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Diversão

Barzinhos se fecham entre quatro paredes para continuar com o som na noite

Anny Malagolini | 16/08/2013 06:55
Bar na rua Antonio Maria Coelho também teve que se readaptar (foto: João Garrigó)
Bar na rua Antonio Maria Coelho também teve que se readaptar (foto: João Garrigó)

Ainda na saga sobre a música em bares de Campo Grande, o Lado B percorreu alguns locais para descobrir o que os empresários têm de fazer nesta cidade para garantir o som ao vivo.

Para evitar fechamento e cessar a reclamação dos vizinhos, muitos tiveram que entrar em reforma e as mesas espalhadas pelas calçadas, num ambiente meio “praiano”, aos poucos de despedem dos campo-grandenses.

Até bares que há anos já não estão localizados em áreas de maioria residencial, como a avenida Afonso Pena, tiveram de se readequar e acatar as exigências.

Há 14 anos em Campo Grande, o gaúcho Antônio Meneguini, de 40 anos, viu na Afonso Pena o local ideal para abrir um negócio: o bar “Bodega”. Segundo ele, o charme das mesas dispostas nas calçadas e aquela cara praiana, foram os maiores incentivos.

Mas depois de alguns anos, as regras ficaram mais rígidas e o barzinho foi se transformando em uma casa de shows. “Queríamos continuar como barzinho, é mais fácil para atrair o público. Perdemos o cliente de bar. Temos público de balada, não está fácil, é difícil contratar shows bons”.

Com despesas altas, o empresário conta que está pensando seriamente em fazer do ponto um restaurante, para evitar mais dores de cabeça. “A cena noturna em Campo Grande não acontece mais. Os outros abriram e estão fechando, todos perderam movimento. Se não derem um jeito de mudar a lei, vai acabar tudo”.

O bar vizinho, o “Miça”, também enfrenta a mesma dificuldade e teve uma história bem parecida. A casa também abriu em 2008, com o conceito do happy hour e música ao vivo, mas, desde o ano passado, o que era bar agora parece mais uma casa noturna. “Lutamos para não mudar a característica, mas foi inevitável para continuarmos na ativa”, explica o dono, José Carlos Roledo Júnior.

Para obedecer as exigências, depois de ação do Ministério Público, o empresário conta que foram gastos cerca de 130 mil reais em obras. E mesmo com a reforma, a dor de cabeça não parou.

Hoje, o Miça é aberto sextas e sábados com eventos esporádicos. E como a casa é alugada, os prejuízos financeiros já apareceram, sem uma renda diária, reclama o proprietário. José avisa que a vontade é fechar o espaço. “Com tanta burocracia e investimentos que não agregam retorno, quem é empresário sente na pele", explica.

Para ele, a fiscalização não é eficaz e há muitas denúncias equivocadas. Prova disso, segundo ele, foi um episódio envolvendo um vizinho, que ligou às 4 horas da manhã reclamando do som alto do bar, apesar de naquele dia o Miça não estar aberto. “Não quero chamar de perseguição, mas mesmo com tudo em dia, eles continuam no pé, parece que não querem acreditar”.

Há 16 anos, na rua Antônio Maria Coelho, o “Tábuas Bar” também foi autuado recentemente e teve que entrar em reforma no começo deste ano. O local, que era conhecido pelo happy hour com mesas espalhadas na calçada e a famosa “voz e violão”, agora está cercado de vidros. O informal cedeu espaço às readequações que tiveram que ser implantadas. O ambiente que era aberto, acabou revestido. 

Para se adequar, é preciso tempo e dinheiro. Não há lojas especializadas em acústica, só há representantes comerciais em Campo Grande, outra dificuldade. No caso do Tábua, demorou 30 dias para chegar todo o material que veio de São Paulo.

Com cara de restaurante, os clientes se espantaram com o novo formato de bar e a clientela questionou e reclamou, conta Beatricce Bruno. “A lei é tão preocupada em manter a paz que se esquece do entretenimento. A lei tem que ser mais real. Ninguém quer incomodar ninguém e não queremos trabalhar na informalidade”, garante.

Para ela, é urgente uma política de entretenimento e de cultura mais eficiente e amplamente debatida. “Campo Grande é limitada culturalmente, nem uma biblioteca decente a cidade tem”, aponta.

Sobre a necessidade de "vida noturna", Beatricce argumenta: “Campo Grande é passagem para quem vai ao Pantanal e a Bonito. A cidade é quente, e isso poderia ser uma visão positiva, leque para bares e empreendimentos”.

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