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Meio Ambiente

Coleta de óleo para reciclagem ainda se resume a ações isoladas

Liana Feitosa | 12/08/2014 17:43
Posto de arrecadação no Mercadão não tem identificação da finalidade do tonel. (Foto: Pedro Peralta)
Posto de arrecadação no Mercadão não tem identificação da finalidade do tonel. (Foto: Pedro Peralta)
Mais de 40 mil alunos já participaram de projeto que conscientiza sobre descarte adequado de óleo. (Foto: Divulgação)
Mais de 40 mil alunos já participaram de projeto que conscientiza sobre descarte adequado de óleo. (Foto: Divulgação)

Há quatro anos a empresária Nodila Colla luta pelo meio ambiente com apoio quase zero. Ela é proprietária da empresa Life Oil, que coleta de óleo de cozinha usado em vários pontos de Campo Grande e dá a destinação correta ao líquido. O óleo, além de causar entupimento de encanamentos e fossas, já que adere às paredes e reduz o diâmetro das tubulações, polui e contamina mananciais, lençóis freáticos e o solo. A atitude de Nodila é quase solitária já que, embora tenha sido lançado um programa municipal em 2010 prevendo a coleta e reciclagem do óleo produzido, a iniciativa não se tornou popular e as ações do tipo ainda são como a dela, isoladas.

De acordo com a empresária, a Capital teria condições de coletar 60 toneladas de óleo usado todos os meses, mas nem a metade é recolhida atualmente. A empresa dela já tem cerca de 300 pontos de coleta entre estabelecimentos comerciais e algumas casas. Todos recebem da Life Oil produtos de limpeza como incentivo pela doação. De 15 em 15 dias ou mensalmente, dependendo da necessidade do lugar, um funcionário vai até o ponto, recolhe o tambor cheio e deixa um vazio no lugar.

Gastos - Apesar de todo o esforço, o projeto não se sustenta sozinho, pois depende de muitas etapas para concluir sua tarefa de levar o óleo para uma usina que transforma o líquido usado em biodiesel. Mesmo com a venda do resíduo para a indústria, o ganho da negociação não é suficiente para quitar todos os gastos gerados em todo o processo. "Além de precisar com frequência de tambores novos, preciso pagar os funcionários que me ajudam buscando e levando os tambores, além de identificar e higienizar os tonéis", explica.

Quando o tambor cheio chega ao depósito da empresa, raramente apresenta as condições exigidas para que seja imediatamente repassado para a reciclagem. "Preciso peneirar, tirar resíduos sólidos e separar o óleo de porções de água, além de limpar e lavar o tambor. Por causa de todos esses gastos, acabo tirando dinheiro do meu bolso para sustentar esse projeto", conta.

Por amor à causa, Nodila 'não abandona o barco', mas não deixa de lamentar a falta de conscientização. "Todo mundo pode ajudar: a sociedade e o poder público. A população poderia dispor de pontos, em casa mesmo, e separar o óleo já utilizado após o uso", propõe. "Já o poder público podia ajudar na estrutura de recolhimento como, por exemplo, oferecer um barracão para ser usado como depósito de reservatórios, custear novos tambores e disponibilizar pontos de coleta pela cidade", amplia.

Sem resultados - De iniciativa do Poder Público, foi lançado em Campo Grande, em 2010, o Recol (Programa de Coleta e Reciclagem de Óleos Residuais de Cozinha), que prometia pagar 30 centavos por litro de óleo recolhido nos pontos implantados. De lá para cá, os postos continuam os mesmos dois do início do projeto, no Mercado Municipal e na Feira Central. Embora tenha sido procurada, a Prefeitura não informou quanto de óleo é recolhido e a destinação.

No Mercadão, não existe nenhuma identificação indicando onde fica o tambor. Para quem não sabe que ali funciona um posto de coleta, o reservatório nem é percebido. Segundo a promotora de vendas Vera Lúcia, que todos os dias está no local, há mais de um mês não existe nada que indique a finalidade do tonel. "Já arrancaram a placa umas 10 vezes. Arrancam durante a noite, quando não tem segurança trabalhando", explica.

Apesar disso, lojistas do local garantem que a população sabe da existência do ponto de recolhimento. Inclusive, eles mesmos podem fazer uso do recurso, depositando ali óleo usado em seus estabelecimentos.

Na Feira Central não existe um ponto físico, mas o descarte também pode ser feito. Basta que o cidadão armazene em garrafa PET o óleo usado e leve até à feira. No local, funcionários e membros do grupo de apoio estão orientados para receber essas garrafas e armazenar na área de serviços da feira.

Iniciativa privada - A Águas Guariroba, concessionária responsável pelos serviços de água, além de coleta e tratamento de esgoto em Campo Grande, também desenvolveu um projeto na área. Em sala de aula, uma equipe da empresa distribui material educativo e explica a importância do descarte adequado do líquido.

Em seguida, os estudantes são convidados a participar de uma gincana que premia a turma que recolher a maior quantidade de óleo de cozinha usado. Os vencedores ganham um passeio na ETA (Estação de Tratamento de Água) Guariroba.

Segundo a concessionária, o projeto “De Olho no Óleo”, que é realizado em escolas da Capital, já envolveu mais de 40 mil alunos desde que surgiu, em 2011, e motivou a coleta de mais de 8 mil litros do resíduo.

Para doar óleo utilizado à empresa Life Oil, basta entrar em contato com a empresa via e-mail: oil_lifeoil_ms@hotmail.com ou pelos telefones: 3222-3850 e 9244-9165.

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