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Consumo

Nenhuma dieta acaba com clientela de loja que há 28 anos vende roupa tamanho 80

Ângela Kempfer e Aline Araújo | 18/05/2015 06:12
Camisa de flanela, número 80.
Camisa de flanela, número 80.

Há quase 30 anos, quando ninguém falava em plus size, na Afonso Pena uma loja já vendia tamanhos generosos. Tinha até propaganda na TV e o nome deixava claro o público a ser atingido: "Gorjeans". São décadas de transformações culturais, que podem ser contadas em parte pela história de uma loja que há muito atende quem não está nos padrões.

Com o passar do tempo, como o politicamente correto já não cabia no letreiro, a casa de roupas especiais passou a se chamar "Homem Grande". O marketing também contou . “Os clientes não gostavam do nome, porque gordo quer emagrecer, não gosta de ser gordo”, conta o proprietário, de 67 anos, que pediu para não ter o nome divulgado.

E não foi só isso que mudou. As mulheres não são mais clientes. Hoje há nas prateleiras apenas peças masculinas e o jeans não é mais o carro-chefe.

A numeração continua de espantar, vai até o 80, mas com a onda fitness, a clientela para a faixa de medidas a partir do 74 também caiu bastante.

Já de cabelos brancos e usando suspensórios, produto ainda vendido na loja, o proprietário diz que as pessoas saíram da condição 80, mas em compensação, o número de gordinhos entre os números 56 e 60 aumentou consideravelmente.

Mas não há dieta ou modismo que acabe com as vendas da antiga Gordjeans. Só em camisas, são 300 por mês, com numeração do 6 ao 12 e valores entre R$ 150,00 e R$ 200,00.

Nenhuma dieta acaba com clientela de loja que há 28 anos vende roupa tamanho 80

Na verdade, são exatos 28 anos de funcionamento. O dono é alfaiate e antes tinha uma confecção pequena. Até que um dia, uma marca de Belo Horizonte trouxe a ideia da numeração especial, ele gostou e logo veio o sucesso. "Não tinha onde comprar esse tipo de roupa aqui em Campo Grande", lembra.

Mas foi só passar um tempo para a primeira decepção com o novo negócio. As roupas começaram a encolher depois da primeira lavagem. Os clientes reclamaram e a parceria com a marca foi desfeita.

Para continuar vendendo o mesmo tipo de produto, ele procurou outros fornecedores e também encarou a produção própria. "Tivemos de refazer toda a clientela de novo, procurar outros fornecedores, com qualidade, naquela época era muito mais difícil", lembra.

Hoje a Homem Grande trabalha com várias marcas diferentes. Também garante que não deixa nenhum gordinho na mão e se precisar de algo maior que 80, é só fazer a encomenda que a loja providencia a confecção.

Os preços são de 20% a 30% mais caros que os de tamanhos convencionais. Mesmo assim, o dono jura que tem muita gente do interior que vem comprar por aqui. "Temos clientes de Dourados, Ponta Porã, Corumbá, porque lá não acham modelos diferentes. Tudo é muito igual, não tem muita variedade".

Ele diz que um dos segredos é respeitar a individualidade. Cada corpo é de um jeito, uns exigem uma manga maior, mais larga, por exemplo, e assim as diferenças vão sendo respeitadas no corte e costura.

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