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Comportamento

Rapel no Inferninho mesmo na cadeira de rodas, graças a uma velha amizade

Ângela Kempfer | 24/01/2013 07:00
Nilson e Marcelo juntos em um dia sem limitações.
Nilson e Marcelo juntos em um dia sem limitações.

Aos 18 anos, Marcelo Santos recebeu a notícia de que nunca mais poderia andar. Depois de um acidente de moto há 8 anos na avenida Ceará, a vida poderia ter se transformado em algo cansativo, frustrante, mas a determinação de Marcelo não deixou. "Pensei: o mundo parou, mas agora tem de continuar”, comenta.

A foto dele, na cadeira de rodas, durante rapel no Inferninho, comprova isso. A vontade já existia há tempos, mas só se realizou graças ao apoio de um amigo de infância que é bombeiro.

Nilson Gonçalves sempre praticou o esporte com os amigos e um dia ouviu de Marcelo o desejo de experimentar. “Liguei para ele e deu tudo certo. Para mim, o cara é um exemplo de determinação”, conta o bombeiro.

Com auxilio de um colega, ele conseguiu adaptar a cadeirinha de segurança do rapel à cadeira de rodas. “Deu um trabalhão, mas ver a satisfação dele valeu bem mais”, garante.

Antes, a maior preocupação foi com a segurança. O rapel por si só é um esporte de risco, para Marcelo a situação exigiu ainda maior cuidado. “Como estávamos em dois bombeiros, com experiência, a fiscalização foi feita em quatro olhos, para evitar qualquer deslize”, ensina Nilson.

Primeiro houve um teste, em uma das árvores do local e também foi planejado o esquema para depois do rapel pela cachoeira trazer Marcelo novamente ao topo do Inferninho. Com a segurança confirmada e tudo combinado, a descida foi “perfeita”, diz Marcelo, com muita água no rosto.

“Ô loco! Foi uma sensação maravilhosa. Foi como se eu não estivesse naquela cadeira. Uma sensação de liberdade que há tempos eu não sentia”, resume o corajoso.

Desde o acidente tem sido assim, sem limites apesar dos pesares. Um ano depois de ficar paraplégico, ele já construía por conta própria o primeiro carro adaptado.

O veículo Caravan teve embreagem, acelerador e freio transferidos para as mãos. “Para que esperar se eu mesmo podia fazer”, lembra o rapaz que hoje tem uma empresa de eletrônicos.

Sobre as aventuras, ele e Nilson já combinaram uma próxima vez, porque a limitação é coisa de cabeça, ensina Marcelo.
“Um acidente como o que eu tive faz a gente virar outro tipo de ser humano. Obrigada a tomar outro caminho, que pode ser melhor. Aprendi a viver e observar tudo com outro tempo, de uma maneira diferente”, diz.

O grupo que acompanhou a aventura de Marcelo.
O grupo que acompanhou a aventura de Marcelo.
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