confirmar a gravidez. "A médica até brincou, dizendo 'você está bem grávida'", recorda. A primeira ultrassom foi feita na quinta semana e já constatou que seriam gêmeos, só que só dois. Apenas na 12ª semana que viram que um havia se dividido e Denise e Marina esperavam trigêmeos.

O pezinho de Fabrizio.
O pezinho de Fabrizio.

"Foi uma loucura", resume Marina. Univitelino era só Lorenzo, Pietro e Fabrizio seriam idênticos se o primeiro tivesse sobrevivido.

A ideia era de fazer, ao longo dos nove meses de gestação, três ensaios fotográficos para registrar o crescimento da barriga. Só deu tempo de fazer um. Na 25ª semana, Denise acordou de madrugada com a bolsa estourada, tal qual como uma mãe no nono mês.

"Levantei e aí que foi mesmo, porque eram três bolsas, então tinha muito mais líquido. Cheguei à maternidade com líquido ainda saindo", conta Denise. Foram duas semanas internada na tentativa de segurar a gestação mais um pouquinho. Não deu e aos 6 meses, Denise foi para a sala de cirurgia, no dia 8 de março, por volta das 8h da noite.

No momento de nascer, as duas sabiam de todas as consequências que os bebês poderiam ter por serem prematuros. Pietro foi o primeiro a ser retirado, natimorto. Lorenzo o segundo, para o terceiro, foram apenas três minutos e Fabrizio veio ao mundo terminando o parto.

A preocupação de tirar logo e levar para o respirador e incubadora fez com que não existisse aquela "apresentação" dos bebês às mães. Os médicos até perguntaram como elas queriam fazer, mas pensando na saúde do trio, Marina dispensou. "A gente sabia que tinha que cuidar, então era melhor levar logo e até porque nasceu um atrás do outro", recorda a cantora.

A mãozinha de Lorenzo.
A mãozinha de Lorenzo.

Não houve tempo para fazer chá de fralda, nem nada. Somente os nomes já estavam escolhidos desde quando a ultrassom apontou que eram três. As visitas aos bebês são diárias, dentro dos horários e também quando as mães quiserem.

Sobre qual foi o momento mais emocionante de tudo isso, cada mãe o enxerga de uma forma. "O resultado do exame de sangue, que tinha dado certo. Ali era a diferença de estar ou não estar grávida", diz Denise. Para Marina, tudo foi muito confuso. "Quando descobrimos que ela estava grávida, foi uma felicidade absurda. O parto foi fantástico, mas ao mesmo tempo mega triste. É uma confusão de sentimentos muito grande, eu fico tentando me fortalecer, dizendo que tem dois, a felicidade está dupla ainda e tem um anjinho lá, cuidando dos outros".

Não há uma previsão de quando eles deixam o hospital. Nem no colo as mães puderam pegar ainda. Só com a mãozinha dentro da caixinha de acrílico. Fabrizio está com 785g e Lorenzo, 860. Primeiros netos dos dois lados, os gêmeos devem ganhar, em breve, uma bela canção vinda da mãe Marina. Por enquanto, o desejo é um só.

"Quando eu puder sair com eles? A primeira coisa que eu penso e queria era escutar o choro. Podia berrar a noite inteira na minha orelha, porque nem isso a gente consegue ouvir. Para mim, a expectativa é o choro, chorar já estava bom".

Denise, que conhece a realidade por ser da área de saúde e acadêmica de Medicina, faz as vezes de leiga. Tenta não perguntar e nem pensar nas complicações. "É um dia de cada vez. Nasceu, o que quer agora? Vencer as primeiras 72h. E agora? Esperar o choro. Vamos indo devagar..."

Nesta quinta-feira, a mãe Marina faz um "Show de fralda", um chá aberto ao público no Jack Music Pub. Quem levar uma fralda, ganha uma cerveja. Informações pelo evento no Facebook.

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