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Sabor

Cozinha começou com 8 almoços até chegar a salão enorme e 50 kg de bife no ponto

Paula Maciulevicius | 02/12/2015 06:34
A fachada simpática, em cinza granilha, traz o nome do restaurante pela primeira vez. (Foto: Fernando Antunes)
A fachada simpática, em cinza granilha, traz o nome do restaurante pela primeira vez. (Foto: Fernando Antunes)

O bife é o mesmo, o arroz, feijão e o macarrão que o acompanham, também. Há 10 anos Iná viu na cozinha uma saída para pagar o compromisso de 1 ano de aluguel, de uma sorveteria que não vingou no Amambaí, em Campo Grande. Era também a forma de sustentar a família. Servindo para os "vanzeiros" da região, ela aproveitou a proximidade com uma cooperativa de motoristas de vans para aprontar oito almoços por dia. O movimento cresceu para 25, acabou indo parar na varanda da casa dela, de onde saiu há 5 meses para um salão enorme e próprio que continua servindo comida nas panelas.

A fachada simpática traz o nome do restaurante pela primeira vez. Iná nunca aceitou chamar "aquilo" de restaurante. O nome dela na verdade é Dulcelina, mas como o filho sempre a chamou de Iná, foi este o nome que ela quis dar à cozinha improvisada de casa, quando precisou formalizar o negócio. "Não ia por restaurante, todo mundo chamava de Iná, tia Iná, falei coloca: cozinha da Iná", conta Dulcelina Pereira Nantes, de 56 anos.

A história começou uma década atrás, quando Iná precisava pagar o aluguel da sorveteria que havia alugado, na mesma rua onde hoje ergueu o salão, Saldanha Marinho. "Saber cozinhar eu sempre soube, na minha época a gente tinha que saber e também a necessidade faz a pessoa", completa.

Desde quando era na casa, restaurante sempre serviu nas panelas. (Foto: Marcos Ermínio)
Desde quando era na casa, restaurante sempre serviu nas panelas. (Foto: Marcos Ermínio)
O que não pode faltar é o bife da Iná. Para isso são "passados" 50kg todo dia. (Foto: Marcos Ermínio)
O que não pode faltar é o bife da Iná. Para isso são "passados" 50kg todo dia. (Foto: Marcos Ermínio)

Foram seis meses em que ela cozinhava em casa e levava a comida pronta para a sorveteria. À noite, às vezes também fazia do local venda de espetinho e se não fosse o suficiente para pagar as contas do mês, ela lavava e passava roupa para fora.

Depois de atingir 25 refeições na sorveteria, ela trouxe os clientes, a maioria motoristas de vans que vão até hoje, para a varanda de casa. "Aí foi tomando conta da sala, do quarto e a gente, indo para trás", brinca a filha, Elyzama Nantes Gomes, de 28 anos.

Foram três anos morando junto do restaurante improvisado. A sala era onde ficavam as panelas do self-service e depois o terreno ao lado foi alugado e transformado num galpão. Era fresco em dias de calor, mas chovia dentro caso o mau tempo fizesse visita.

Mãe e filha passaram a trabalhar juntas desde 2007. Dona Iná sempre na cozinha e Elyzama no caixa e administrando. "Antes era uma funcionária apenas, prima da minha mãe, que servia as mesas, tirava os pratos e ainda cobrava. Ela andava com o dinheiro no avental", recorda Elyzama. "Era uma casa que foi ampliando e sendo toda adaptada, mas bem feia", brinca a filha.

O "antes".
O "antes".
Onde ficavam algumas mesas na casa.
Onde ficavam algumas mesas na casa.
E outras no galpão aberto ao lado.
E outras no galpão aberto ao lado.

Neste ano, depois que o dono da casa/restaurante pediu o imóvel, mãe e filha alugaram um terreno na mesma rua e começaram uma construção praticamente do zero. Só tinha um salão 8x8 que funciona de cozinha industrial. Foram três meses de obra da arquiteta, amiga e cliente diária, Camila Meira, para erguer os 120m² de estrutura.

"Lá era muito simples, os clientes chamavam de fazendinha, então esse ar rústico tinha que ser mantido", conta Camila. Elyzama completa dizendo, na brincadeira, que era rústico "porque custava pouco".

Por dentro, a ideia de deixar tijolinho à vista foi executada com tijolo ecológico, junto do cimento queimado no piso. O cinza foi a cor escolhida por chamar atenção e dar um contraste com os tijolos e que de quebra era neutra perto das cores preferidas de mãe e filha: vermelha e amarela.

Em julho desse ano elas inauguraram. Como tudo era novinho em folha, fecharam numa sexta a casa/restaurante e abriram no sábado no novo endereço. Só uns números adiante, mas na mesma rua. "De lá só vieram as panelas e o freezer", conta mãe e filha.

Iná e a filha Elyzama. (Foto: Fernando Antunes)
Iná e a filha Elyzama. (Foto: Fernando Antunes)

Sem financiamento algum, o investimento de R$ 300 mil é pago em parcelas. "Foi emocionante quando entrei aqui, você não acredita que isso um dia ia acontecer", diz Iná.

No cardápio, não pode faltar arroz, feijão, bife, macarrão e salada todos os dias, com novos pratos como arroz carreteiro às segundas, almôndegas às terças com escondidinho, depois yakisoba, frango e caldo de mocotó, terminando no pastel frito, dobradinha e feijoada aos sábados.

Os motoristas das vans ainda são clientes, desde a sorveteria. O segredo? Iná diz que é o tempero. "Bem caseiro, aqui só entra alho, sal e cebola, nada desses temperos prontos", enfatiza. Por dia, depois dos oito almoços no início, agora são passados 50 quilos de bife para mais de 300 almoços servidos in loco, fora as marmitas.

O sistema é self service e as comidas ficam todas na panela. "As pessoas já acostumaram e também para a gente é mais fácil de repor, porque todo mundo vem no mesmo horário, forma aquela fila", descreve Iná.

A Cozinha de Iná fica na Rua Saldanha Marinho, 143. Funciona de segunda a sexta, das 10h30 às 14h30, mas Iná avisa que enquanto tiver comida, serve os clientes, mesmo que já tenha passado do horário.

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A diferença do salão construído, com 120m². (Foto: Marcos Ermínio)
A diferença do salão construído, com 120m². (Foto: Marcos Ermínio)
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