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Comportamento

Nem o uniforme consegue apagar a personalidade nas lanchonetes da cidade

Anny Malagolini | 29/01/2013 09:48
Um óculos já impede que as atendentes fiquem idênticas (Foto: Luciano Muta)
Um óculos já impede que as atendentes fiquem idênticas (Foto: Luciano Muta)

São cinco, dez minutos ou até uma hora, todos os dias em frente ao espelho, o de casa ou atrás do balcão mesmo, para o cliente não perceber. Mesmo com a imposição do uniforme na maioria das lanchonetes de Campo Grande, as atendentes conseguem ser diferentes diante do mesmo, nem que seja no detalhe.

É o estilo de cada uma, a moda, que ao contrário da critica, no lugar de padronizar, expõem as diferenças.
O batom forte na boca mostra força. Um pequeno brinco é a delicadeza. São detalhes mínimos para identificar quem está ali, atendendo mais de 8 horas por dia, em alguns casos, e quase não é notada.

É só ter a vontade de observar para descobrir como é bacana a tentativa de mostrar quem cada um é. Desde o rapaz responsável pelo parquímetro, que deixa a gola da camisa do uniforme em pé, para se destacar, ao lado da colega de trabalho de cabelo vermelho.

Nos bares, para mostrar a personalidade, vale até o que pode parecer exagero, como nos cílios bem coloridos, brilhantes, ou a sobrancelha pra lá de marcada...

Elaine Garcia, de 30 anos, perde 1 hora diariamente em frente ao espelho se maquiando. Economiza no tempo de escolha da roupa, já que não resta nada além do uniforme que tem como variação somente a cor: branco ou amarelo. Mas até isso elas querem mudar.

“Já estamos pedimos um vermelho, é mais feminino”. Esse é o pedido a patroa das mais de cinco funcionarias de uma lanchonete de comida chinesa do Pátio Central. Para Elaine, a maquiagem é uma forma de mostrar que além de profissional também é mulher. “Não sou apenas um robô, sou um ser humano, com vontades e truques”.

Como outras colegas pela cidade, ela exibe nova tendência, unha “filha única”, com 8 de uma cor e duas de outra.

“Tem que ter o básico, senão a gente assusta o cliente”, brinca Silvana sobre a vaidade. Aos 36 anos, é atendente em uma pastelaria desde 2008. Retocar a maquiagem a cada hora é um das obrigações e entre um pedido e outro da uma olhada no espelhinho para ver se está tudo certo. “Apesar de ainda ser solteira, o cuidado arranca elogios dos clientes”, comemora.

Juliana Silva de Jesus, de 33 anos, abre o sorriso ao contar que a preparação do visual do trabalho começa cedo, mas não só pela vontade de ficar bonita. Às 5 da manhã já enfrenta ônibus cheio para ir trabalhar, mas adianta: “Venho de ônibus, mas venho maquiada, com direito a sombra e blush”. O piercing na língua só é mais uma mostra de que a personalidade não se deixou esconder pelo uniforme.

Mesmo com a timidez evidente, Alice Silvestre, de 28 anos, atendente em um café é enfática quanto à aparência “Minha rotina de beleza começa com hidratante facial, base e corretivo, tudo para ficar melhor para o cliente”.

No meio do movimento de uma lanchonete na rua 14 de Julho, quase esquina com aa Afonso Penas, às 15h, no inicio de uma semana, duas meninas correm “pra lá e pra cá” para dar conta dos pedidos, e é impossível não reparar nos cílios das atendentes, nas cores azul e lilás, que parecem dar alegria as duas trabalhadoras uniformizadas da cabeça aos pés.

A patroa, uma chinesa, de aparente temperamento difícil, parece não gostar dos adereços femininos ocidentais, tanto que não deixou as meninas serem fotografadas em horário de expediente. Que pena!

Elaine exibe nova tendência, unha “filha única. (Foto: Luciano Muta)
Elaine exibe nova tendência, unha “filha única. (Foto: Luciano Muta)
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