ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 32º

Meio Ambiente

Catadores montam acampamento em frente ao aterro sanitário

Eles dizem não ter dinheiro para arcar com aluguel de onde moravam e desejam ganhar o terreno na região

Helton Verão | 28/12/2012 18:10
Com o nome de "Mundo Novo", catadores dizem representar um novo tempo para a classe a posse da terra (Foto: Rodrigo Pazinato)
Com o nome de "Mundo Novo", catadores dizem representar um novo tempo para a classe a posse da terra (Foto: Rodrigo Pazinato)
Os terrenos estão sendo divididos em 10 x 20 metros de extensão (Foto: Rodrigo Pazinato)
Os terrenos estão sendo divididos em 10 x 20 metros de extensão (Foto: Rodrigo Pazinato)

Um grupo de catadores invadiu a área em frente ao aterro sanitário no bairro Dom Antônio Barbosa e está motando acampamento. Formado por catadores que estão trabalhando na UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos) e pelos que ainda não estão na cooperativa, eles dizem que não se trata de um protesto, e sim de garantir a possibilidade da construção da casa própria. Os organizadores dizem que 300 famílias querem viver ali.

O “novo” bairro já tem nome, “Mundo Novo”. Os lotes estão sendo demarcados o tamanho de 10 metros por 20 metros. “Não temos como garantir a renda que tínhamos com o lixão, as famílias instaladas aqui todas tiveram de sair dos imóveis alugados onde residiam. Não queremos uma casa pronta e sim um terreno para construir nossa própria moradia”, conta o ex-catador Joel, de 30 anos.

Outro ex-trabalhador que aguarda sua autorização para trabalhar UTR, Paulo Matos de 30 anos, constata que este é o efeito da desativação do lixão, sem que a cooperativa pudesse atender a todos os trabalhadores. “Passamos o natal aqui montando nossas barracas, agora estão vendo o efeito causado com a desocupação do lixão”, conta.

Rodrigo diz que seu dinheiro acabou e em janeiro irá buscar também seu espaço em frente o aterro (Foto: Rodrigo Pazinato)
Rodrigo diz que seu dinheiro acabou e em janeiro irá buscar também seu espaço em frente o aterro (Foto: Rodrigo Pazinato)

O representante dos catadores, Rodrigo Leão, diz que a classe tomou a decisão por ter muita gente morando na rua sem condições de garantir o aluguel de onde moravam. “Mesmo os que trabalham na cooperativa estão arranjando seu espaço aqui, eles não estão conseguindo tirar mais que R$ 10 por dia lá, é muito pouco pelo o que conseguíamos antes. Para piorar a situação, a Solurb pagou um vale de R$ 200 para o natal e outro para o ano novo para cada um dos 130 trabalhadores lá na UTR, eles não terão esse dinheiro para reembolsar a empresa”, explica e avisa o representante.

Os catadores reclamam que a estrutura da cooperativa não é suficiente para bons resultados e lucros como tinham na época do lixão. “Antes eram 70 caminhões durante o dia, outros 70 para a noite. Agora é um a cada quatro horas é muito pouco”, lamenta Rodrigo.

O discurso dos trabalhadores já instalados na região é de expectativa pela nova gestão da prefeitura municipal que toma posse no dia 1º para que as terras sejam concedidas e divididas entre eles.

“Aproveitadores” – Além da classe dos catadores, outras pessoas aproveitaram para se instalar no mesmo espaço e não escondem a esperança de tentar garantir o mesmo direito reivindicado pelos primeiros.

“Fiquei sabendo do movimento deles para conseguir uma terra aqui e também vou me instalar aqui, quem sabe consigo um espaço pra minha família”, conta o amador de ferragens,
Alex Silva Tavares, de 21 anos.

Os catadores não vêem problemas na instalação dos agregados no local e até dizem receber de braços abertos famílias como a de Alex.

O lixão esteve em atividade há 28 anos na saída para Sidrolândia e “fechou as portas” no último dia 18, diante de muita revolta, confusão entre catadores e polícia. A construção do aterro sanitário (UTR) chegou a ser suspensa por irregularidades, mas foi liberada em seguida.

Esteve em processos que envolveram defensores do meio ambiente, Ministério Público Estadual, Federal e o Poder Judiciário. A usina faz a separação do lixo reciclado e está sendo administrada por uma usina de catadores.

Nos siga no Google Notícias