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Comportamento

No interior, boi é animal de estimação com direito a banho 2 vezes por semana

Ângela Kempfer e Aliny Mary Dias | 22/04/2014 06:28
Ricardo e Xaropinho no Centro de Figueirão. (Fotos: Cleber Gellio)
Ricardo e Xaropinho no Centro de Figueirão. (Fotos: Cleber Gellio)

A cadela Neguinha não tem metade dos paparicos que o boi Xaropinho recebe do dono. Os dois vivem com Ricardo Rosa, 22 anos, mas o grandão é o xodó. Toma dois banhos por semana com shampoo de coco e é escovado constantemente, já a Neguinha...”Ela não precisa de tanto banho assim”, justifica o dono.

Em Figueirão, a 226 quilômetros de Campo Grande, Ricardo não é o único a ter um boi como animal de estimação. “Somos um grupo de 11 amigos. Todo mundo cuida muito bem, o bichinho merece”, conta o capataz, que ganha a vida cuidando da chácara do irmão.

Na semana passada, encontramos a dupla no centro da cidade. Ele, com uma tesourinha pequena, aparando os pelos das orelhas de Xaropinho, como quem cuida da própria beleza, com o animal amarrado em uma árvore, sobre a calçada.

Depois de pronto, Ricardo montou no boi e saiu pelas ruas do Centro. Argumentos de defensores dos animais contra a exploração do bicho, para Ricardo parecem divagações sem nenhum sentido ali, onde a maioria vive rodeada de mato. Ele lembra que nunca soube lidar com os animais de uma maneira diferente. "Aqui todo mundo é sertanejão".

No interior, pelo menos em Figueirão, quando o dia é de folga a rapaziada senta no quintal ou na varanda, puxa um tereré e começa a falar dos bois e dos rodeios. “A gente fica curtindo uma música sertaneja e conversa muito sobre animal, sobre bois e vacas, sobre os bezerros mais bonitos”, diz Ricardo.

O dia mais esperado do ano é o aniversário do município, em setembro, quando todo mundo pode exibir os bois no desfile cívico. “Vamos à cavalgada montados nos bois. O povo gosta, principalmente, quem é de fora. Eles acham curioso, diferente”, explica.

Eles já se transformaram em atração em dias de festa em toda a região. “Na semana passada fomos comemorar o aniversário de Alcinópolis. Aqui todo mundo gosta dessas coisa”, conta.

Como o boi não tem a mesma energia do cavalo, a viagem demora bem mais. “A gente anda um pouco, para quando o bichinho que descansar, deita ele na sombra de uma árvore e depois segue. Ninguém quer que ele faça esforço demais”, comenta Ricardo.

Ele acha que Xaropinho vale atualmente R$ 4 mil, mas isso é o de menos, garante. “Não tenho a menor vontade de vender”, afirma, apesar de gastar cerca de R$ 100,00 por mês com ração e exames no veterinário.

Alguns donos lixam os chifres do bicho, passam verniz para ficar mais brilhoso, mas Ricardo não. Ele gosta de respeitar a natureza do animal. “Prefiro que fique bem como ele é.”

O jovem ganhou o animal ainda bezerrinho, há 2 anos e meio, e espera que o amigo o acompanhe por muito tempo. “Ele ainda é um gurizão. Tem amigo meu que já está com boi há mais de 20 anos. É só dar carinho”, ensina.

Depois, o passeio pela cidade em dia de folga.
Depois, o passeio pela cidade em dia de folga.
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