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Comportamento

11 de setembro, o dia em que ninguém esquece o que estava fazendo

Marta Ferreira | 11/09/2011 11:05
Torres em chamas: imagem que surpreendeu o mundo todo, mesmo a quem estava a milhares de quilômetros de distância. (Fotomontagem: Agência Reuters)
Torres em chamas: imagem que surpreendeu o mundo todo, mesmo a quem estava a milhares de quilômetros de distância. (Fotomontagem: Agência Reuters)

Era “só” mais uma manhã de terça-feira, de trabalho rotineiro, sem grandes fatos em Campo Grande. Mas no meio dela, tudo mudou. Sentada no meu cercadinho, ouvi o comentário do colega Eduardo Miranda, sobre um avião que havia batido em uma das torres gêmeas, tão conhecida dos filmes. Achamos que era um avião pequeno, uma barbeiragem. Seguimos o trabalho. Pouco tempo depois, o Eduardo grita: “Outro avião bateu nas torres!”. Coincidência demais, acordamos para a realidade, e a redação do Campo Grande News passou a receber telefonemas de gente querendo informação, admirada com aquilo e preocupada com seus parentes e amigos que viviam em Nova Iorque.

Fomos atrás, então, e esse dia ficou na memória como um dos mais trabalhosos para mim e para quem vive das notícias. Nos últimos dias, quando o mundo relembra a data histórica, em razão dos simbólicos dez anos, a cada vez que se toca no assunto, automaticamente alguém lembra o que estava fazendo naquele dia, como recebeu a notícia, o que pensou.

O jornalista Denilson Pinto decidiu perguntar isso em sua página no Facebook, e os relatos, boa parte deles de jornalistas, demonstram o quanto aquele dia foi significativo para todos, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Denilson à época trabalha no jornal Correio do Estado, e se lembra da edição especial lançada pelo jornal, a segunda desde que ele existia, e a terceira já feita até hoje. A primeira foi quando o filho do senador Lúdio Coelho, Ludinho, foi sequestrado e assassinado, na década de 1970. A outra foi no pentacampeonato brasileiro de futebol, em 2002.

“Lembro que foi um corre-corre na redação. No final da tarde, a edição se esgotou”, lembra outro jornalista, Adilson Trindade, até hoje no Correio do Estado.

O jornalista Denilson Pinto: edição extra de jornal e lembras rememoradas por amigos do Facebook. (Foto: Álbum pessoal)
O jornalista Denilson Pinto: edição extra de jornal e lembras rememoradas por amigos do Facebook. (Foto: Álbum pessoal)

Com suas décadas de experiência, Sérgio Cruz contou que estava na redação do jornal Primeira Hora, e a decisão foi de abordar o tema por meio de uma entrevista com um amigo do músico Zeca do Trombone, que vivia em Nova Iorque e viu tudo de perto.

“Assistir ao vivo o choque do avião à segunda torre. Pareceu-me uma ficção cinematográfica”, lembra-se.

Mesmo quem ainda não estava nas redações, vivenciou esse sentimento. Hoje jornalista, Helton Davis contou que estava no colégio, no 3º ano do ensino médio, e que, durante o intervalo das aulas, a primeira torre foi atingida. “Era, até então, um "acidente" no World Trade Center, porém, quando, ao vivo, assistimos o choque na segunda torre e divulgada a queda de outro avião do pentágono, o desenrolar da verdadeira história começou”.

Ex-superintendente do Procon em Campo Grande, o advogado Lairson Palermo lembrou que estava fazendo palestra em um hotel da cidade, durante evento para médicos veterinários, e tudo foi suspenso. “Foi uma perplexidade geral”.

A jornalista da TV Morena Lucimar Lescano estava em casa quando os ataques aconteceram, mas não deixou de viver o clima de apreensão. “Estava ajudando minha cunhada, que mora em Luxemburgo, a fazer as malas,e quando soubemos, ficamos preocupados porque ela estava para embarcar”.

Edição extra do Correio do Estado: a segunda até então. (Foto: Arquivo CE)
Edição extra do Correio do Estado: a segunda até então. (Foto: Arquivo CE)

Terceira guerra mundial? Dos relatos feitos por amigos no Facebook de Denilson Pinto, um dos que mais impressiona é o do jornalista e militar da Força Aérea Paulo Cruz.

Paulo, casado com a jornalista Scheila Canto, estava com ela, fazendo o ultrasson do primeiro filho, quando a torre foi atingida. Assistiu pela televisão, na clínica onde era feito o exame. Ele se lembra de ter falado com o comandante à época e ter recebido a orientação para ficar com “tudo pronto”, pois não se sabia o que estava acontecendo no mundo.

Major atualmente, o então tenente da Polícia Militar Franco Allan, relatou algo parecido ao Campo Grande News. Ele conta que estava na rua, em uma ocorrência de assalto a um comércio no bairro Dom Antônio Barbosa, quando, na televisão de um bar, viu a notícia.

A surpresa era de todos e a incredulidade também. “Um menino que estava vendo a televisão disse: tio, olha esse jogo. Foi quando o segundo o avião bateu na segunda torre”, relatou no Facebook o engenheiro Aroldo Abussafi Figueiró.

O jornalista do Campo Grande News Francisco Junior era um adolescente de 13 anos e conta que esse fato foi marcante. “Por eu decidi ser jornalista”. Ele fez um estudo sobre o assunto e, em meio às conversas sobre os ataques, se lembra de detalhes como o número de vítimas, de bombeiros, ou curiosidades e coincidências que cercam o tema.

A contadora Consuelo Bellini tem uma memória quase singela do dia. Assistia tudo com as filhas gêmeas, Leilanny e Larrisa, então com 4 anos. “Eu fiquei com muito medo, mas elas nem entenderam o que estava acontecendo”.

As meninas, então, carregavam uma inocência que, de certa forma, o mundo perdeu ao ver os poderosos Estados Unidos serem alvo de ataque tão violento, que nem a ficção pôde inventar.

Relembre no link a seguir as imagens:

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