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Faz Bem!

Em dia de corrida "quando você chega no lugar já sente cheiro de cérebro frito"

Ângela Kempfer | 27/09/2015 13:05
Múcio ao lado da esposa.
Múcio ao lado da esposa.

Aos 43 anos, Múcio Marinho, definitivamente, é um cara apaixonado. Começou a correr no mês passado, por "ordens" da esposa Neiba Ota e a dita cuja, não feliz com o ok do marido, já o inscreveu em 4 corridas. Ele não faltou a qualquer dos compromissos como novo atleta, mas aproveita este domingo quente para desabafo aqui no Voz da Experiência que lava a alma de muita gente que corre por aí mas sem o tão propagado prazer da endorfina.

Estranhamente, após a terceira corrida as pessoas tendem a pensar que viramos atletas.

Eu digo: - Oi. Tudo bem?

E a resposta é simplesmente: - E as corridas? (Nem oi, nem tudo bem, nem nada)

Eu digo: - Não gosto. Eu corro forçado mesmo.

E dizem: - Naaaaaaada! Você está adorando. Dá para ver

Dá para ver o que, criatura? Minha cueca borrada em cada confirmação de inscrição que recebo?

Realmente eu não gosto de correr. Mas a verdade é que é muito interessante observar essa multidão de corredores. O ambiente de corrida também é curioso.

Quando você chega no lugar já sente o cheiro de cérebro frito.

Meia hora antes da corrida você percebe que centenas de pessoas já estão correndo. Um indo e vindo sem fim. Multidão alucinada e eu querendo só voltar para casa.

Suo só de olhar.

Freud iria se apaixonar pelas corridas. Primeiro porque ali só tem maluco. Depois, porque ele também curtia um talco colombiano. Ia correr os 10 km fazendo terapia com as velhinhas, falando e correndo como doido.

A prova de hoje teve uma presença ilustre. O bilionário Deusmar, dono da Rede Pague Menos. Figura presente atualmente na lista da revista Forbes.

Indivíduo simpático, fez pessoalmente a locução do evento.

No início da prova, o empresário fez algo que não tinha visto, até agora, em nenhuma corrida. Começou a rezar o Pai Nosso. Me identifiquei imediatamente. Quando chegou no “... e na hora de nossa morte...”, as lagrimas encheram os meus olhos. Mas nem deu tempo de enxugar e já iniciaram a contagem regressiva. No fim da contagem, tocam a bendita trombeta.

Para que tocar aquela $#%$$# da trombeta?

Depois do Pai Nosso, a trombeta da largada soa como a trombeta do apocalipse. Os participantes começam a gritar (gritar mesmo) e saem amontoados rumo a lugar nenhum. Um verdadeiro limbo de zumbis corredores.

O percurso de hoje foi diferente. Tinha que passar pela subida da Águas Guariroba. Subida muito íngreme. Como já tinha passado pelo Pai Nosso e pela trombeta, pensei em me ajoelhar e pedir para Deus me levar dali mesmo. Acho até que já estava ajoelhado. Rastejando, na verdade. E não era nem metade da prova.

Em determinado momento me recordei da última corrida, nos 40° do domingo passado, quando passei por um indivíduo tombado. Tive que ir lá para ver se não era eu. Achei que podia ter me desprendido do corpo e iria me ver ali, deitado no asfalto. Mas era outra pessoa.

Hoje ninguém caiu e Deus não me levou.

Também não foi dessa vez que eu senti prazer em correr. Mas me diverti no meio da multidão de malucos. Eles por opção, eu por pressão.

Para galera que não participou de nenhuma dessas atividades insanas, vale a pena. Pena no sentido literal. Depois do Pai Nosso e subida de joelhos, você já paga sua penitência.

Bora pro churrasco de domingo, que esse eu gosto de verdade.

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