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Economia

Cultivo em área de pastagem reduz emissão de gases em 120%

Caroline Maldonado | 24/01/2015 09:42
Segundo a pesquisadora, Micheli Tomazi, raízes das plantas permanecem no solo e acumulam carbono, o que compensa as emissões de gases ocorridas quando o gado estava na área  (Foto: Caroline Maldonado)
Segundo a pesquisadora, Micheli Tomazi, raízes das plantas permanecem no solo e acumulam carbono, o que compensa as emissões de gases ocorridas quando o gado estava na área (Foto: Caroline Maldonado)

Além de aumentar a produção, a integração entre lavoura e pecuária é um sistema aliado no combate ao aquecimento global. Estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) revela que uma fazenda com pasto degradado emiti até 343 quilos de metano por hectare. Enquanto na área com integração, não só é reduzida a emissão, como são retirados da atmosfera até 73 quilos de carbono por hectare, o que representa uma diferença de 120% na emissão de gases.

Após dois anos de cultivo de soja e milho, as raízes das plantas permanecem no solo e acumulam carbono. Isso, segundo a pesquisadora responsável pela pesquisa, Michele Tomazi, compensa as emissões de gases ocorridas quando o gado estava na área e melhoram a qualidade do solo que, novamente, será ocupado pelo rebanho.

O produtor pode ainda integrar a floresta de eucalipto, em que as árvores tiram ainda mais carbono da atmosfera. “É um sistema em que dá para contrabalancear toda a emissão de gases do gado. O corte do eucalipto é a partir de cinco anos de cultivo. São feitas faixas de florestas, por exemplo quatro linhas de árvore em um hectare”, detalha Michele. De acordo com o pesquisador Ademir Zimmer, com a plantação de floresta é possível retirar da atmosfera até duas toneladas de gás carbônico por ano.

Embora sejam comprovados os benefícios da integração entre as cadeias produtivas, muitos produtores ainda não aderiram ao sistema e área de soja com integração em Mato Grosso do Sul não passa de 15% do total de 2,3 milhões de hectares plantados, segundo o pesquisador da Embrapa, Júlio Salton.

Quando se fala em floresta a resistência é maior ainda, pois o tempo de cultivo é maior e os produtores têm receio de se arriscar em uma nova atividade, sem falar das condições de mercado, que devem ser bem estudadas. As áreas com maior concentração de uso do que os produtores chamam de ILP (Integração Lavoura Pecuária) são na região de Dourados e Maracaju, segundo Michele. Já o misto de gado com floresta ocorre mais em Naviraí, Ponta Porã e Três Lagoas.

Conforme a pesquisadora, não existe uma receita, cada produtor decide se quer mais lavoura, então faz o pasto com fim apenas de rotacionar, para quebrar ciclo de doenças. “Mas como em Mato Grosso do Sul se produz muito bem a lavoura, o pessoal prefere dois anos lavoura e dois anos pecuária ou somente lavoura. Não usam muito a floresta. Por exemplo, na região de Três Lagoas é interessante, porque se tem onde vender a madeira, tem essa questão de mercado também”, explica Michele.

Pesquisadora mostra equipamento utilizado para descobrir quantidade de emissão de gases no pasto (Foto: Caroline Maldonado)
Pesquisadora mostra equipamento utilizado para descobrir quantidade de emissão de gases no pasto (Foto: Caroline Maldonado)

Mais vantagens – A compensação de emissão de gases é apenas um dos aspectos benéficos da ILP, que faz com que a soja e o milho resistam por mais tempo a períodos de estiagem. Além disso, uma pastagem degradada produz menos de uma cabeça de gado por hectare e quando a pastagem é boa, tem mais de uma cabeça de gado por hectare, conforme revelam as pesquisas.

Já em área de integração, se pode ter duas cabeças por hectare. E se a pastagem estiver com boa qualidade se pode chegar a até oito cabeças por hectare, na época de chuva e de três a quatro, na época de seca. Dobrando a produção, explica Michele, o pecuarista vai conseguir usar metade da fazenda, produzir a mesma quantidade de gado e emitir menos metano por quilo de carne produzida, porque tem emissão de gases do solo e pela ruminação animal. “É a melhor solução encontrada hoje”, comenta a pesquisadora.

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