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Comportamento

Por que as pessoas continuam a mandar fotos sensuais pelo celular?

Ângela Kempfer e Naiane Mesquita | 29/05/2015 06:45
Foto usada para calendário sobre modelos esqueléticas, mas que também fala de superexposição.
Foto usada para calendário sobre modelos esqueléticas, mas que também fala de superexposição.

São tantos os casos que é impossível alguém desconhecer o risco de enviar fotos sensuais via Whatsapp, Facebook, ou qualquer outra rede. Mas qual a dificuldade de aprender com os erros dos outros ou com os nossos erros? Desta vez, o Lado B teve de pedir ajuda a um profissional, para tentar entender tantos casos de confiança em um sistema que já deu milhares de provas de que não é confiável.

Nesta semana, por exemplo, a "alta sociedade" de Campo Grande ficou de cabelo em pé com outra história do tipo. Casamento acabou em escândalo e divórcio, depois que uma esposa enviou imagens picantes ao seu personal trainer. A namorada dele viu as fotos no celular e tratou de distribuir o material sem dó.

Na verdade, essa é só uma das versões espalhadas pela internet. O fato é que as imagens estão rodando. Sempre tem um desocupado pronto para ferrar com a vida de alguém.

A protagonista de mais essa exposição na rede é uma mulher com corpão de provocar inveja. Talvez por isso ela tenha caído na cilada moderna. Não resistiu a tentação de registrar os dotes, tipo "padrão de beleza" e enviar ao affair. Nem desconfiou das facilidades da tecnologia e do poder de viralizar qualquer fofoca.

“A pessoa tem uma ilusão, como se não houvesse uma distância entre ela e os outros, parece que somos íntimos, próximos de todo mundo”, diz o terapeuta psicodramatista, Rômulo Said Monteiro,sobre a relação das pessoas com as redes sociais e a tecnologia.

Para ele, isso está ligado ao egocentrismo que a sociedade vive. “As atenções estão voltadas sobre mim, eu não percebo muito o outro, eu tenho uma satisfação com essa exposição pessoal, de poder ser vista por milhões de pessoas”, acredita.

Na opinião de Rômulo, “esse sentimento egocêntrico é causado muito pela competição enorme que se tem. Mas tem um perigo, como acontece com as fotos que mostram nudez e acabam viralizando”.

Ele faz uma comparação com o uso de drogas. “Nos anos 60,70, as drogas da moda eram o LSD, maconha. Drogas que causam uma visão mais ampliada para o homem, para outros universos. Atualmente, a droga da moda é a cocaína. Uma droga essencialmente egocêntrica. Quando a pessoa usa, ela se sente o centro do mundo, é poderosa”.

Outra tese sobre tamanha exposição, sem levar em conta os sérios riscos, é a carência afetiva que só aumenta em tempos de muita conversa à distância. “É um clamor de uma atenção maior, de um carinho maior”, diz.

Ou seja, uma tese é de as pessoas continuam errando muito mais por conta do ego, do que pela ignorância?

Mas é bom deixar claro que, em qualquer um dos casos, os maiores criminosos são as pessoas que divulgam fotos íntimas de terceiros sem autorização. Qualquer forma de exibição não autorizada pode ser caracterizada como ilegal.

Ainda não existe uma lei específica para quem apenas distribuir imagens do tipo na rede, mas se a divulgação começou depois do roubo ou invasão de um aparelho, o crime pode ser enquadrado na lei de Cibercrimes, conhecida como Carolina Dieckmann, em vigor desde 2012.

Mas já há vários casos de punição de homens por terem apenas publicado na internet fotografias de ex-namoradas, tiradas nos momentos de intimidade do casal. A condenação pode chegar a até 2 anos de detenção, por difamação e injúria tipificadas. Mas a pena normalmente é substituída por prestação de serviços comunitários e pagamento de indenização.

Errado, eu? -Nas ruas, difícil é encontrar alguém que admita ter cometido a mesma burrada, seja lá qual for, duas vezes "A gente erra, mas errar duas vez, acho que não", diz o auxiliar de encanador Roberto Machado, de 47 anos.

Mas quando aparece alguém que confesse a fraqueza, a justificativa é que os mesmos dilemas podem se apresentar de maneiras diferentes. "Aprender com os erros a gente aprende, agora voltar a cometê-los é outro assunto, porque são circunstâncias diferentes. Com o passar do tempo a gente muda, a forma como os erros se apresentam podem mudar também", diz o estudante André Lima Prado, 18 anos.

Será?

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