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Comportamento

Piloto de celebridades tem boas histórias e não vê graça em cliente político

Elverson Cardozo | 26/06/2013 06:13
O piloto José Rolim e o príncipe Harry. (Foto: Arquivo Pessoal)
O piloto José Rolim e o príncipe Harry. (Foto: Arquivo Pessoal)

Entre registros oficiais e não oficiais, o piloto José Eduardo Rolim, 54, coleciona mais de 13 mil horas de vôos. São 35 anos de experiência na aviação. Em Mato Grosso do Sul, o comandante, que hoje tem a própria empresa de taxi aéreo, com sede em Campo Grande, já transportou muitas “celebridades”.

Ele gosta do que faz e reconhece que a profissão traz algumas vantagens, mas comenta que, com o atual momento vivido no país, com tanta coisa errada por aí, não vê muita vantagem em transportar “personalidades”, especialmente as que nascem, “brotam” do meio político. De qualquer maneira, é um cliente.

Até hoje, seu passageiro mais ilustre, que gerou repercussão a nível nacional, foi o príncipe Harry, da Inglaterra, que o contratou para um vôo de Bonito para o Aeroporto Internacional de Campo Grande. A viagem como inglês durou pelo menos 50 minutos, mas não houve muita conversa. Harry dormiu na maior parte do vôo. Só quando desembarcou é que trocou algumas palavras com o piloto.

“Pedi para tirar um foto, daí ele chamou o segurança e aceitou. Ele é bem tranquilo”, Rolim aproveitou para entregar ao cliente um material com informações sobre o Estado. “Costumo carregar no avião alguns livros de passatempo para os passageiros. Tem algumas obras que falam de Mato Grosso do Sul. É uma forma da pessoa saber da história e levar uma recordação do Estado”, disse.

Na época, em março de 2012, o contato com o breve membro da realeza britânica rendeu bons frutos ao comandante, que viu a procura por fretamento aéreo, na empresa dele, aumentar em pelo menos 30%. Todo mundo queria voar com o piloto que transportou o príncipe.

Comandante coleciona mais de 13 mil horas de vôos. (Foto: Marcos Ermínio)
Comandante coleciona mais de 13 mil horas de vôos. (Foto: Marcos Ermínio)

Mas José Eduardo não transporta só sucessores ao trono da Inglaterra. Na lista de clientes estão políticos, alguns do Estado, cantores e até jogador de futebol. Na década de 80, ele foi o piloto da economista Zélia Maria Cardoso de Mello.

A ex-ministra da Fazenda passou dois dias no Pantanal. Rolim, a convite dela, também curtiu o descanso na propriedade onde a mulher estava hospedada. “Ela gostou muito. Dormiu lá, tomou caipirinha. Teve violada e churrasco. Todo o secretariado estava lá”, contou, ao comentar que, com alguns clientes, o contato vai além da formalidade profissional.

“Geralmente quando você transporta celebridade ou uma pessoa importante eles têm uma extrema relação com o piloto. Passa a ser a pessoa de confiança deles. A gente acaba sendo um guia aéreo. A pessoa se apega, pergunta se você não pode ficar no lugar com o avião”, afirmou.

Essa proximidade gera amigos e possibilita ao profissional vivenciar várias situações. José Rolim lembra até hoje do jeito espontâneo do ex-senador Lúdio Coelho. “Era aquele político caipira, engraçado, que falava “prela e prela, cuela e cuela”, disse, fazendo referência às expressões “para ele, para ela, com ele e com ela”. “Era bem caipira, do interior”.

Rolim já transportou várias personalidades do Brasil. (Foto: Marcos Ermínio)
Rolim já transportou várias personalidades do Brasil. (Foto: Marcos Ermínio)

O ex-senador Rachid Saldanha Derzi também foi cliente do comandante. Uma situação ficou na memória: “Ele já estava bem velho. Fomos a uma cidade do interior e ele perguntou ao assessor dele qual era o nome do prefeito que iria visitar, porque chegava nos lugares e não sabia. Quando os dois se encontraram, ao dele invés de falar o nome do prefeito, disse: ‘Como vai seu pai?’ Ele respondeu: ‘morreu’. Daí o senador disse: ‘morreu para você porque para mim ele estava vivo no meu coração’”.

O boliviano Marcelo Moreno, atacante do Flamengo, foi outro passageiro ilustre em um vôo de Corumbá para Campo Grande. “Ele tinha comprado um veículo na Bolívia e estava com o carro preso na alfândega”, contou. A caminho de uma exposição em Bela Vista, a dupla sertaneja Tião Carreiro e Pardinho também esteve com o piloto nas alturas. A companhia, pelo visto, foi agradável. “Eles gostam de falar cantando”, afirmou.

Em Mato Grosso do Sul, praticamente toda a classe política já viajou com Rolim. O “piloto das celebridades” vive carregando políticos, mas diz que, a essa altura do campeonato, já não vê muita vantagem, nem sente tanto orgulho de transportar esses “ilustres cidadãos”.

“Se eu falar que eu vou carregar a Dilma é capaz de alguém me matar e derrubar o avião, finalizou, ironizando. Além de piloto, José Eduardo Rolim é mais um brasileiro que marcou presença nas últimas manifestações em Campo Grande.

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